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SÃO PAULO — Em plena pandemia de coronavírus, os principais índices de ações dos Estados Unidos encerraram 2020 no azul. Favorecido pela disparada das techs, que foram essenciais na quarentena global, com mais gente trabalhando de casa, o Nasdaq subiu impressionantes 43,45% no ano. Dow Jones e S&P 500 também tiveram performance positiva, com altas de 6,56% e 15,54%, respectivamente.
Aqui no Brasil, o Ibovespa ganhou fôlego no final do ano, na esteira de Wall Street, que ganhava tração conforme novidades em torno das vacinas contra a Covid-19 iam surgindo. Depois de amargar perda de 29,9% em março, no auge da pandemia, com seis circuit breakers em um mesmo mês, o benchmark brasileiro se recuperou e fechou 2020 com alta de 3%.
Da mínima no ano, em 23 de março, quando atingiu 63.569 pontos, até ontem, o índice ganhou 55.448 pontos — terminando dezembro em 119.017 pontos. É um patamar bem próximo da máxima histórica de fechamento, atingida em 23 de janeiro de 2020, aos 119.527 pontos. Na última sessão, o Ibovespa chegou a bater históricos 120.149 pontos no intraday, um novo recorde.
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Quando analisado em dólar, porém, o desempenho do Ibovespa em 2020 não fica tão bonito assim. O índice caiu 22,06%, no pior desempenho entre os principais mercados acionários da América Latina. O segundo pior desempenho em dólar na região foi do Colcap, o índice da Bolsa de Bogotá, na Colômbia, com baixa de 17,65%, seguido pelo argentino Merval, que caiu 11,43% no ano.
Os dados são da plataforma de informações financeiras Eikon, serviço ligado à Thomson Reuters. Comparando o Ibovespa com a performance dos principais índices de ações dos BRICs (além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), todos em dólar, o desempenho do nosso benchmark também foi o pior em 2020.
Além do índice brasileiro, somente o russo Moex também registrou queda neste ano, em dólar. Veja abaixo as tabelas e os gráficos com as performances dolarizadas dos índices da América Latina e dos BRICs (Ibovespa representado na cor laranja claro).
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América Latina:
Índice | Desempenho em dólar, em % |
FTSE Biva (México) | -2,33% |
IPSA (Chile) | -8,41% |
S&P BVL (Peru) | -10,20% |
Merval (Argentina) | -11,43% |
Colcap (Colômbia) | -17,65% |
Ibovespa (Brasil) | -22,06% |
BRICs:
Índice | Desempenho em dólar, em % |
Shanghai Comp. (China) | 19,51% |
Nifty 50 (Índia) | 12,11% |
Jalsh (África do Sul) | 0,12% |
Moex (Rússia) | -16,68% |
Ibovespa (Brasil) | -22,06% |
Na Europa, entre os principais índices do continente, apenas dois tiveram performance negativa em dólar em 2020: o inglês FTSE 100, com baixa de 10,75%, e o espanhol Ibex 35, que teve desvalorização de 6,34% no período. Veja a tabela e o gráfico abaixo (Ibovespa representado na cor laranja claro).
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Índice | Desempenho em dólar, em % |
DAX 30 (Alemanha) | 12,81% |
PSI 20 (Portugal) | 3,52% |
FTSEMIB (Itália) | 2,75% |
CAC 40 (França) | 2,73% |
Ibex 35 (Espanha) | -6,34% |
FTSE 100 (Reino Unido) | -10,75% |
Ibovespa (Brasil) | -22,06% |
Veja a seguir a tabela com os desempenhos em dólar dos principais índices de ações dos Estados Unidos, Europa, América Latina e dos BRICs neste ano.
