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SÃO PAULO – O mercado brasileiro não ficou de fora da onda de otimismo que tomou conta dos investidores globais nas últimas semanas. Uma ajuda extra veio da desvalorização do real, que tornou os ativos brasileiros mais baratos para os investidores estrangeiros.
Com a entrada maciça de capital internacional neste fim de ano, em meio à empolgação com as perspectivas econômicas para 2021, a Bolsa local retomou em dezembro os patamares pré-pandemia e os prêmios dos títulos públicos arrefeceram.
Isso apesar do tão alardeado risco fiscal, que vinha e continua a ser a maior preocupação no radar dos agentes, não ter sido endereçado.
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E é justamente por conta desse elefante que segue imóvel no meio da sala, e cada vez mais faminto, que um tom mais cauteloso ainda predomina na SPX Capital.
“A cada dia que passa, o Brasil piora, porque a situação fiscal não se resolve”, afirmou Beny Parnes, sócio responsável pela área de crédito da SPX, em conversa com o InfoMoney.
“Não tem nada de bom acontecendo no Brasil”, acrescentou o especialista, em referência à crescente pressão inflacionária e ao encurtamento do prazo das emissões da dívida pública — e reforçando o tom pessimista que usualmente toma conta da SPX.
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Além disso, quando a vacina chegar de fato, e os serviços reabrirem de maneira definitiva, um repique da inflação é mais do que natural, prevê.
Nesse cenário, Parnes acredita que o Banco Central será obrigado a elevar os juros, enquanto os problemas fiscais continuarão a ser empurrados com a barriga, com o país altamente dependente de um ambiente externo favorável para ir bem. “2021 será um ano muito perigoso de Brasil”, afirmou.
“A volatilidade gera oportunidades”
Por conta desse prognóstico pouco animador, o foco da gestora na estratégia de crédito privado são os ativos de alta liquidez e boa classificação de rating, superior a “BBB”, e somente de companhias de capital aberto, disse Albano Franco, gestor de crédito da SPX.
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Por conta dessas características, cerca de 80% do fundo é composto por dívidas de empresas já acompanhadas pelo time de renda variável da SPX, o que facilita as tomadas de decisão, afirmou o especialista.
Albano Franco chegou à gestora em julho do ano passado, após quase 15 anos no BTG Pactual, para ser um dos responsáveis pela gestão do fundo “Seahawk”, o primeiro da casa dedicado à renda fixa privada, lançado em dezembro de 2019, e com uma parcela menor do portfólio em títulos públicos.
Nos 12 meses de existência completados em novembro, a rentabilidade acumulada pelo fundo foi de 4,81%, contra 2,23% do CDI. “A volatilidade gera oportunidades”, afirmou o gestor.
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Mesmo com a pandemia, e os juros extraordinariamente baixos que afugentaram muito do dinheiro aplicado na renda fixa, o fundo de crédito da SPX chegou a este mês com patrimônio aproximado de R$ 250 milhões, o que Franco classificou como uma vitória diante da onda de saques dos fundos desse segmento.
Pela expectativa de que a taxa Selic seguirá em patamares reduzidos, com os investidores em busca de rentabilidade acima do CDI na renda fixa, a gestora se prepara para incrementar a atuação na classe de crédito privado, lançando novos fundos.
O foco em dívidas locais com selo grau de investimento e alta liquidez se manterá, firme e forte, ressaltou Franco.
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“Liquidez é uma palavra importante na nossa gestão”, disse. Por isso, o próximo fundo de crédito que a SPX prepara para 2021 terá uma parcela da carteira, de até 40%, investida em bonds emitidos no mercado internacional, cuja liquidez é muito maior do que no Brasil.
Para encontrar as melhores oportunidades em títulos de dívida no exterior, a asset montou uma equipe com três analistas e o gestor David DePaolo, com passagens por Citi e JP Morgan, que fica baseada em Nova York.
Além da expansão da área de crédito, a partir de 2021, a SPX passa a atuar com as estratégias de fundos imobiliários e de private equity, segundo Rodrigo Godinho, sócio responsável pelo relacionamento com investidores da gestora.
A intenção, disse o executivo, é que a casa deixe de ter uma carteira tão concentrada. Dos R$ 39 bilhões sob gestão, R$ 35 bilhões estão nos fundos multimercados e o restante, em fundos de ações.
A gestora deve anunciar nas próximas semanas as contratações dos executivos que ficarão responsáveis pelas novas frentes.
Credibilidade em jogo
Ex-diretor do Banco Central, Parnes criticou a adoção do conceito de forward guidance pela autoridade monetária para sinalizar ao mercado a intenção de manter os juros nas mínimas históricas, desde que o risco fiscal e inflacionário se mantivesse sob controle.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2020, poucos meses após ter incorporado a ideia, o BC já sinalizou que deve abandoná-la, diante da alta nos preços e do risco fiscal sem solução até o momento.
Segundo o sócio da SPX, é comum, dentro da asset, que os gestores mudem de opinião em relação ao cenário e às alocações, até com certa frequência.
Entretanto, no caso da autoridade monetária, que coordena as expectativas de todos os investidores do mercado, Parnes entende que mudanças nos rumos da política monetária precisam ser avaliadas com um pouco mais de cuidado, sob o risco de causar elevada volatilidade nos ativos, e perda de credibilidade. “A forma como o BC comunica a decisão é tão importante quanto a decisão em si”, disse o sócio da SPX.
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