No interior de SP, Bolsonaro faz discurso público e não menciona invasão da Ucrânia pela Rússia

Mourão disse que o Brasil não está neutro; pré-candidatos à Presidência em 2022 se posicionaram contra o conflito no leste europeu

Anderson Figo

O presidente Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
O presidente Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou na manhã desta quinta-feira (24) por cerca de 20 minutos em um evento em São José do Rio Preto (SP), na cerimônia de inauguração da Travessia Urbana da cidade, mas não fez nenhuma menção à invasão da Ucrânia pela Rússia.

Foi o primeiro evento público do presidente desde que a Rússia fez ataques ao país vizinho, na madrugada de ontem para hoje. Líderes de outras nações, como Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido e Argentina, já se pronunciaram contra o conflito.

De acordo com a agenda oficial do presidente, ele agora segue para São Paulo, onde vai participar da cerimônia de inauguração dos Reservatórios do Córrego Ipiranga.

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Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu o uso da força para conter a invasão russa da Ucrânia e afirmou que o Brasil já se colocou contra o ataque ao defender, na Organização das Nações Unidas, os princípios de não intervenção e soberania das nações.

“Brasil não está neutro. O Brasil deixou claro que respeita a soberania da Ucrânia, então Brasil não concorda com uma invasão”, disse Mourão.

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O vice-presidente fez um paralelo entre presidente russo, Vladimir Putin, e o ditador da Alemanha nazista Adolf Hitler e afirmou que a comunidade internacional age como em 1938, com tentativas de apaziguamento. “Putin não respeita apaziguamento”, disse.

O Itamaraty divulgou uma nota em que diz que “o governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia.”

“O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, completa a nota do ministério de Relações Exteriores.

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Lula, Moro, Tebet, Doria

Em meio ao silêncio de Bolsonaro, outros pré-candidatos à Presidência em 2022 se pronunciaram sobre o conflito no leste europeu. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia e afirmou que falta representatividade hoje às Nações Unidas para evitar conflitos como esse.

“É lamentável que, na segunda década do século 21, a gente tenha países tentando resolver suas divergências, sejam territoriais, políticas ou comerciais, através de bombas, de tiros, de ataques, quando deveria ter sido resolvido numa mesa de negociação” afirmou em uma entrevista a duas rádios do entorno do Distrito Federal.

No Twitter, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos, afirmou que “a paz sempre deve prevalecer”. “Repudio à guerra e à violação da soberania da Ucrânia”, escreveu.

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O pré-candidato do PSDB à Presidência João Doria também usou o Twitter para se expressar sobre o conflito: “Condenável a invasão da Ucrânia pela Rússia. Guerra nunca é resposta a nada. Ninguém ganha quando a violência substitui o diálogo. Muitos acabam pagando pelas decisões de poucos. O que está em jogo são milhões de vidas humanas. Mais do que nunca o mundo precisa de paz.”

A pré-candidata à Presidência pelo MDB Simone Tebet também disse que o mundo precisa de paz. “O mundo precisa ainda mais de paz neste momento de pandemia. Os impactos do conflito na Ucrânia já são sentidos em todos os países. A reação negativa das bolsas de valores e alta no preço do petróleo vão gerar recessão, mais inflação e mais fome no Brasil”, escreveu no Twitter.

“O Itamaraty precisa prestar assistência imediata aos brasileiros, garantir sua segurança e tirá-los da área de conflito. E o governo federal precisa deixar claro que nosso respeito é à soberania e aos princípios de não intervenção territorial e que estaremos lutando por uma solução de paz, através do diálogo e da diplomacia”, completou.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.