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As taxas dos títulos públicos operam em queda na tarde desta quarta-feira (27). Títulos prefixados e atrelados à inflação apresentam rentabilidades menores.
Segundo Cristiane Quartalori, economista do Banco Ourinvest, o alívio na curva de juros hoje é momentâneo, puxado pelos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) que fixou abaixo do esperado pelo mercado.
O indicador acelerou 1,73% em abril, maior taxa para o mês em 27 anos.
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Ela destaca que isso acabou contribuindo com uma menor pressão para a curva de juros. “Embora a inflação ainda esteja em um patamar bastante elevado, essa sinalização de curto prazo acabou sendo positiva para os juros”, avalia.
No entanto, Cristiane reforça que as projeções da inflação para 2023 subiram no último relatório Focus, abrindo espaço para que o Banco Central eleve a Selic acima do previsto. “Esse alívio pode ser momentâneo”, defende.
Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era nas taxas do título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia um retorno anual de 12,08%, inferior aos 12,19% vistos ontem.
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Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam um retorno anual de 12,13% e 12,23%, respectivamente, abaixo dos 12,18% e 12,27% registrados na sessão anterior.
Nos títulos atrelados ao IPCA, o movimento também era de queda nas taxas.
O Tesouro IPCA+ 2026 oferecia um retorno real de 5,37%, inferior aos 5,39% da terça-feira (26).
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Enquanto o Tesouro IPCA+ 2035 e o Tesouro IPCA+ 2045 apresentavam um ganho real de 5,64%, abaixo dos 5,66% vistos ontem.
Os outros títulos atrelados ao IPCA operavam com estabilidade nas taxas.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (27):
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IPCA-15
Um dos destaques da agenda local está nos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que acelerou 1,73% em abril. Trata-se da maior variação mensal desde fevereiro de 2003 (2,19%) e a maior alta para abril desde 1995 (1,95%).
Com isso, o IPCA-15 agora acumula alta de 4,31% no ano e de 12,03% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O resultado ficou 0,78 ponto percentual acima da taxa de março (0,95%), mas veio abaixo da expectativa do mercado (o consenso Refinitiv projetava uma alta mensal de 1,85% e anual de 12,16%).
A alta em abril foi puxada exatamente pelo setor de transportes (3,43%), principalmente pelo aumento no preço da gasolina. O combustível subiu 7,51% no mês e contribuiu com o maior impacto individual no índice (0,48 ponto percentual). Também subiram os preços do óleo diesel (13,11%), do etanol (6,60%) e do gás veicular (2,28%).
Novo risco altista
O avanço abaixo do esperado para a prévia da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), em abril, trouxe alívio para alguns gestores, que receberam o indicador como uma notícia positiva.
Luiz Eduardo Portella, sócio fundador da gestora Novus Capital, é um deles. Para ele, o risco altista da inflação é o câmbio. “Porém”, diz, “o juro alto no Brasil – que pode chegar a 13,25% nas contas da casa – será capaz de segurar uma apreciação maior do dólar frente ao real”.
Segundo os cálculos da Novus, a divisa americana deve encerrar o ano em R$ 4,70. Em sua visão, a apreciação mais recente da moeda tende a ser passageira e está ligada ao fato de que quando o dólar estava entre R$ 4,70 e R$ 4,80, as assets venderam bastante moeda americana.
De acordo com Portella, o ponto é que com a China tentando segurar o enfraquecimento de sua economia e os Estados Unidos em uma situação mais confortável, o mercado externo comprou dólar e passou por um movimento de stop [parada] grande. “Acho que quando acabar esse stop, o mercado deve se reequilibrar porque o juro no Brasil vai seguir alto e isso pode segurar o dólar”, reforçou o sócio da Novus.
Confira entrevista completa:
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