Banco Inter (BIDI11) espera expansão do crédito em 50% este ano; ações fecham em alta

Para 2023, segundo o CEO da empresa, a depender do cenário macroeconômico, expansão pode ser maior

André Cabette Fábio

Fonte: Divulgação
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O CEO do Banco Inter (BIDI11), João Vitor Menin, afirmou nesta terça-feira (17) que a empresa busca ter um portfólio de crédito diversificado com cinco ou seis verticais – como cartão, hipotecas e folha de pagamento – e disse esperar crescimento deste segmento acima de 50% em 2022.

“Talvez mais em 2023 (crescimento de crédito), dependendo do cenário macroeconômico, por ter bom financiamento, bons produtos colaterizados”, afirmou Menin, durante teleconferência com analistas para comentar o aumento de 31% do lucro do Inter no primeiro trimestre, para R$ 27,470 milhões.

As units BIDI11 do Banco Inter saltaram na largada do pregão, depois recuaram, mas voltaram a se valorizar, fechando a sessão em alta de 1,56%, a R$ 15,67.

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Segundo Menin, no final de 2021 a empresa passou a buscar o portfólio de crédito, em especial com clientes que permanecem mais tempo na empresa. Apesar disso, afirmou que não espera que o portfólio de crédito tenha uma distribuição muito diferente da atual.

Questionado sobre o custo do crédito, Alexandre Riccio de Oliveira, CFO do Banco Inter, reconheceu que houve um crescimento do NPL (créditos não produtivos), a 5%, e deve continuar nesse nível no decorrer do ano, sem crescimento adicional.

Aquisição de clientes

Aos analistas, Menin afirmou que a empresa registrou o seu melhor primeiro trimestre em termos de adição de clientes no Brasil. Ele ressaltou que este não foi o melhor momento possível para adquirir clientes, por conta de fatores como Carnaval e feriados.

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Entretanto, o executivo se disse confiante de que a empresa continuará avançando nos próximos trimestres. “O ritmo de avanço não deve ser na mesma taxa composta, mas o engajamento e a qualidade dos clientes devem ser maiores”, afirmou.

Questionado sobre alavancagem operacional e lucratividade, Helena Lopes Caldeira, diretora financeira e de relações com investidores do Banco Inter, afirmou que a empresa acredita estar em um “tipping point” (momento de virada), após forte crescimento nos últimos anos.

Assim, disse esperar alta de receita com o amadurecimento da base de clientes a partir observações de outras instituições financeiras que têm um desempenho médio mais elevado por cada usuário mais antigo.

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A receita também deve ser impulsionada por participação de mercado e escala dos produtos que já possui, como Inter Shop, por exemplo.

Quanto a gastos, afirmou que há alavancagem operacional vindo “de todo lugar”, como gastos pessoais. Neste ano, a expectativa é de que haja crescimento marginal. Ela disse que não há guidance, no entanto, sobre os indicadores.

Presença nos EUA

Durante a teleconferência, o CEO do Banco Inter, João Vitor Menin, afirmou que a empresa não precisa de M&A (fusões e aquisições) para oferecer uma boa proposição de valor nos Estados Unidos, onde já possui presença suficiente.

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Semana passada, os acionistas do Banco Inter aprovaram a proposta de reorganização societária e migração das ações da companhia para a bolsa americana Nasdaq.

A listagem foi aprovada com voto favorável de mais de 85% das ações em circulação da companhia, em assembleia geral extraordinária (AGE). O banco digital vai migrar 100% das ações para os Estados Unidos.

Segundo ele, a empresa não tem nenhuma meta específica para suas operações internacionais e ressaltou que a companhia conta com todas as licenças para operar os negócios “day to day” (cotidianos) em 45 estados no país. Adicionalmente, afirmou que a empresa pretende trabalhar com os negócios que já oferece no Brasil.

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A diretoria destacou o desempenho do Usend, que caracterizou como um produto de alta receita e recorrência, usado para clientes enviarem dinheiro de um país para o outro, cujo centro do negócio são remessas de brasileiros dos Estados Unidos para o Brasil, processo que ocorre em média duas vezes por mês.

Nas próximas semanas, a empresa lançará um aplicativo único que tornará mais fácil operar ao se locomover de um país ao outro. Em 2021, o Usend operou próximo de US$ 50 milhões, e desde então há um crescimento significativo, de 100%.

Ele afirmou que a empresa busca levar aos Estados Unidos produtos para transações para o Usend, por baixos custos adicionais.

Análise do balanço Inter

Em análise dos resultados, o UBS destacou o desempenho do marketplace do Banco Inter como um dos pontos positivos do balanço, em meio a um “trimestre difícil”. A instituição tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 42,00.

“Alguns números operacionais já foram divulgados (índice de inadimplência e base de clientes, por exemplo), o que reduz as surpresas do resultado trimestral, mas é possível destacar a evolução positiva da taxa de captação líquida do marketplace e a desaceleração material do carteira de empréstimos”, resume.

O cenário macro, com inflação mais alta e expansão modesta, está reduzindo o crescimento dos empréstimos e pode postergar a expansão do ROAE do Inter, diz o UBS, que também ressalta que o banco está sendo negociado a um valor de mercado abaixo de US$ 150 por cliente, bem abaixo de outros bancos brasileiros (desafiantes e incumbentes).

Lucro antes de imposto negativo

Analistas do Bradesco BBI destacam que o lucro antes do imposto (EBT, na sigla em inglês) recorrente foi negativo em R$ 36 milhões no trimestre, piorando em relação aos -R$ 13 milhões no trimestre anterior, impactado principalmente por valores de NII mais fracos e forte crescimento das despesas de provisionamento, ficando bem abaixo das estimativas do banco, de R$ 5 milhões.

O BBI acrescentou que o mercado pode encarar os resultados como negativos, principalmente por conta da expectativa do consenso de R$ 190 milhões de lucro líquido para 2022, o que parece muito desafiador de ser alcançado neste momento.

A equipe de análise do BBI também acredita que o mercado está cada vez mais preocupado com a rentabilidade em meio ao cenário atual de taxas de juros mais altas, o que impacta principalmente em empresas de alto crescimento.

Dito isso, os desafios de monetização dos clientes e melhoria da rentabilidade devem continuar pesando sobre as ações. Mesmo assim, o banco mantém classificação outperform para o papel, com preço-alvo de R$ 34.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney