Após baterem recorde em 2019, emissões de dívida caem 30% em 2020, puxadas por debêntures

Debêntures tiveram queda de 53% no volume de emissões no ano passado, para R$ 121,2 bilhões

Mariana Zonta d'Ávila

(Gearstd/Getty Images)
(Gearstd/Getty Images)

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SÃO PAULO – Após bater recorde de emissões em 2019 (com R$ 296 bilhões), o mercado de dívida brasileiro – formado por Certificados Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs), Fundos de Investimento em Direito Creditório (FIDCs), debêntures e notas promissórias – registrou queda de 30% no volume em 2020, para R$ 211,9 bilhões. Os dados são de um boletim divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta sexta-feira (29).

De acordo com o levantamento, os principais responsáveis pelo resultado foram as emissões de debêntures, que tiveram queda de 53% no volume, para R$ 121,2 bilhões no último ano. No período, foram emitidas 276 debêntures – o menor número desde 2017 (264).

Segundo a CVM, a desaceleração desse mercado, em um ano de forte retração econômica em meio à pandemia de coronavírus, já era esperada.

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No mercado de CRIs, o volume de emissões somou R$ 14 bilhões, queda de 20,5% na comparação anual, embora o número de emissões (215) tenha sido o maior em anos.

Nos CRAs, o volume total de emissões teve um recuo menor, da ordem de 7%, para R$ 13,3 bilhões. Em números, foram 56 emissões, abaixo das 69 de 2019.

Já os FICDs e as notas promissórias somaram emissões de R$ 41,5 bilhões e R$ 21,9, respectivamente. Os resultados mostram crescimento de 12,8% e queda de 40,2%, respectivamente, em relação ao ano anterior. No período, os produtos totalizaram 234 e 71 emissões cada.

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Bolsa

Com a maior participação de investidores do varejo no mercado de renda variável, na busca por melhores retornos diante de juros na mínima histórica, as emissões de ações somaram R$ 166,1 bilhões, crescimento de 25,5% frente a 2019.

A quantidade de IPOs (ofertas públicas iniciais, na sigla em inglês) em 2020 também foi maior que a acumulada nos últimos cinco anos, somando 27.

Do lado dos fundos imobiliários, as emissões e número de IPOs também registraram os maiores valores em cinco anos: R$ 48,6 bilhões (alta da ordem de 15% frente a 2019) e 250 novos FIIs (+28,2%), respectivamente.

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Segundo o levantamento, no mercado secundário (ambiente em que investidores negociam entre si, não mais com a empresa emissora do ativo), o volume de negociação também mostrou crescimento em 2020, com alta de 68% no volume médio diário de ações, e de 67%, no de FIIs.

Ao todo, as emissões de valores mobiliários sob a regulação da CVM somaram R$ 426,6 bilhões em 2020 – queda de 7,8% ante 2019.

“Apesar da queda, esse montante supera em muito as emissões anuais entre 2014 e 2018, um importante indicativo de que o mercado de capitais ganha um espaço sustentável dentro de um cenário de juros historicamente baixo”, afirmou Bruno Luna, chefe da assessoria de análise econômica e de gestão de riscos da CVM (ASA/CVM), em nota à imprensa.

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