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SÃO PAULO — O CDS do Brasil, um indicador internacional de risco de calote, se distanciou ainda mais da média das nações com a mesma nota que o país nas agências de classificação de risco (BB-). Agora, o índice brasileiro está no mesmo nível que a média das economias classificadas como BBB-, dois degraus acima do nosso e que define os bons pagadores.
Entre os fatores que justificam o movimento está a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, na visão de David Cohen, sócio-gestor da Paineiras Investimentos. Para ele, um upgrade do rating do Brasil ainda não é iminente, e deve ficar apenas para o próximo ano ou ainda mais para frente, mas uma sinalização otimista por parte das agências de risco, como uma mudança de outlook para positivo, pode acontecer em breve.
“O descolamento do nosso CDS em relação à média dos países com o mesmo rating que o nosso faz sentido. Nossos indicadores externos são muito saudáveis em comparação a outros países do mundo. E o CDS reflete o grau de risco de um país dar calote na dívida externa. Este fantasma já afastamos faz tempo. Temos reservas internacionais robustas e um custo da dívida (juro) menor”, analisou o gestor.
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“Muita coisa mudou desde que o país perdeu o grau de investimento [selo de bom pagador concedido pelas agências de risco], em 2015 e 2016. A Selic está bem menor, deve chegar aos 5% ao ano em 2019, e os juros vão permanecer estruturalmente baixos por um longo período. A inflação também está baixa e sob controle. Foi aprovada uma reforma da Previdência robusta e a agenda do governo é ativa e promissora — tem a liberação do FGTS e do PIS/Pasep, reforma tributária etc, tudo isso ajuda”, diz.
O CDS do Brasil alcançou os 129 pontos ontem, mesma média dos países classificados como BBB- pelas agências de risco. Na escala do indicador, quanto mais perto de zero, menor é o risco de calote internacional do país. Veja o comparativo no gráfico abaixo, compartilhado por Cohen no Twitter.
No ano passado, com a tensão política durante a campanha eleitoral pela Presidência, o CDS brasileiro chegou perto dos 600 pontos. Na eleição de 2002, o risco do Brasil chegou a encostar nos 4 mil pontos com as incertezas em relação ao governo Lula.
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Mas os especialistas ressaltam que o contexto na economia brasileira era bem diferente. As contas externas estavam muito ruins e o país era endividado em dólar — tinha um passivo de US$ 164 bilhões e apenas US$ 37 bilhões em reservas internacionais. Agora, além de ter reservas de US$ 388 bilhões, é credor líquido em moeda estrangeira.
O crescimento fraco da economia brasileira pode ter um fator de risco para um possível upgrade do rating brasileiro. Os analistas, no entanto, estão otimistas. “O Paulo Guedes está conseguindo concretizar, agora, aquilo que a gente vinha falando. Estão avançando as reformas, que são fundamentais. A reforma tributária é essencial para as empresas poderem ‘respirar’ e crescer, ajudando consequentemente a economia. As coisas estão mais claras, então é natural a queda do CDS. Os investidores se sentem confortáveis porque não vão ter uma surpresa negativa. Temos previsibilidade”, diz Gustavo Almeida, analista da corretora Rico.
Ratings
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Os ratings são notas de crédito concedidas por agências de classificação de risco. Essas notas indicam o grau de confiança de que aquela empresa ou governo irá honrar suas dívidas. Elas são divididas em dois grupos: grau especulativo, quando há maior chance de calote, e grau de investimento, quando a probabilidade de calote é menor.
Existem três grandes agências de classificação de risco que são globalmente reconhecidas — e cujos ratings são referência para os investidores. São elas: Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s. O Brasil é avaliado como BB- pela S&P e pela Fitch, são dois degraus abaixo do grau de investimento na escala dessas agências. Na Moody’s, a nota brasileira é Ba2, também dois degraus abaixo do grau de investimento.
O Brasil conquistou o selo de bom pagador da S&P e da Fitch em 2008, e o manteve até 2015. Já o grau de investimento da Moody’s veio em 2009, e foi retirado pela agência em 2016, diante da deterioração da economia.
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