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O anúncio nesta sexta-feira da quarta retração mensal consecutiva do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), com recuo de 0,55% em novembro ante outubro (mais forte que o consenso de mercado, de -0,2%), mostra o efeito da política monetária contracionista sobre a economia e aponta para desaceleração ainda mais acentuada em 2023, afirmam analistas.
O BTG Pactual destacou que foram observadas leituras mais fracas em todos os setores, com resultado mensal no patamar negativo para a Indústria e o Varejo, enquanto o setor de Serviços registrou estabilidade.
“O sentimento mais negativo disseminado setorialmente decorre do aperto das condições financeiras e, consequentemente, do encarecimento do crédito”, comentou o banco. Além disso, O BTG afirma que o esgotamento dos efeitos da reabertura da economia contribuem para a perda de ímpeto no setor de Serviços, que apresentou a segunda leitura consecutiva mais branda após cinco altas mensais.
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O banco prevê que a desaceleração da atividade econômica nos últimos meses de 2022 transmitem para 2023 um sentimento de um crescimento mais fraco. “O principal detrator para o crescimento deve ser o patamar contracionista da taxa Selic, com a taxa de juros real próxima de 8,0%. Adicionalmente, a desaceleração da economia global e as incertezas sobre o arcabouço fiscal devem contribuir para uma maior cautela no ambiente doméstico”, listou..
O BTG comenta também que o reajuste real do salário-mínimo e o aumento da massa salarial real das famílias como vetor para o consumo das famílias e maior aquisição de bens essenciais, como alimentos e produtos farmacêuticos, e de alguns componentes do setor de Serviços.
É feito um alerta de que um possível anúncio de novos programas para incentivar o consumo da população de baixa renda, o “Desenrola Brasil” pode beneficiar a demanda no curto prazo, mas que, no médio prazo, o programa pode levar ao novo endividamento e alavancagem das famílias.
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A previsão do BTG para o quarto trimestre é que o IBC-Br deve recuar -1,1% no quarto trimestre ante o terceiro, caso o índice apresente estabilidade nas próximas divulgações. Para 2023, a projeção é de recuo de -0,1%.
Rodolfo Margato, economista da XP, também acredita que o efeito de carrego estatístico para o desempenho do IBC-Br no 4º trimestre – assumindo taxa de variação nula em dezembro – deve levar a uma retração de 1,1% ante o 3º trimestre, com ajuste sazonal. No entanto, o índice terá expansão de 2,3% em relação ao 4º trimestre de 2021.
Com os dados de hoje, a XP prevê estabilidade do PIB entre o 3º e o 4º trimestres de 2022 (0%), com ajuste sazonal. “Nosso ferramental de mais alta frequência (Tracker XP), entretanto, indica ligeiro recuo de 0,2% no período. Portanto, atribuímos um ligeiro viés de baixa às previsões para o PIB do 4º trimestre (0%) e de 2022 (expectativa atual de 3,0%, mas possibilidade crescente de 2,9%).”
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Rafaela Vitória, economista chefe do Banco Inter, por sua vez, calculou em -1% o carrego para o quarto trimestre do ano passado. “Política monetária em patamar bastante restritivo mostra seu efeito”, escreveu em sua conta no Twitter.
Segundo o Goldman Sachs, o indicador de hoje aponta para uma atividade real fraca ao longo do primeiro semestre de 2023 “devido a uma série de ventos contrários ao crescimento doméstico e externo.”
O banco de investimentos declarou que, além da queda de 0,55% em novembro, o Banco Central revisou para baixo os valores de agosto, setembro e outubro. A projeção de “carry over” para o quarto trimestre de 2022 também é de -1,1% no trimestre. Para o ano de 2022, permanece em 3,0%.