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SÃO PAULO – Estabilidade nos lucros dos bancos no segundo trimestre de 2021 na comparação com os primeiros três meses do ano, mas um forte aumento quando comparado ao segundo trimestre de 2020, quando as provisões para devedores duvidosos tiveram expressiva alta em meio à pandemia de coronavírus. Assim, a retomada da economia deve proporcionar um aumento expressivo dos ganhos na comparação anual e também deve levar as instituições financeiras a registrarem um aumento da carteira de crédito.
Por outro lado, a expectativa é de um aumento da inadimplência, ainda que a níveis controlados e sem grandes preocupações por parte dos analistas, enquanto as margens financeiras devem seguir pressionadas.
Com essa perspectiva geral, os grandes bancos começam a divulgar resultados, com o Santander Brasil (SANB11) inaugurando a temporada ao revelar seus números na próxima quarta-feira (28), antes da abertura do mercado.
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A divulgação dos números entre abril e junho para os maiores bancos de capital aberto – além de Santander, Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) – irão se estender até a próxima semana, podendo dar mais indicações sobre o que esperar para o setor.
No último fim de semana, a XP adotou uma postura mais cautelosa com os bancos diante dos preços mais elevados das ações em um cenário de disrupção causado tanto por intervenções regulatórias quanto por concorrência. Já o Bradesco BBI divulgou na véspera relatório retomando a cobertura dessas empresas com uma visão diferente, mostrando-se mais otimista com o setor: “reconhecemos os desafios estruturais devido à concorrência de novos operadores, bancos digitais e fintechs, mas nos próximos seis a doze meses acreditamos que a melhoria na qualidade dos resultados será o driver mais importante dos preços das ações, daí a nossa visão mais construtiva”, apontam os analistas do BBI.
Olhando para o segundo trimestre, contudo, a XP destaca que haverá uma boa recuperação baseada das menores provisões, receita de serviços impulsionada por maiores volumes devido a retomada da economia e redução de custos, dado que o setor financeiro continua focado em ganho de eficiência.
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Também vendo os custos sob controle, o BBI projeta uma melhor qualidade dos resultados, que deve ser ainda pronunciada no segundo semestre de 2021, com a carteira de crédito voltando para o varejo, enquanto as tarifas de serviços não devem se expandir significativamente.
Em relatório, o Itaú BBA destaca que os investidores podem ir atrás de sinais de recuperação na margem financeira, o que não deve acontecer substancialmente nessa temporada, uma vez que foi marcada por restrições de mobilidade. Uma recuperação mais forte das margens deve ocorrer no segundo semestre.
“A maior confiança e a normalização da poupança das famílias devem puxar a demanda por produtos de crédito de maior retorno. Este também será um ambiente melhor para os bancos ajustarem os preços para cima e compensarem o aumento gradual nos custos de financiamento em função da Selic [taxa básica de juros]”, apontam os analistas do BBA.
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Por outro lado, números que decepcionassem, sem conseguir mostrar melhora da margem financeira, poderiam prejudicar as projeções dos lucros. Para o BBA, com isso, ganharia mais projeção o argumento de que a margem mais comprimida está relacionada à concorrência e mudanças de regulação, não sendo mais tanto associada à queda recente da Selic, que volta a passar por um ciclo de alta.
“O Brasil entrará na fase dois do open banking, possivelmente elevando a concorrência no crédito e lançando dúvidas de longo prazo se a recuperação dos spreads bancários [diferença entre a taxa de juros cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos] não se materializar. Ou seja, se os spreads não tiverem melhora com o crescimento de quase 6% do PIB e um ciclo de aumento da taxa de 4 pontos percentuais, será mais difícil argumentar por um futuro mais brilhante”, apontam no relatório.
Olhando para os bancos especificamente, o BBI aponta que Santander e Itaú devem mostrar tendências semelhantes, com maior qualidade dos lucros (ainda que estáveis frente o primeiro trimestre), à medida que as carteiras crescem mais rápido para pessoas físicas. Já os bancos públicos, no caso do BB, apontam os analistas, devem registrar uma menor qualidade dos lucros com contribuições menores provenientes da receita líquida de juros versus pares privados.
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O BofA e a XP, por sua vez, avaliam que o Bradesco deve registrar um bom resultado no trimestre, mas avaliando que a instituição financeira pode ser pressionada por perdas com a área de seguro saúde.
