Os melhores fundos de ações e multimercados em novembro e em 12 meses

Menos de 10% dos gestores conseguiram bater o Ibovespa no mês passado, impulsionado pela rotação para ativos de valor; veja os destaques

Lucas Bombana

(Divulgação)
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SÃO PAULO – A expectativa positiva dos investidores para 2021 por conta da vacina contra a Covid-19 e do cenário político nos EUA, dividido entre democratas e republicanos, foi a grande responsável pela forte alta das bolsas globais no mês de novembro.

Em um ambiente de elevado apetite por risco, o Ibovespa teve seu melhor novembro desde 1999, com uma alta de quase 16% em meio a uma entrada maciça de capital estrangeiro.

Com ampla presença de commodities e do setor financeiro, a Bolsa brasileira foi um dos alvos preferenciais de investidores internacionais em um movimento de rotação da carteira para as ações mais dependentes da atividade corrente, que ficaram para trás nos últimos meses, em detrimento às de tecnologia.

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E o movimento em magnitude tão intensa parece ter pegado de surpresa a maior parte dos gestores brasileiros.

Da amostra de fundos considerados para o levantamento, que engloba cerca de 500 multimercados, e 300 fundos de ações, não chega a 10% os que conseguiram bater o mercado em novembro.

De toda forma, a análise do resultado de um único mês não é adequada para a seleção de um portfólio com boa relação entre risco e retorno no longo prazo, diz Samuel Ponsoni, responsável pela equipe de análise de fundos da XP.

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“O investidor não deveria ficar preocupado por conta do descolamento do fundo no qual investe de um mês.”

E além da rentabilidade em períodos mais extensos, entre três a cinco anos, é preciso também fazer uma avaliação minuciosa em relação à robustez operacional da gestora, bem como dos principais nomes responsáveis pelas tomadas de decisão, afirma o especialista da XP.

No caso dos multimercados, o maior destaque positivo de novembro ficou por conta do Versa Long Biased, com uma alta de quase 60%. No intervalo de um ano, até 30 de novembro, o rendimento do fundo chega a 154%.

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Por outro lado, em um mês marcado pela alta dos ativos de maior risco, aqueles que representaram um porto seguro em 2020 tiveram quedas expressivas.

A cotação do ouro na B3 teve um tombo de 12,3%, enquanto o dólar caiu 7,1%, com reflexo direto sobre o desempenho dos fundos dedicados ao metal precioso, ou aos ativos no exterior.

Já na classe de renda variável, o Fator Sinergia liderou os ganhos no mês passado, ao superar a alta expressiva do Ibovespa em quase dez pontos percentuais, com uma carteira mais voltada para nomes de valor.

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Confira a seguir os cinco melhores e piores desempenhos de fundos de ações e multimercados em novembro.

No intervalo dos 12 meses encerrados em 30 de novembro, ainda se destacam entre as maiores rentabilidades os fundos de BDRs com exposição a ativos internacionais, pela alta das bolsas americanas e da moeda americana no intervalo.

Confira a seguir os fundos de ações que mais se destacaram em 12 meses, assim como seu desempenho em 36 meses, em 2020 e apenas em novembro.

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Importante lembrar que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, embora seja interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Nos multimercados, a exposição global também continua sendo fator preponderante para estabelecer as maiores rentabilidades em 12 meses, até novembro.

Para a análise, que tem como base dados extraídos da Economatica, foram considerados fundos não exclusivos com patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas, em novembro.

No caso dos fundos de ações, foram excluídos os setoriais, os indexados e os monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Brasil em alta

Segundo o gestor do Versa Long Biased, Luiz Fernando Alves, o multimercado tem como filosofia permanente de investimento carregar uma carteira comprada (que aposta na alta) em ações de valor, mais cíclicas, como de bancos, construção civil e commodities.

“Sempre buscamos empresas com ações descontadas, que geram caixa e têm alguma fonte de geração de valor”, afirma.

