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SÃO PAULO – Em um ano que não foi para amadores no mercado financeiro, com forte volatilidade e eventos que colocaram à prova o foco no longo prazo dos investidores, muitos brasileiros optaram por deixar a decisão de escolha dos ativos financeiros para profissionais.
No ano passado, a indústria de fundos de investimento registrou captação líquida de R$ 156,3 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A maior fatia, de R$ 97,6 bilhões, ficou com os multimercados, seguida pelos fundos de ações, que levantaram R$ 69,4 bilhões.
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Levantamento feito pela Economatica a pedido do InfoMoney mostra que, entre os dez fundos de ações que mais ganharam cotistas em 2020, destacam-se estratégias de investimento no exterior e de BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Os dados consideram apenas fundos criados há pelo menos 12 meses.
No grupo dos destaques positivos, aparecem os fundos Western Asset FIA BDR Nível I e IP Participações IPG FIC FIA BDR Nível I, que ficaram em maior evidência no ano passado com a liberação de investimento em BDRs para qualquer investidor.
Já no campo negativo, atenção para fundos como Alaska Black e Bahia AM Marau, que perderam 3,6 mil e 6,4 mil cotistas, respectivamente, e tiveram perda de 45,4% e leve ganho de 0,5% em 2020.
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No grupo dos que mais ganharam cotistas, oito fundos apresentaram desempenho positivo no período, com retorno de até 91%, caso do MS Global Opportunities Advisory Fc FIA IE, fundo de ações com foco em investimentos globais. Sem proteção cambial, o fundo é destinado a investidores qualificados.
Juntos, esses dez produtos da lista ganharam 264 mil cotistas no ano passado, cerca de 40% do total de novos investidores em fundos de ações. Já a captação líquida do grupo totalizou R$ 6,8 bilhões.
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No topo da lista ficou o fundo de BDRs da Western Asset, com uma entrada expressiva de 99,4 mil cotistas e captação líquida de R$ 1,5 bilhão no período.
Maurício Lima, especialista de investimentos da Western Asset, justifica a forte entrada de investidores pelo ambiente de juros baixos, maiores incertezas e pela necessidade de diversificação internacional do brasileiro.
“O grande incremento de cotistas mostra o amadurecimento [do investidor brasileiro]. Esse aumento não veio depois da performance, mas junto com ela, o que mostra que os investidores estão percebendo a necessidade da diversificação cambial do portfólio, para funcionar como contrapeso da desvalorização de ativos brasileiros”, diz.
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Com a ajuda do dólar, que se valorizou em 29,2% ante o real, o fundo da Western rendeu 66% em 2020, acima do avanço de 50% do índice S&P 500 (em reais). Em 36 meses, o desempenho também é positivo, em 147,1%, ante 118% do índice americano.
Sem alterações na carteira desde dezembro, Lima diz continuar com a preferência pelo setor de tecnologia, que representa 30% do portfólio do fundo. Bens não essenciais respondem por 20%, enquanto 12% estão alocados no segmento de saúde, como farmacêuticas.
Entre os nomes preferidos para 2021 que fazem parte da carteira do fundo estão Amazon, Facebook, Apple e Visa.
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Multimercados
Entre os fundos multimercados, os dez produtos que lideram o ranking de crescimento da base de cotistas tiveram ganhos no ano, que chegaram a até 50,7%, no caso do fundo passivo da XP Trend Bolsa Americana, que tem exposição ao índice S&P 500, a partir de compra de contratos futuros negociados no Brasil. A estratégia apresenta proteção cambial, isto é, não está exposta à variação do dólar.
No período, o grupo registrou captação líquida de R$ 21,3 bilhões e entrada de 492 mil investidores, cerca de um terço do total de novos cotistas em multimercados do levantamento.
Carlos Eduardo Rocha, CEO da Occam Brasil, conta que uma das estratégias que contribuíram para os ganhos de 8,6% do Occam Retorno Absoluto Advisory em 2020 foi a aposta em ações, que compõem cerca de dois terços do portfólio.
Entre nomes que ajudaram a performance do fundo, Duda cita Apple, Magazine Luiza e Vale. Empresas no exterior ligadas a commodities, como cobre, lítio, níquel e hidrogênio, que formam a nova matriz energética, também beneficiaram as cotas, diz.
O fundo da Occam, que é exclusivo para clientes da XP, ficou entre os multimercados com a maior entrada de cotistas, somando 47 mil novos investidores no ano passado. A captação líquida foi de R$ 943,5 milhões no período.
Fundos com maior saída de cotistas
Do lado das maiores perdas de investidores, o fundo multimercado master da Occam, o Occam Retorno Absoluto, lidera com a saída de 35 mil investidores em 2020. A captação líquida, contudo, foi positiva em R$ 329,4 milhões.
Duda explica que houve a criação do produto exclusivo da XP Investimentos, o Advisory, resultando na migração de investidores para o produto.
Outro fundo com história semelhante é o Moat Capital FIC FIA, fundo de ações que registrou saída de 13,8 mil cotistas no ano passado.
Adriano Leite, sócio responsável pelo relacionamento com investidores da Moat Capital, conta que houve a cisão do fundo, em março, resultando na criação de fundos espelhos; um deles distribuído pela XP.
Com relação aos ganhos de 8% do fundo em 2020, as maiores contribuições, segundo ele, foram os papéis de Oi e Via Varejo, que subiram 155,8% e 44,7% no ano, respectivamente.
Nomes como B2W, Lojas Americanas e Magazine Luiza também estiveram na carteira ao longo do ano, contribuindo para o resultado do fundo.
Hoje, o portfólio possui cerca de 30 nomes, com as maiores posições sendo Petrobras, Oi, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e BRF.
Entre os dez fundos de ações que mais perderam investidores, apenas três encerraram 2020 com desempenho positivo; as perdas chegaram a 45,4% no Alaska Black FIC FIA Bdr Nivel I.
O grupo representou uma perda de 66,6 mil cotistas para a classe, e de resgates de R$ 714 milhões no ano.
Já entre os multimercados com maior saída de investidores em 2020, todos encerraram o ano com desempenho positivo. No grupo “top 10”, a saída foi de 132,8 mil cotistas e os resgates, da ordem de R$ 9 bilhões.
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