SÃO PAULO – Mesmo sendo as mais impactadas pela crise com o aumento do desemprego e a perda de renda, as classes de menor poder aquisitivo devem seguir demandando novas moradias, diante do déficit habitacional que o país ainda enfrenta, estimado por especialistas em aproximadamente oito milhões de casas.
Ao menos é essa a expectativa das gestoras de recursos Ibiuna Investimentos e RPS Capital, que têm preferido manter no portfólio as ações das incorporadoras com um foco maior no programa social “Minha Casa, Minha Vida”.
Entre as construtoras voltadas para média e alta renda, em que os compradores geralmente já têm um imóvel, a pandemia tende a derrubar de forma mais drástica as vendas, preveem os especialistas.
Em live promovida nesta quarta-feira (17) pela XP Investimentos. Marcelo Mizrahi, analista de ações da Ibiuna Investimentos, citou Tenda e Direcional como duas posições importantes no portfólio. “Fazemos um trabalho denso de pesquisa, que nos dá um conforto bem relevante nas duas empresas”, disse.
Mizrahi apontou a incorporadora Cury como a empresa que, em sua avaliação, tem a operação mais redonda entre aquelas com o foco no programa do governo. O analista da Ibiuna acredita que, quando a janela de IPOs reabrir, a Cury será uma das prováveis empresas a se listar na Bolsa. “A empresa deve vir a mercado porque tem a percepção que tem espaço para crescer, em um mercado com muito potencial.”
Já nas incorporadoras de média e alta renda, como Cyrela, Eztec e Even, a Ibiúna não tem alocação. “O mercado já precificou uma recuperação forte em 2021”, disse Mizrahi, que se mostrou bastante cético com o otimismo de uma possível volta em “V” da economia, defendida por parte do mercado. “Vejo um excesso de otimismo com a recuperação.”
Também presente na live, Piero Trotta, analista de ações da RPS Capital, reforçou a visão mais positiva para a baixa renda dentro do setor imobiliário. “Olhando para frente, tenho bem mais confiança no crescimento de lançamentos e vendas das empresas do ‘Minha Casa Minha Vida’”, afirmou.
Segundo o especialista da RPS, mesmo projetando um cenário conservador, de aumento de provisões e redução da margem bruta, há potencial relevante para ações como da Tenda.
“Quando fazemos [o mesmo exercício] com a Cyrela, já não vemos tanta gordura para ter a posição”, afirmou Trotta, acrescentando que, além da Tenda, a preferência dentro do setor na RPS Capital está em Direcional e MRV.
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