Nova gestora de recursos chega ao mercado com R$ 1,5 bilhão da família de Abilio Diniz

Juros, câmbio, ações, commodities, dívida e ativos digitais estão no radar do fundo da casa

Lucas Bombana

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SÃO PAULO – O novo patamar da taxa básica de juros fez surgir ao longo dos últimos anos uma série de gestoras de recursos no mercado local, muitas vezes formadas por profissionais egressos de grandes bancos em busca de maior protagonismo.

Nesta quinta-feira (6), uma nova casa chega para disputar seu lugar ao sol, tendo como a principal carta na manga os clientes que já tem na carteira. A gestora em questão é a O3 Capital, que já existe há sete anos, mas até então se voltava para gerir apenas os recursos da família Diniz, como um dos braços da Península Participações, fundada em 2006 por Abilio Diniz.

O grande chamariz do novo fundo multimercado O3 Retorno Global lançado hoje é já nascer com um valor proprietário da família de R$ 1,5 bilhão, como forma de encorajar novos investidores para o negócio. Foi acordado ainda um período de lockup de três anos, sob o qual o dinheiro não pode ser sacado. A Península gere ao todo cerca de R$ 12 bilhões em ativos dos Diniz.

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“Hoje estamos abrindo a captação para terceiros para que o público geral possa investir junto com o Abilio Diniz”, afirmou Eduardo Rossi, vice-presidente da Península, e responsável pelo comitê de riscos na O3.

Diniz terá assento no conselho da gestora, adicionando sua expertise macroeconômica para a análise sobre o cenário doméstico e internacional.

Durante teleconferência com a imprensa para apresentar a iniciativa na manhã desta quinta-feira, o empresário recordou que abrir seu negócio para terceiros, como fez nos anos 1990 ao listar as ações do Grupo Pão de Açúcar na Bolsa, automaticamente aumenta a responsabilidade envolvida com o investimento.

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“Quando você torna a companhia uma empresa pública, vai para a vitrine, fica completamente exposto”, comentou o empresário, que afirmou também que a decisão vai permitir o crescimento do braço de gestão de recursos, bem como contribuir para reter os talentos dentro de casa.

Ele disse ainda estar nos planos em um futuro próximo lançar para terceiros o braço de gestão de private equity da Península, que conta ainda com frentes na área imobiliária e de aconselhamento de investimento para famílias ricas.

Política de investimento

O multimercado da O3 estará disponível em veículos separados para público geral e qualificados, com tíquetes iniciais de R$ 1 mil e R$ 5 mil, respectivamente. A taxa de administração em ambos será de 2% ao ano, com 20% de performance sobre o que exceder o CDI.

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“O fundo tem como objetivo obter ganhos de capital mediante operações nos mercados de juros, câmbio, ações, commodities, dívida, além de exposição, ainda que indireta, em ativos digitais utilizando-se dos instrumentos disponíveis tanto nos mercados à vista quanto nos mercados de derivativos”, diz o material do novo multimercado.

Daniel Mathias, Chief Investment Officer (CIO) da gestora, afirmou que a atenção está voltada hoje principalmente para as oportunidades no mercado americano, frente ao ritmo de retomada em que se encontra a atividade no país.

Embora a gestora já tenha um histórico de sete anos, pelo fato de o novo fundo ter sido criado no fim de 2020, ainda não há uma rentabilidade passada que possa ser divulgada, explicou Paulo Castilho, diretor de relações com investidores da O3. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelece que os fundos só podem divulgar o retorno após seis meses de existência.