Por que a fabricante de máquinas Romi deve sair fortalecida da crise

Linha de produtos renovada e um novo serviço de locação de máquinas, aliados ao cenário macroeconômico do pais, fazem a empresa ter boas perspectivas

João Paulo Reis

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Depois de um período de incertezas por conta dos sérios impactos econômicos da pandemia, volto a analisar esses efeitos nas empresas que costumam estar presentes neste espaço.

Destaco a Indústrias Romi, que completou 90 anos em junho e, ao longo das décadas, já atravessou e superou muitas crises.

Para aqueles que acompanham as publicações deste blog, a Romi é uma empresa que analisamos desde 2016.

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E seguimos, pari passu, sua melhora operacional desde a “depressão” de 2015, que atingiu profundamente seus negócios e toda a cadeia ligada aos investimentos do país.

Para relembrar, em 2015 e 2016, a empresa fez um downsizing profundo no seu corpo de colaboradores, além de diversas melhorias nas linhas de produção e processos internos.

Ao mesmo tempo, manteve os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, o que permitiu que ela saísse da crise com uma linha de produtos renovada, garantindo, assim, uma retomada consistente da sua rentabilidade.

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Falando da atual crise, extremamente severa pelo ineditismo da implantação de um isolamento geral, impactando tanto a oferta quanto a demanda, percebemos uma postura cautelosa da empresa, mas muito ciente das medidas necessárias a serem tomadas.

A vantagem de ser uma empresa internacionalizada permitiu com que a Romi pudesse tomar medidas antecipadas. Por ter unidades na Europa e Ásia, percebeu logo a complexidade da pandemia, e rapidamente agiu para ajustar sua produção, reduzindo os estoques e gerando caixa.

Para quem conhece a empresa, normalmente no primeiro semestre ela consome caixa, aumentando seus estoques para a produção de máquinas que são vendidas nas feiras que ocorrem no segundo trimestre.

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Mostrando ser uma empresa antenada ao seu tempo, a Romi apresentou neste período de exceção uma excelente solução para aumentar sua produção: um serviço de locação de máquinas, que vem repercutindo muito bem junto aos seus clientes.

Com a entrega da primeira leva de máquinas já programada, o serviço é mais uma opção aos clientes, que até então tinham duas opções: comprar ou não comprar uma máquina.

A Romi, por ser a fabricante da máquina, conta também com mais uma vantagem: participa de todo o processo de produção e negociação, sem dividir margens com mais ninguém.

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Para se ter uma ideia das vantagens do serviço, além de ter um controle do uso da máquina por meio remoto, após um ou dois anos de locação a empresa pode vendê-la como seminova, o que gera benefícios tributários importantes.

Se a locação de máquinas é boa para a Romi, é extraordinária para a indústria de um modo geral.

Essa nova opção permite que projetos que atendam demandas pontuais das empresas saiam do papel, além de permitir a renovação de seus parques industriais antigos.

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Isso aumenta a fidelidade dos clientes, além de ser uma barreira competitiva em relação aos concorrentes estrangeiros.

Em função das taxas de juros baixas, a Romi também tem percebido uma movimentação de seus clientes para a aquisição de equipamentos sem a necessidade de captar financiamentos.

Foi verificado também que muitos empresários estão sacando suas aplicações em renda fixa e investindo na produtividade das suas empresas, projetos esses que não faziam sentido com os juros elevados.

Passado, assim, o pior da tempestade, a boa notícia trazida nos resultados do segundo trimestre de 2020 é que, a partir de junho, a produção e o aumento dos pedidos voltaram fortes, e sem cancelamentos relevantes.

Em função das condições macroeconômicas favoráveis ao investimento, como juros historicamente baixos, câmbio competitivo e inflação controlada, encontramos o ambiente perfeito para que projetos industriais saiam do papel, garantindo uma relevância maior das cadeias de produção nacional.

Ressaltamos ainda que, com a competitividade da taxa de câmbio e os desafios geopolíticos que se impõem, há chances de o Brasil se tornar uma alternativa à China no fornecimento de produtos manufaturados, cenário que acaba por beneficiar diretamente a Romi.

Portanto, estamos diante de um momento favorável. Nossa economia finalmente pode crescer por meio de ganhos de produtividade real, sem gerar inflação. É também um bom momento para a Romi.

É importante ressaltar que a empresa, apesar dos ajustes feitos, tem uma capacidade ociosa elevada, situação essa que vemos como uma enorme oportunidade, vez que a empresa poderá absorver esse crescimento do investimento sem necessidade de CAPEX.

Na nossa visão, o valor da ação não reflete o potencial da empresa e, por isso, mantemos a ação no portfólio*.

A ação chegou a ser cotada a R$ 17,43 nos últimos 12 meses. O preço caiu bastante na fase mais aguda da crise (menos de R$ 7 por ação, em março) e se recuperou – hoje, está em torno de R$ 12. Mas acreditamos que há muito valor a ser gerado no longo prazo.

É a primeira vez que nosso país vive uma situação como a atual, na qual investir e empreender rende mais do que aplicações de renda fixa. Acreditamos que a Romi, estando na base de todos os investimentos com seus produtos e serviços, deve se beneficiar como nunca dessa nova condição.

Vamos aguardar os próximos movimentos! Até mais!

*Disclaimer: o fundo Venture Value FIA possui participação de 0,63% das ações da Romi em circulação

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João Paulo Reis

É gestor do Venture Value FIA, sócio da Biguá Capital desde o seu surgimento em 2006, acumulando experiência na seleção e análise das empresas listadas na Bolsa