Índice | Desempenho em dólar, em % |
Nasdaq (EUA) | 43,45% |
Shanghai Comp. (China) | 19,51% |
S&P 500 (EUA) | 15,54% |
DAX 30 (Alemanha) | 12,81% |
Nifty 50 (Índia) | 12,11% |
Dow Jones (EUA) | 6,56% |
PSI 20 (Portugal) | 3,52% |
FTSEMIB (Itália) | 2,75% |
CAC 40 (França) | 2,73% |
Jalsh (África do Sul) | 0,12% |
FTSE Biva (México) | -2,33% |
Ibex 35 (Espanha) | -6,34% |
IPSA (Chile) | -8,41% |
S&P BVL (Peru) | -10,20% |
FTSE 100 (Reino Unido) | -10,75% |
Merval (Argentina) | -11,43% |
Moex (Rússia) | -16,68% |
Colcap (Colômbia) | -17,65% |
Ibovespa (Brasil) | -22,06% |
Cenário para o Ibovespa em 2021
A performance do Ibovespa em dólar, segundo especialistas, é natural, uma vez que o real foi uma das moedas globais que mais perderam valor contra a divisa dos Estados Unidos em 2020. Entre janeiro e dezembro, o dólar subiu 29% contra o real.
Mas isso é algo que pode inclusive ajudar o Ibovespa no próximo ano, na avaliação dos analistas, já que os investidores estrangeiros podem enxergar o índice brasileiro como uma pechincha, voltando assim a comprar ativos por aqui.
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As avaliações para o Ibovespa em 2021 seguem bastante otimistas. “O ano de 2021 vai ser bastante positivo para a Bolsa. Tem vários fatores que vão contribuir com uma alta, principalmente a retomada da economia com a vacinação [contra a Covid-19]”, disse Bruno Komura, gestor de renda variável da Ouro Preto Investimentos. Ele vê como factível que o índice chegue aos 130/135 mil pontos até o fim do próximo ano.
“O varejo vai crescer bem mais moderadamente, dado que a perspectiva é de não ter continuidade do auxílio emergencial. Vamos ver a retomada mais gradual do setor de serviços, que foi o único que ficou para trás. Ele só deve se recuperar mesmo quando a gente acabar com as medidas de distanciamento social, vai demorar mais um pouco”, afirmou.
O gestor, no entanto, não descarta que alguns pontos vão gerar volatilidade para a Bolsa brasileira em 2021. Entre eles, a questão fiscal, com a votação da PEC emergencial, reforma tributária, reforma administrativa etc.
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“A reforma tributária eu acredito que seja uma das mais críticas no curto prazo porque precisamos dela para ajustar a trajetória de endividamento do governo. A discussão não vai ser fácil e agora com o Congresso mais distante do governo isso vai dificultar bastante a aprovação”, completou Komura.
Luis Felipe Amaral, sócio da gestora Equitas, também segue otimista com o Ibovespa em 2021. “A gente não tem uma projeção de Ibovespa para o ano que vem, mas a tendência que se manifestou na segunda metade de 2020, motivada por excesso de liquidez, de fluxo de capital vindo para mercados emergentes, isso deve continuar”, disse.
“É um ambiente muito favorável para mercados emergentes e para o Brasil. Isso não tem nada a ver com as nossas questões internas. Se a gente não atrapalhar muito esse movimento. Se a gente não fizer muita bobagem no lado fiscal, tende a ser um ano continuadamente positivo para a Bolsa brasileira”, completou Amaral.
Luiz Eduardo Portella, sócio da Novus Capital, acredita que o mundo pode entrar num ciclo de alta de commodities e emergentes, como vimos entre 2001 até 2009. “Nos últimos dez anos, tivemos só Bolsas americanas outperformando e os emergentes patinaram nesse período. Vemos uma inversão dessa tendência agora nos próximos anos”, disse.
“Essa crise da Covid fez com que o excesso de capacidade que tinha em alguns mercados zerasse. Todo mundo vai ter que recompor os estoques, iniciar um ciclo de produção industrial forte no mundo que vai durar ainda bastante tempo. Com a introdução da vacina, o setor de serviços, que puxou muito a atividade para baixo, vai voltar a andar”, avaliou.
Portella ponderou, no entanto, o risco político. Ele citou a votação para presidência da Câmara e que ambos os candidatos são reformistas. “Até as próximas eleições em 2022, estamos tranquilos com o teto. Fazendo reformas, a gente consegue surfar essa onda positiva global. Podemos fechar o ano de 2021 com o Ibovespa acima dos 140 mil”, finalizou.
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