Por conta disso, em novembro, o fundo pegou na veia a rotação das carteiras de grandes investidores globais nesse sentido, e teve seu retorno potencializado pela alavancagem do portfólio, diz Alves.

A posição comprada na Bolsa brasileira, exemplifica, corresponde a cerca de 170% do risco do fundo.

Entre as principais posições, o gestor aponta varejistas como Hering, Guararapes e Via Varejo, além dos bancos Bradesco e Itaú, e da BR Properties.

O gestor acrescenta ainda que a aposta na valorização do real também ajudou para o segundo melhor mês da história do Versa.

Após o desempenho recente, a posição na moeda foi reduzida, mas ainda está bem longe de ser zerada, diz Alves, que prevê um câmbio justo ao redor de R$ 4,30.

Além da Bolsa brasileira e do câmbio, cerca de 20% do portfólio está alocado nos BDRs da montadora General Motors, “a antítese da Tesla”, diz Alves.

Aéreas e turismo

Na categoria de renda variável, a aposta nos setores que mais ficaram para trás em 2020, como de turismo ou de companhias aéreas, trouxe contribuição relevante para o resultado de novembro, diz o gestor da Fator Administração de Recursos, Daniel Utsch.

Após atravessar o período mais agudo da crise com posições defensivas em empresas de e-commerce ou nas grandes exportadoras de commodities da Bolsa, desde meados de julho que o portfólio do Sinergia está mais voltado para as empresas que ficaram para trás na pandemia.

“Não aumentamos a exposição de maneira generalizada, mas começamos a tentar identificar as empresas que sairiam da Covid-19 com um cenário mais favorável”, diz Utsch.

Além do setor mais óbvio de viagens, representantes do varejo físico com foco em vestuário, bem como industriais do mercado automotivo, e os bancos, também foram citadas pelo gestor, entre aquelas que tendem a navegar melhor a retomada aguardada à frente.

“Não acertamos todos os casos, o erro faz parte do jogo, mas acertamos mais do que erramos.”

Ele diz ainda que, apesar da carteira mais voltada para a aceleração no ritmo da atividade, considera importante manter exposições, mesmo que menores, no varejo digital ou em empresas com receita dolarizada, em nome de um portfólio bem balanceado.

“Apesar do repique da inflação e do risco fiscal, a tendência ainda é de um ambiente de juros baixos, que é bastante favorável para a economia e vários setores, mas é preciso cautela para apostar nessa tese.”

Sem rotação da carteira

Já na Western Asset, o gestor Mauricio Lima afirma que o movimento recente de rotação de crescimento para valor, bem como as eleições nos Estados Unidos, não influenciaram na composição do fundo de BDRs.

Assim como já era uma das principais apostas mesmo antes da pandemia, pelas perspectivas favoráveis de crescimento no longo prazo, as empresas de tecnologia ainda respondem pela maior fatia do portfólio, com cerca de 30% do total.

Em destaque, nomes como Amazon, Microsoft e Visa, cita Lima, ao explicar que o fundo tem como proposta concentrar a carteira em cerca de 50 empresas de grande porte dos EUA.

A United Health, do setor de saúde, e a Disney, que além dos parques também oferece sua plataforma própria de streaming, também constam no portfólio.

Ele aponta ainda a Advance Auto Parts, fabricante de equipamentos automotivos, como uma representante de ações de valor no fundo, mais dependente do aquecimento da economia.

A tese de reabertura econômica, contudo, ainda precisa ser acompanhada com certo cuidado, afirma o gestor da Western Asset, que aponta a exclusão recente dos papéis da American Express, pela queda nas despesas pagas com o cartão em viagens.

De toda forma, o cenário que se desenha para 2021 parece ser positivo para ativos de risco de modo geral, diz.

“Nesse ambiente de estímulos monetários, com mais um pacote fiscal sendo discutido, a dinâmica de recuperação da atividade americana se coloca como um fator importante para que o desempenho do mercado acionário dos EUA continue a ser favorável.”

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