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SÃO PAULO – O otimismo dos jovens brasileiros com o seu próprio futuro está no menor patamar desde 2012, segundo a edição de 2020 do Youth Barometer, estudo do Credit Suisse que aponta as principais vontades e anseios dos jovens pelo mundo.
A pesquisa, que ouviu mil jovens de 16 a 25 anos no Brasil, mostrou que a porcentagem de jovens brasileiros que enxergam seu futuro com “bastante otimismo” caiu para 45%.
“A proporção de jovens que veem um futuro otimista pela frente tem caído sucessivamente nos últimos anos, após um aumento temporário no início da pesquisa em 2011 e 2012. Isso se aplica em particular ao Brasil e também aos Estados Unidos, a partir de 2018”, diz um trecho da pesquisa.
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Além do Brasil, também foram entrevistados grupos de mil jovens dos EUA, da Suíça e de Singapura, totalizando uma amostra de 4 mil respondentes. E os resultados entre os países são parecidos: o otimismo dos jovens nesses outros três países em 2020 também chegou à mínima histórica desde o início da pesquisa.
Em 2012, no Brasil, os jovens muito otimistas com o seu futuro representavam 75%, o que mostra como as expectativas dessa faixa etária têm caído. Segundo a pesquisa, as recentes crises econômicas do país e, mais recentemente, a crise provocada pelo novo coronavírus são as principais razões para a piora na percepção.
De acordo com a pesquisa, a maior preocupação dos jovens brasileiros é o desemprego: 46% dos entrevistados responderam que seu maior temor com o futuro é a falta de oportunidades no mercado de trabalho. A segunda maior preocupação (38%) cai sobre as consequências da crise do novo coronavírus para a economia e para a sociedade; e a terceira (23%) é sobre a situação econômica do país e possíveis crises financeiras no futuro.
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Dados recentes sobre o desemprego entre os millennials brasileiros deixam claro por que a desocupação no mercado de trabalho é um fator de preocupação tão grande entre os jovens.
Segundo o IBGE, no segundo trimestre de 2020, a taxa de desemprego da população de 18 a 24 anos foi de 29,7%. Na comparação com a população geral, fica nítido como o desemprego é mais acentuado entre os mais jovens. A média geral do país ficou em 13,3%.
“O desemprego como a maior fonte de ansiedade entre os jovens é um sinal da visão pessimista sobre a situação econômica do país, que por sua vez se tornou a terceira maior preocupação entre os brasileiros”, diz um trecho do estudo do banco suíço.
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Discurso de ódio, educação e agricultura preocupam os jovens
Outro aspecto que o estudo destaca é que os jovens brasileiros destoaram dos demais em relação à preocupação com alguns pontos específicos.
“Em contraste com a média dos outros três países, o sistema escolar e educacional, a agricultura e também os discursos de ódio e a turbulência na política são vistos como os principais problemas para os próximos anos”, conclui a pesquisa sobre o Brasil.
Segundo o estudo, apenas os jovens brasileiros mencionaram preocupações com o sistema educacional e a turbulência politica nacional para os próximos anos. Essas são as preocupações de 12% e 9% dos jovens brasileiros, diz a pesquisa.
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A preocupação com a agricultura é o maior temor para 11% dos jovens do Brasil. Tal preocupação é compartilhada apenas com os jovens de Singapura.
Millennials valorizam bons chefes e ambientes tolerantes
A pesquisa também avaliou quais valores do meio corporativo se mostram mais fundamentais e importantes para os jovens.
Dos 15 atributos listados para que os jovens avaliassem o grau de importância, 14 foram descritos como “muito importantes” por mais da metade de todos os entrevistados.
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Dos entrevistados brasileiros, 92% citaram como ideal ter um bom chefe, 93% mencionaram um bom salário, 90% trabalhar em um ambiente generoso e tolerante e 91% veem como importante que a empresa tenha uma boa reputação.
Segundo o estudo, tais resultados mostram que os millennials brasileiros têm grandes expectativas sobre os seus empregadores.
Em todos os países, a esmagadora maioria dos entrevistados escolheram ter um bom chefe e trabalhar em um ambiente generoso como “muito importante”. Porém, o público brasileiro pareceu o mais exigente, já que foi o único país com mais de 90% dos entrevistados selecionando ambos atributos como “muito importante”.
O estudo ainda mostra em qual setor os jovens gostariam mais de trabalhar. No Brasil, há um empate técnico entre dois setores: o bancário e o de tecnologia, com 58% e 57%, respectivamente.
O que “flopou” entre os jovens
Além de anseios e expectativas, a pesquisa traz dados sobre o que é menos popular entre os millennials. O estudo listou diversas atividades e pediu para os entrevistados responderam se aquilo faz ou não faz parte de seus vidas e de seus círculos sociais.
Na média geral, entre os quatro países, o uso de drogas foi o que mais “flopou” (gíria popular entre os jovens que significa que algo não fez sucesso nas redes sociais) entre os entrevistados, já que 49% responderam que isso não faz parte da vida deles. O uso de drogas foi seguido por fumar, que foi desaprovado por 41% dos respondentes.
“Dos quatro países, o Brasil é o que mais se desvia do ranking geral na percepção do ‘Flop 10’. Eles apoiam a imagem de que os jovens brasileiros não pensam muito no hedonismo. No entanto, sobre valores, esses jovens não parecem ter uma visão tão conservadora: além de praticar a religião, ter filhos é uma das coisas consideradas impopulares – pelo menos no momento”, diz um trecho da pesquisa.
Ainda segundo o estudo, apesar da situação política polarizada no Brasil, ou por causa dela, a participação em manifestações políticas é uma das coisas que figurou como impopular para esses jovens.
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