Reformas não avançam no Brasil porque políticos trabalham para se eleger, diz jornalista da “The Economist”

Responsável por relatório sobre o País, Sarah Maslin avalia que projetos que beneficiem a população não são prioridade da classe política

Um Brasil

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O Brasil tem dificuldade para fazer reformas e implementar políticas em benefício da população, porque os políticos, em primeiro lugar, trabalham para se eleger. Inclusive, como o País não consegue conter os privilégios dos representantes públicos, os projetos que saem do papel são os que funcionam como “moeda de troca” por votos, e não os que podem mudar a realidade da Nação, avalia Sarah Maslin, jornalista da revista britânica The Economist, responsável por um relatório especial sobre o Brasil, publicado em junho deste ano.

Vivendo no País desde 2018, Sarah diz que os entraves às reformas não são exclusivos da conjuntura atual. A jornalista foi entrevistada por UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.

“O Brasil nunca levou a série reformas de longo prazo. Sempre as fez no último momento para não quebrar, mas não reformou áreas em que poderia aprofundar a competitividade e a produtividade, além de outras que poderiam torná-lo menos dependente de commodities e mais atrativo a empresas que realmente ajudem a sustentar um crescimento de longo prazo”, comenta.

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Além disso, ela indica que o desenho do sistema político inibe a aprovação de pautas de impacto estrutural. Segundo ela, “em poucas ocasiões reformas se traduzem em votos”, de modo que os políticos preferem promover obras, utilizando-as como “moeda de troca”.

“Esta dificuldade de convencer os parlamentares a fazer reformas, muitas vezes, acaba piorando outros aspectos. Nos últimos anos, tem sido o aspecto fiscal. Para controlar o crescimento do gasto público, precisa-se dar muitos recursos públicos para o parlamentar que vota no projeto”, pontua a jornalista norte-americana.

De acordo com Sarah, o fato de as campanhas eleitorais no País serem caras “favorece quem tem recurso e poder político”. Além disso, prejudica a população, que aguarda políticas que melhorem a qualidade de vida.

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“Um pouco pelo custo tão alto das campanhas, os políticos, quando chegam a Brasília, se focam muito em ganhar a eleição mais do que em fazer políticas que beneficiem as pessoas”, destaca.

Apesar das dificuldades em âmbito político, a jornalista pontua que, diferentemente de outros países da América Latina, o Brasil conta com instituições fortes.

“No Brasil, há 30 partidos – é um caos total às vezes. Mas isso também dificulta que um presidente consiga controlar o Congresso”, frisa. “Ainda que [a quantidade de partidos] seja um obstáculo às reformas estruturais, isso ajuda a assegurar que o País não siga por caminhos menos democráticos, como El Salvador, Bolívia e Venezuela”, complementa.

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