Confira o que esperar para os resultados dos maiores bancos listados na B3:
Santander Brasil
Divulgação do resultado: 28 de julho – antes da abertura
O primeiro dos “bancões” a divulgar o resultado, o Santander Brasil deve reportar números em linha com o primeiro trimestre de 2021, a R$ 4 bilhões, de acordo com análise do Bank of America. A projeção é também de uma manutenção da receita líquida de juros (NII, na sigla em inglês) mas com uma melhor qualidade, uma vez que a contribuição dos ganhos com trading deve ser menor, na visão dos analistas do banco americano.
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Espera-se que a NII de clientes apresente um crescimento menor do que a expansão da carteira na forma de empréstimos garantidos (menor rendimento). O índice de inadimplência deve aumentar a partir do níveis baixos atuais, levando os encargos de provisão a retornar aos níveis pré-crise e crescendo 8% na base trimestral. Após um bom desempenho nas tarifas no primeiro trimestre, os analistas projetam uma ligeira queda (de 2% na comparação trimestral) enquanto as despesas operacionais devem continuar sob controle, já que o Santander se mantém totalmente comprometido com a automatização de seus processos dentro do banco, apontam os analistas. O BofA mantém recomendação neutra para os ativos.
Já a XP espera bons resultados para o Santander, com lucro de R$ 4,1 bilhões e com Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) de 21%, mas nenhuma melhora significativa na qualidade dos resultados. “Acreditamos que os investidores se concentrarão na qualidade dos ativos do banco e na capacidade de continuar entregando um lucro forte”, apontam os analistas.
O BBI aponta ainda que, apesar de não haver um crescimento forte dos empréstimos no trimestre, a receita do banco crescerá graças a uma mudança no mix, conforme o crescimento do crédito individual acelera e o crédito corporativo segue uma tendência oposta.
Por sua vez, os analistas esperam que as despesas com provisões devam crescer 13,5% na comparação trimestral (mas queda de 45% na base anual), já que o primeiro trimestre de 2021 teve um dos menores níveis de custo de risco em história. Os analistas estimam que as tarifas ficarão um pouco abaixo frente o trimestre anterior, mas ainda uma melhora modesta em relação aos níveis de 2020.
Itaú
Divulgação do resultado: 2 de agosto – depois do fechamento
Após um forte desempenho no primeiro trimestre, o BofA projeta lucro líquido (ex-itens extraordinários) praticamente estável na comparação trimestral e crescendo 51% na base anual dado o baixo valor de comparação, indo a R$ 6,3 bilhões e levando um ROE de 18,4%.
A Margem Líquida de Juros (ou NIM, na sigla em inglês) deve seguir sob pressão com o crescimento dos empréstimos
continuando a ser impulsionado por carteiras de spread mais baixo, enquanto os resultados comerciais devem
voltar a um nível mais normalizado após um primeiro trimestre forte.
“No entanto, esperamos que a NII com os clientes devam permanecer em ritmo de crescimento no ponto médio do intervalo do guidance (projeção) para o ano, especialmente porque o crescimento dos empréstimos está acelerando com a reabertura econômica”, apontam.
Já a inadimplência deve subir, especialmente na carteira de pequenas e médias empresas, mas sem grande espaço para surpresas. Despesas com provisão devem permanecer bem abaixo dos níveis do ano anterior, embora possa haver espaço para que haja aumento em relação ao primeiro trimestre. As taxas de serviço devem ser apoiadas por volumes melhores, especialmente com cartões (atividades de aquisição e emissão), banco de investimento e gestão de ativos. Enquanto isso, mais uma vez, os custos devem permanecer em um rígido controle, ficando estável no trimestre e crescendo 3% no comparativo anual.
Por fim, o Itaú deve registrar ganhos não recorrentes relacionados à reavaliação de créditos fiscais diferidos à luz do aumento da CSLL, não refletido nas estimativas do BofA, que mantém recomendação de compra para os papéis.
A XP, por sua vez, espera que o lucro do Itaú seja estável na comparação trimestre-trimestre (R$ 6,5 bilhões, com ROE de 18%), mas com melhor qualidade. As margens de crédito financiado por clientes devem ser mais relevantes (versus tesouraria) e os custos devem melhorar. “As taxas de juros também devem melhorar à medida que a economia se recupera. No entanto, os investidores devem dar uma atenção especial ao aumento construtivo dos lucros (de 56% na comparação anual)”, avaliam.
