Maia aponta privatização da Sabesp como prioridade como novo secretário de SP; ações fecham com salto de 10,86%

Papéis da estatal chegaram a saltar 14,80% após fala do novo secretário de Projetos e Ações Estratégicas do governo paulista

Marcos Mortari

(Marcelo Camargo/Ag. Brasil)
(Marcelo Camargo/Ag. Brasil)

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SÃO PAULO – Novo integrante da gestão João Doria (PSDB), o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (sem partido) tomou posse como secretário de Projetos e Ações Estratégicas do governo de São Paulo nesta sexta-feira (20) e disse que uma das prioridades de sua gestão é organizar a concessão ou privatização da Sabesp.

“Acho que é uma coisa simbólica [a privatização da Sabesp]. Organizar a privatização, a concessão, deixar isso organizado até o final da minha gestão junto com o governador Doria e o vice-governador Rodrigo Garcia será uma marca importante da minha gestão”, afirmou em resposta a jornalistas.

Após a fala, a ação da Sabesp passou a disparar, chegando a saltar 14,80%, a R$ 37,85. Os ativos fecharam com alta de 10,86%, a R$ 36,55.

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Na breve coletiva de imprensa após tomar posse, Maia afirmou estar “começando a estudar a pasta”. Ele teve uma reunião mais cedo com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), na qual disse que “o único tema tratado” foi a desestatização da companhia.

O governador João Doria afirmou que o novo secretário atuará para acelerar os programas de privatizações, concessões, desestatizações no estado, usando de sua experiência parlamentar e dos relacionamentos construídos com empresários e investidores nacionais e internacionais.

“O deputado Rodrigo Maia acumulou, ao longo dos anos, um extraordinária experiência na interpretação de legislação, na vocação liberal, que sempre o moveu em seus mandatos, nos seus pronunciamentos e na sua interlocução com os setores econômicos no Brasil e no exterior”, disse.

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Simbologia

Do ponto de vista político, a nomeação de Rodrigo Maia para o cargo de secretário de Projetos e Ações Estratégicas do governo de São Paulo é carregado de simbologia.

No caso de Doria, trata-se de mais um esforço pela nacionalização de seu nome de olho na corrida presidencial de 2022 em um momento de dificuldades para crescer nas pesquisas.

Com um secretariado repleto de ex-ministros – casos de Henrique Meirelles (Fazenda), Alexandre Baldy (Transportes Metropolitanos) e Sérgio Sá Leitão (Cultura) – e figuras políticas de outros estados, o governador tenta dar um ar nacional e plural à sua gestão.

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O movimento também ocorre em meio à disputa de diversos nomes da política pelo selo de candidato do “centro” nas próximas eleições para o Palácio do Planalto. No ninho tucano, Doria tenta superar figuras como Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, e o senador Tasso Jereissati (CE).

Ao trazer Maia com um foco especial na pauta das privatizações, há também um esforço de Doria em recuperar a imagem de político liberal no momento em que os compromissos fiscais do governo Jair Bolsonaro são colocados em xeque pelo mercado.

Durante a cerimônia, Doria colocou São Paulo como “o estado que mais desestatiza no Brasil” e provocou: “um governo liberal promete e cumpre”.

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Já Rodrigo Maia, que perdeu enorme capital político ao não conseguir fazer o sucessor na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, embarca cedo na campanha presidencial do governador. Na posse, ele foi enfático na defesa do nome de Doria contra a possível ida de Bolsonaro ao segundo turno.

“Minha sinalização clara, é que está na hora de a gente parar de brincar de fazer política e compreender que o natural é a gente fortalecer um projeto no nosso campo… E temos um nome que tem todas as condições de liderar esse processo, que é o nome do governador João Doria. Minha sinalização política está dada”, disse.

“Está na hora de todos aqueles que falam em independência ao governo federal, da necessidade de mudar, tenham a responsabilidade de deixar claro que precisamos construir um caminho. Não teremos cinco caminhos, teremos um caminho”, continuou.

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O novo secretário do governo paulista descartou a possibilidade de mudança de domicílio eleitoral ou de compor a vice em uma chapa presidencial e disse que deve disputar o cargo de deputado federal nas próximas eleições.

Seu movimento, além de fortalecer Doria, poderá auxiliar nas articulações políticas no campo do “centro”, agregando figuras relevantes deste espectro político no Rio de Janeiro. “Meu projeto no Rio é 100% vinculado ao prefeito Eduardo Paes”, destacou.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.