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Ainda que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado hoje tenha apontado para uma queda de 1,13% na variação mensal em agosto – interrompendo dois meses de alta -, os analistas mantém a visão de uma atividade doméstica crescente no segundo semestre de 2022, embora mais moderada do que a observada na primeira metade do ano.
Para Eduardo Vilarim, economista do Banco Original, o resultado acima do esperado do setor de serviços em agosto não foi suficiente para carregar o IBC-Br no mês. “O número reflete as atividades mais fracas tanto da indústria quanto do varejo no período, que sentem os efeitos iniciais da política monetária mais restritiva sobre suas atividades”, explica o economista.
Segundo Vilarim, também não está sendo esperado um avanço significativo em setembro. “Os resultados preliminares de -0,1% da indústria, 0,3% do setor de serviços e 0,2% do varejo ampliado apontam para um IBC-Br de -0,2% em setembro”, previu.
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No entanto, ele pondera que desempenho não muda a perspectiva de um PIB positivo no terceiro trimestre do ano, “para o qual esperamos expansão de 0,5%”.
O economista Fabio Louzada, fundador e CEO da escola Eu me Banco, lembra que a queda de agosto é a maior desde março do ano passado e que a desaceleração pode ser consequência do efeito das altas de juros no Brasil. “Por mais que tenhamos o controle da inflação, temos a diminuição do consumo e uma tendência de as pessoas esperarem os juros caírem para voltarem a financiar imóveis ou contrair empréstimos, por exemplo”, analisa.
Para o JP Morgan, apesar da decepção de hoje, a atividade econômica mostra crescimento de quase 4,9% ante o mesmo mês do ano passado e acelerando em relação aos dados do segundo trimestre deste ano. “E o IBC-Br permanece bem acima do nível pré-pandemia”, diz relatório do banco.
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PIB de 2022 perto de 3%
Para Rafaela Vitória, economista chefe do Banco Inter, o carrego estatístico do terceiro trimestre ainda está em 1,3%, o que representaria um crescimento maior que o verificado no 2° trimestre, que foi de 0,7% pelo índice do BC.
Segundo escreveu em sua conta no Twitter, o PIB em 2022 está mais próximo de um crescimento de 3%. A revisão do cenário pelo banco deve ser divulgada em breve.
A XP destacou que a leitura do IBC-Br de julho foi revisada para cima na comparação mensal, de 1,2% anteriormente, para 1,7%, e o efeito de arraste estatístico para o crescimento do indicador recuou um pouco.
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Na estimativa preliminar da XP, o IBC-Br ficou praticamente estável em setembro (-0,2% na comparação mensal e +3,4% na anual). Caso esse projeção se confirme, o indicador do BC mostrará uma expansão de 1,0% no terceiro trimestre ante o trimestre anterior e de 4,1% na comparação com o terceiro trimestre de 20221.
“Reiteramos a necessidade de cautela adicional na avaliação desse tipo de resultado, principalmente na comparação com a dinâmica do PIB. Em nossa opinião, é sempre preferível comparar as variações ano contra ano do IBC-Br trimestral e do PIB global”, alerta.
O XP Tracker para o crescimento do PIB do 3º trimestre é de + 0,6% na comparação entre o 2° e o 3° trimestres, e de +3,6% na comparação com o 3° tri do ano passado. “Reforçamos a expectativa de que o PIB brasileiro cresça 2,8% em 2022 e 1,0%, em 2023”, prevê a XP.
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Serviços em recuperação
O Goldman Sachs destaca em relatório que, em agosto, a atividade real estava 2,4% acima do nível pré-covid, mas ainda 3,2% abaixo do pico do ciclo de dezembro de 2013. O banco de investimentos espera que alguns dos setores de serviços ainda sofrem impactos da pandemia -em particular serviços para famílias – se recuperem ainda mais nos próximos meses.
A expectativa otimista está apoiada pelos estímulos fiscais, como a redução de impostos e transferências fiscais federais adicionais para famílias de baixa renda com alta propensão a consumir, além do mercado de trabalho mais firme e da inflação recuando.
“A sólida expansão dos setores de serviços intensivos em mão de obra contribuiu para um aumento mais rápido do que o esperado do emprego e para o aperto do mercado de trabalho. No entanto, os retornos marginais decrescentes da dinâmica de reabertura econômica, condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, altos níveis de endividamento das famílias e a incipiente reviravolta no ciclo de crédito devem gerar ventos contrários à atividade de serviços no final de 2022 e no primeiro semestre de 2023”, prevê o Goldman Sachs.