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O Ibovespa fechou em queda de 0,84% nesta sexta-feira (13), aos 110.916 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira teve sua segunda baixa consecutiva, dando continuidade ao recuo da véspera, com os problemas contábeis na Americanas (AMER3) ainda no radar. Na semana, porém, o benchmark conseguiu fechar em alta de 1,79%.
Companhias ligadas ao consumo e instituições financeiras foram destaques entre as quedas. As ações ordinárias da BRF (BRFS3) recuaram 6,54%, as da CVC (CVCB3), 4,60%, e as preferenciais da Alpargatas (ALPA4), 6,13%.
A Americanas, porém, foi destaque entre as altas, com suas ações ordinárias subindo 15,81%, se recuperando parcialmente do forte recuo da véspera.
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“Temos o Ibovespa recuando ainda como consequência do que aconteceu com Americanas, que é um agravante para toda a economia. Temos dois setores muito importantes na Bolsa brasileira. O IFNC, índice financeiro, que reúne os maiores bancos, e o ICON, ou Índice de Consumo. Os dois, juntos, respondem por quase 50% do índice, e a confiança em ambos está um pouco abalada”, diz Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.
Os especialistas, no entanto, defendem que não há, necessariamente, uma aversão ao risco no Brasil
“Temos queda da curva de juros e queda do dólar, o que não é normal em dias de total aversão”, pontua Spiess. “Juros caem respondendo ao bom presságio que vai se formando desde a posse de Geraldo Alckmin no Ministério de Desenvolvimento, seguido da posse de Simone Tebet no ministério de Orçamento. Não só isso, mas os eixos mais moderados da equipe de Fernando Haddad, da Fazenda, também estão com uma presença ativa no governo”.
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Há ainda comentários de que as medidas anunciadas na véspera em relação ao pacote fiscal surpreenderam de forma positiva – ainda que focando no aumento da receita por parte da União.
“Haddad vai buscar aumentar receitas, reduzindo a desoneração de impostos, voltando com ações mais contundentes nas negociações de débitos pendentes. Esperávamos algumas sinalizações de reduções de despesas, mas há, de qualquer forma, uma melhor sinalização fiscal”, comenta Acilio Marinello, especialista da Trevisan Escola de Negócios.
A curva de juros brasileira caiu em bloco. Os DIs para 2024 perderam oito pontos-base, a 13,44%, e os para 2025, 8,5 pontos, a 12,42%. Os DIs para 2027 e 2029 recuaram, respectivamente, três e cinco pontos, a 12,22% e 12,31%. Os contratos para 2031 fecharam a 12,36%, com menos quatro pontos.
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A divulgação de que o IBC-Br, considerado uma “prévia do produto interno bruto (PIB) brasileiro”, veio aquém do esperado em novembro, com queda de 0,55% ante projeção de baixa de 0,20% do consenso, também tirou pressão da curva, mostrando que a política monetária restritiva vem trazendo efeitos.
“Hoje temos a continuidade do humor negativo de ontem sobre os ativos de risco. Após seis dias de alta, ontem foi o dia fatídico para o Ibovespa por conta da queda das Americanas, com o temor pelas se espalhando para outros setores”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus.
O dólar caiu subiu 0,12% frente ao real, a R$ 5,106 na compra e na venda, mas acumulou baixa de 2,46% na semana.
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Lá fora, a moeda americana recuou um pouco, com a aversão ao risco diminuindo em meio a dados que sinalizam o enfraquecimento da economia americana. O DXY, índice que mede a força da divisa frente outras de países também desenvolvidos, caiu 0,10%, a 102,18 pontos.
O Ibovespa foi na contramão do registrado em Nova York, onde Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram, respectivamente, 0,33%, 0,4% e 0,71%. Por lá, os índices surfam ainda a divulgação do índice de preços ao consumidor (PCI, na sigla em inglês) de dezembro.