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SÃO PAULO – Com o ambiente de forte retomada da atividade esperado para o segundo semestre por conta do avanço da vacinação, ações de empresas mais relacionadas à economia tradicional, do Brasil ou do exterior, têm figurado entre as principais apostas de gestores de fundos recentemente.
Não por outra razão, papéis dos setores financeiro, imobiliário, de energia e automotivo foram citados entre as maiores convicções hoje nas carteiras das gestoras Real Investor, Velt Partners e WHG Asset Management, durante participação no “14º Congresso de Value Investing”, realizado virtualmente na manhã desta terça-feira.
Ações do Banco Inter e da Stone, bem como Marcopolo, Even e Neoenergia, foram lembradas pelos participantes do painel entre aquelas que ainda devem entregar retornos polpudos aos investidores com visão de longo prazo.
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Já em uma esfera mais global, Daniel Gewehr, gestor da WHG Asset, citou entre as posições na carteira o banco inglês NatWest, antigo RBS, socorrido na crise de 2008 pelo governo local. O investimento na empresa pode ser feito por meio dos BDRs negociados na B3.
Segundo Gewehr, a maior parte do portfólio está voltado para oportunidades globais, sendo que o foco da equipe pende mais para Estados Unidos e China, quando se trata de buscar as melhores histórias dentro do setor de tecnologia, e para Europa e Brasil, quando o interesse é por nomes de valor, com papéis negociados a níveis excessivamente descontados. “A Europa é vista como um continente old school”, ilustrou.
E em um contexto global de forte retomada da atividade, com uma pressão inflacionária no horizonte que deve levar os bancos centrais dos países desenvolvidos a iniciarem um ciclo de aperto nas condições monetárias, Gewehr acredita que o BC da Inglaterra (BoE) deve ser um dos primeiros a iniciar o movimento.
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“Enquanto o mercado espera por uma alta dos juros nos Estados Unidos em 2023, no Reino Unido, deve ocorrer em 2022”, disse o gestor da WHG Asset, acrescentando que o consenso dos analistas aponta para um forte crescimento ao redor de 6,4% da economia britânica neste ano.
Já entre as poucas apostas que carrega de empresas brasileiras, Gewehr apontou as ações da Marcopolo. Fabricante de carrocerias para ônibus, a expectativa do gestor é que a empresa tenha um bom desempenho nos próximos meses calcado na volta da mobilidade com o tão aguardado fim da pandemia.
“Enxergamos a Marcopolo como um case de alavancagem operacional”, disse Gewehr, explicando que a empresa tem capacidade média para produzir cem ônibus por dia, sendo que hoje o ritmo está em torno da metade disso. Dessa forma, o gestor da WHG enxerga uma avenida de crescimento no horizonte, sem a necessidade de a companhia ter de fazer novos investimentos para suportar a retomada.
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Reestruturação
César Paiva, gestor da Real Investor, por sua vez, citou os papéis da Even e da Neoenergia entre as teses em que enxerga grande valor na carteira no momento.
No caso da construtora, Paiva exaltou o processo de “turn around muito bem-sucedido” promovido entre 2015 e 2016, quando a companhia passou por uma mudança de controle que a colocou, na visão do gestor, em um novo patamar em termos de geração de caixa e de controle de custos, e ainda com ganhos de eficiência operacional.
Como resultado dessa reestruturação, a empresa passou no período de um endividamento de quase R$ 2 bilhões para um caixa líquido próximo de R$ 1 bilhão, ponderou o gestor, conhecido pela inspiração no modelo do megainvestidor Warren Buffett.
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“A Even está pronta para voar, com um ‘turn around’ já entregue, mas com múltiplos que ainda não refletem o valor da nova empresa”, disse Paiva. As ações da companhia tinham queda de 3,7% em 2021, até 21 de junho, contra a alta de 8,6% do Ibovespa, segundo dados da Economatica. Em 12 meses, os papéis subiam 20,6%, ante os ganhos de 33,9% do benchmark.
Em relação à Neoenergia, que tem a maior parte da receita oriunda do negócio de distribuição de energia elétrica, o gestor recordou que, a partir de 2017, quando o grupo espanhol Iberdrola assumiu o controle, a empresa também passou por uma “belíssima evolução nos resultados”, acompanhada com muito bons olhos pela Real Investor.
A receita líquida da empresa, citou Paiva, saiu de um patamar da ordem de R$ 20 bilhões há quatro anos, para cerca de R$ 34 bilhões nos últimos 12 meses, com uma evolução do lucro de R$ 400 milhões para aproximadamente R$ 3 bilhões no intervalo.
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Tanto que, embora não seja muito afeito aos IPOs, por entender que em muitas das vezes os preços saem acima do justo, o gestor investiu na companhia na abertura de capital, realizada em junho de 2019.
“Em 2020 a empresa passou muito bem pela crise da Covid, seus resultados continuaram intactos, porém as ações caíram cerca de 30% no período, o que abriu uma boa oportunidade para aumentar a exposição”, disse Paiva.
Expansão do mercado
Já Caio Conde, analista da Velt Partners, citou entre as maiores convicções hoje na carteira dos fundos as ações da Stone e do Banco Inter.
No caso da credenciadora de pagamentos, a gestora avalia que, após passar alguns anos queimando caixa para começar a gerar resultados, hoje a Stone já consegue apresentar resultados robustos, que devem ficar ainda mais fortes.
A Velt trabalha com uma expectativa de lucro na casa de R$ 1 bilhão para 2021, com uma projeção que aponta para um crescimento acelerado nos próximos anos. Para 2026, a estimativa é que a empresa tenha um lucro ao redor dos R$ 5 bilhões.
“A empresa tem uma narrativa muito forte, de ajudar as pequenas e médias empresas a gerir melhor o negócio e tirar o pequeno varejista das mãos dos grandes bancos, o que ajuda a atrair gente muito boa”, afirmou Conde.
Em relação ao Banco Inter, o analista da Velt assinalou ser um dos nomes do setor que mais tem conseguido tirar proveito da migração dos hábitos de consumo dos meios analógicos para o digital.
Conde destacou ainda que, para fazer a seleção da melhor tese no nicho, os gestores da Velt testam constantemente as principais contas digitais disponíveis no mercado local.
“As coisas funcionam muito bem no Inter, que dificilmente tem problemas operacionais mesmo com o ganho de escala que vem tendo”, afirmou o analista da Velt. “O time tem demonstrado uma capacidade de execução muito acima do esperado”, acrescentou Conde.
No fim de maio, a Stone fez um aporte de R$ 2,5 bilhões no Banco Inter, em um negócio que o analista entende com alto potencial de ganhos de sinergia à frente.
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