O BBI também acredita que a qualidade dos ganhos deve melhorar, já que a receita líquida de juros com os clientes deve ganhar participação, resultando em um mix melhor (crescimento mais rápido para pessoas físicas do que para empresas).
Bradesco
Divulgação do resultado: 3 de agosto – depois do fechamento
Na linha do esperado para os outros bancos, o BofA também espera um lucro antes de itens extraordinários praticamente estável comparado aos R$ 5,6 bilhões do primeiro trimestre e levando a um ROE de 17,9% (ante 18,1% nos primeiros três meses de 2021).
A originação de empréstimos deve continuar com um bom desempenho principalmente nas operações de menor rendimento para pessoas físicas (hipoteca e empréstimo consignado) e no segmento de PMEs, e deve acelerar no segundo semestre para atingir o ponto médio do guidance (entre alta de 9% e 13%) até o final do ano.
Com isso, a projeção é uma NII também estável na base de comparação trimestre, também influenciada por ganhos de trading mais baixos após resultados anormalmente elevados no primeiro trimestre de 2021. Já a inadimplência deverá continuar sua trajetória de alta e deve retornar a níveis mais normalizados no segundo semestre. Contudo, dado o alto índice de cobertura (relação entre empréstimos inadimplentes e provisões), a projeção é de que os encargos de provisões fiquem estáveis na comparação trimestral.
As receitas de taxas devem seguir estáveis, enquanto os resultados da linha de seguros podem ser pressionados por conta do maior acionamento em meio à pandemia da Covid-19. O opex (despesas operacionais) sob controle deve ser bem-vindo, mas todos os olhos permanecem no segundo semestre, com o cenário de alta inflação pressionando pessoal e despesas administrativas. O BofA mantém recomendação de compra para o papel.
A XP também espera que o Bradesco registre um bom resultado no trimestre (com lucro de R$ 6,5 bilhões e com ROE de 18%), também avaliando que a instituição financeira possa ser pressionada por perdas com a área de seguro saúde. “No geral, o banco deve melhorar [seus números] significativamente em relação ao ano anterior, mas sem nenhuma melhoria significativa em relação ao trimestre anterior”, avaliam os analistas.
Banco do Brasil
Divulgação do resultado: 5 de agosto – depois do fechamento
O BofA espera um lucro líquido recorrente praticamente estável na comparação com os três primeiros meses de 2021, quando totalizou R$ 4,9 bilhões, gerando assim um ROE de 14% (ante 14,8% no trimestre imediatamente anterior).
Enquanto a carteira de crédito deve apresentar bom desempenho no varejo e agronegócio, os analistas do banco americano esperam uma dinâmica mista na carteira corporativa, com contração entre grandes empresas ofuscando a melhoria das PME.
A NII deve ser pressionada, enquanto os índices de inadimplência devem ficar sob controle, mesmo considerando uma deterioração marginal, e os encargos de provisão devem ficar quase estáveis no trimestre, uma vez que o índice de cobertura deve continuar sua tendência de queda. As despesas devem se estabilizar no comparativo anual e trimestral (enquanto a alta da inflação deve pressionar a linha do balanço na segunda metade do ano). Os analistas mantêm recomendação de compra para os papéis.
A XP não espera grande destaques, mas projeta que o banco mantenha um crescimento construtivo dos lucros (alta de 51% na base anual, para R$ 5,0 bilhões, com um ROE de 14%) sem deterioração significativa da qualidade dos ativos. “Esperamos que nossa tese de investimento de pagamento de dividendos se consolide conforme os fundamentos do banco melhoram e sua capitalização se torna uma realidade”, apontam.
O BBI, por sua vez, estima um lucro líquido de R$ 4,8 bilhões, uma ligeira queda de 2,2% no trimestre, mas ainda em alta de 45,1% no período. “Acreditamos que o Banco do Brasil deva apresentar crescimento de crédito relativamente estável no trimestre (alta de 1,7%), com aceleração razoável em empréstimos corporativos e individuais”, apontam.
Semelhante aos pares do setor privado, os analistas do banco um crescimento modesto nas despesas de provisão, de 20%
na base trimestral, mas com queda de 48,4% na comparação anual, sendo mais do que suficiente para compensar o crescimento da receita líquida de juros.
As receitas com taxas deverão subir 1,5% no trimestre (estável na base anual), mas devendo ser compensadas por despesas operacionais também maiores, com aumento de 1,2% frente os primeiros três meses de 2021 (e alta de 2% na base anual).
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