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SÃO PAULO – O cenário macroeconômico mais desafiador, com riscos fiscais e políticos, somados a uma inflação mais alta e subida de juros, tem contribuído para um fraco desempenho de empresas de construção civil na Bolsa.
Na semana passada, em meio à maior volatilidade, as ações do setor na B3 tiveram, em média, queda de 15%. Já o Ibovespa encerrou o período no pior desempenho desde março do ano passado, com baixa de 7,3%.
Além de uma dinâmica macro pior, o micro começa a emitir alguns sinais de deterioração, com possíveis quedas de volume, menor velocidade de vendas – em especial nas unidades acima de R$ 600 mil –, e margens potencialmente mais baixas. E, com isso, analistas têm preferido se posicionar no segmento de baixa renda em vez do de média renda.
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Em relatório, o Credit Suisse se diz mais cauteloso com o setor. A avaliação é de que os valuations estão em níveis deprimidos e que o potencial de queda parece mais limitado, mas que a volatilidade macro atual, somada à uma crescente deterioração da dinâmica microeconômica, pode continuar pesando sobre o desempenho do setor.
Desde janeiro deste ano, o setor já cai 46% na Bolsa, segundo cálculos do banco suíço. Já o IMOB, índice da B3 que traz os ativos de maior negociabilidade e representatividade do setor, tem baixa de cerca de 34% no acumulado do ano.
Mas, ainda que as ações tenham caído fortemente e pareçam estar sendo negociadas a “pechincha”, o Credit diz acreditar que este não é o melhor momento de entrada.
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A casa chama atenção para os volumes mais baixos, com algumas empresas pisando no freio para lançamentos, velocidade de vendas mais baixas (prejudicada pelo aumento dos juros e preços de habitação mais elevados), além de margens menores diante dos custos de mão de obra mais altos. “Consequentemente, acreditamos que qualquer recuperação de curto prazo das ações provavelmente terá vida curta”, avaliam.
Com isso, o Credit Suisse tem dado preferência para ações de construtoras voltadas para o segmento de baixa renda em vez daquelas de média renda.
“Acreditamos que as expectativas para a baixa renda provavelmente cairão menos do que as de seus participantes de renda média. Isso porque a demanda de baixa renda deve se mostrar mais resiliente, impulsionada por um alto déficit habitacional e taxas de hipotecas fixas. Além disso, é provável que as margens brutas tenham atingido seu nível mínimo no terceiro trimestre, enquanto as de renda média devem começar a se deteriorar no próximo ano”, escrevem.
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A avaliação é compartilhada pelo Bradesco BBI, que também trocou as preferências dentro da cobertura de construção civil em resposta ao recente fluxo de notícias macro negativas.
Agora, o BBI recomenda uma postura mais defensiva que favorece nomes de baixa renda, como MRV (MRVE3), top pick da casa, e Direcional (DIRR3), à frente de nomes líquidos de média e alta renda como Cyrela (CYRE3), que continua sendo a preferida do BBI no segmento de média-alta renda.
De acordo com os analistas, MRV é a preferida no setor por combinar maior resiliência do segmento de baixa renda, cujo financiamento do FGTS afasta os efeitos diretos do aperto monetário. A alta liquidez das ações, com volume médio diário de negociações de R$ 78 milhões em 30 dias, além de uma exposição em dólar por meio de sua subsidiária americana AHS, também estão entre as justificativas.
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Já CYRE3 permanece como a principal escolha do BBI entre os players de média e alta renda, com o argumento de que o valuation ainda reflete uma interrupção nos ganhos – que não é o cenário base. O segmento, contudo, perde atratividade no novo cenário de política monetária mais rígida e crescimento mais baixo do Produto Interno Bruto (PIB), destacam os analistas.
Segundo o time de análise, CYRE3 permanece como o veículo líquido que mais se beneficia quando (e se) o cenário macro voltar a ter uma tendência positiva.
“A recente deterioração macro pode acelerar o processo de acomodação do setor, mas os preços das ações incorporam uma interrupção que ainda consideramos improvável sob as circunstâncias atuais do setor, de estoque limitado e baixa alavancagem. De fato, uma depreciação da moeda poderia causar pressões de custo ligadas às commodities, mas as perspectivas positivas de financiamento podem suavizar as altas das taxas cobradas, enquanto as perspectivas de lançamentos reduzidos devem frear a concorrência em São Paulo, uma grande preocupação do mercado até muito recentemente”, escreve o Bradesco BBI, em relatório.
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