Fundos multimercado: estudo mostra o efeito nocivo de resgatar na baixa

Dados de performance coletados desde 2007 indicam que a migração para o CDI em períodos de volatilidade resulta em retorno acumulado menor

Equipe InfoMoney

(Getty Images)
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SÃO PAULO – Alta de juros, dúvidas sobre a retomada econômica, crise política. Mudanças de cenário costumam levar o investidor a querer alterar seu portfólio – mas, dependendo de onde ele aplica, o melhor é não fazer nada.

Essa é uma das conclusões de um estudo feito pela XP sobre fundos multimercado. O estudo analisou o desempenho desses fundos, medido pelo índice IHFA, de setembro de 2007 a setembro de 2021.

Nesse período, o rendimento acumulado dos fundos multimercado foi de 311%. Mas, claro, ele não foi linear: o segmento enfrentou cinco períodos de baixa, em 2008, 2014, 2016, 2019 e 2020.

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O estudo mostra que se um investidor que, por hipótese, tivesse investido numa carteira que replica o IHFA e resgatado nesses períodos de baixa, migrando para o CDI, teria um retorno menor.

De acordo com o estudo, “os piores períodos de retornos até mesmo negativos do IHFA não duraram mais do que alguns meses e foram seguidos por períodos positivos, muitas vezes até maiores do que as perdas. Portanto, sair antecipadamente em momentos de retornos negativos não permite que o investidor capture retornos positivos em momentos posteriores, ao menos para compensar as possíveis perdas”.

Um exemplo: entre o fim de 2008 e o início de 2009, em meio à crise imobiliária americana, o retorno médio dos fundos imobiliários, sempre medido pelo IHFA, ficou abaixo do CDI.

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Mas o segmento se recuperou e, de outubro de 2008 até setembro de 2021, mesmo contando os períodos de baixa, os fundos renderam 309%, enquanto o CDI ficou em 205%.

Mais recentemente, no início de 2020, os fundos voltaram a render menos que o CDI na média. Em março do ano passado, mês que marcou o início da pandemia do coronavírus, o rendimento dos fundos ficou em 0,9%, enquanto o CDI estava em 5,5%.

Se aquele investidor hipotético tivesse desistido desse mercado em março de 2020 e partido para o CDI, teria obtido um retorno de 12,6% até setembro de 2021. Já os fundos renderam 56,6%, em média, nesse intervalo.

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“O viés da ação trata do impulso de ‘fazer algo’ mesmo sem um motivo racional. Essa é uma tendência natural do ser humano”, dizem os autores do estudo, que pode ser conferido na íntegra aqui.

“Quando analisamos esse comportamento no mundo dos investimentos, esse viés pode ser muito danoso ao investidor. Muitas vezes, isso significa realizar de forma intempestiva, irracional, o resgate de um investimento que oscila mais (maior volatilidade) em um momento de retorno negativo, como os fundos multimercados, e alocar esses recursos em ativos ou fundos mais conservadores, como os que rendem o apenas o CDI”.