Oi (OIBR3) espera fim de recuperação judicial em poucas semanas para reposicionar marca e focar em fibra; ações sobem

A conclusão da RJ depende da sentença do juiz; a empresa reverteu prejuízo no primeiro trimestre do ano

Vitor Azevedo Mitchel Diniz

(Foto: Reprodução)
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Em teleconferência dos resultados do primeiro trimestre de 2022, números que foram adiados por mais de uma vez, executivos da Oi (OIBR3;OIBR4) disseram esperar que o fim da recuperação judicial aconteça dentro de poucas semanas. A conclusão depende da sentença do juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.

Após a aprovação do fim da RJ, a Oi afirmou que espera focar mais em seus nos novos negócios, se desprendendo judicialmente de amarras estipuladas pela Justiça, além de trabalhar o reposicionamento da nova marca.

“Em relação aos pagamentos bancários, estamos trabalhando em nossa liquidez para alcançar o caixa mínimo que nós precisamos ter até dezembro. Precisamos de alguns meses para finalizar as discussões em relação a venda da Oi Móvel e da InfraCo, para ver se haverá algum ajuste de preço que reduza nossa liquidez”, afirmou Cristiane Barretto Sales, CFO da companhia.

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Com o fim de recuperação judicial previsto para as próximas semanas, Rogério Takayanagi, diretor de Estratégia e Experiência do Cliente, disse que a Oi deve focar em investimentos no novo core business.

Ele acrescentou que a empresa “surfará” ainda se conseguir “largar os sistemas de concessão para passar para um sistema de autorização”, com desconto em sua margem Ebitda e também focando seu capex [montante de dinheiro despendido na aquisição de bens de capital] para o serviço de fibra.

Durante a apresentação do balanço e conversa com os analistas, os executivos também falaram sobre novidades no portfólio. Segundo, Takayanagi, a oi_fibra X, lançada no primeiro trimestre deste ano, irá focar em entregar qualidade de conexão em todos os cômodos de uma casa, evitando problemas de conectividade WiFi e mirando na “internet das coisas”.

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Na frente de desinvestimentos, a Oi espera avançar com a venda de seus ativos de TV para a Sky, tendo já iniciado a troca de documentos – isso dentro das definições impostas pela recuperação judicial.

“Desde o início, nossa ideia no plano de recuperação é que essa transação neutralize os nossos gastos com a contratação de satélites. Projetamos algo próximo a R$ 20 milhões”, explicou Rogério Takayanagi, Diretor de Estratégia e Experiência do Cliente. “É um negócio complicado, que exige escala e investimento”.

O administrador da recuperação judicial da Oi apresentou o quadro geral de credores (QGC) da companhia à Justiça na última segunda-feira (27). Agora, a Justiça vai abrir vista do processo ao Ministério Público, que precisa se manifestar sobre o relatório apresentado.

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Reversão do prejuízo

A Oi registrou lucro líquido de R$ 1,782 bilhão nos primeiros três meses de 2022, revertendo prejuízo de R$ 3,038 bilhões do mesmo trimestre de 2021, informou a companhia na madrugada desta quarta-feira (29).

A companhia atribui o lucro ao resultado financeiro líquido positivo de R$ 1,87 bilhão e uma despesa de Imposto de Renda e contribuição social no valor de R$ 363 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de rotina cresceu 9,9% nos primeiros três meses deste ano, totalizando R$ 1,252 bilhão.

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Já a receita líquida operacional no primeiro trimestre de 2022 foi de R$ 4,41 bilhões, praticamente em linha com os R$ 4,45 bilhões do ano passado.

A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) de rotina atingiu 28,4% nos três primeiros meses do ano, alta de 2,8 p.p. frente a margem registrada em 1T21.

Resultados foram bem recebidos

Na avaliação de Fabiano Vaz, analista da Nord Research, a Oi já vinha apresentando bons números pelo lado operacional nos últimos trimestres.

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“Se a gente olhar para o que vai ser essa nova companhia, o que essa nova Oi está se propondo a ser em relação a fibra para o varejo e pessoa jurídica, vemos uma expansão bem interessante. Eles conseguem crescer a fibra mais do que a queda das operações continuadas, telefonia fixa e banda larga por cobre”, afirma.

Vaz explica que o legado das operações continuadas ainda pesa nos resultados finais e, por isso, ainda não é possível ver um crescimento mais robusto.

“Foi um trimestre muito importante com a venda da Oi Móvel e controle da V.Tal. No próximo trimestre, vamos ver algumas dívidas saindo do balanço, então vamos ver uma empresa com o endividamento mais baixo. Ainda longe do ideal, mas já é um avanço bem interessante”, diz o analista.

A Genial também fez uma avaliação positiva dos resultados e elevou a recomendação para OIBR3, de “manter” para “comprar”. O preço-alvo ficou em R$ 1,10 (com potencial de upside de 103,7% em relação ao fechamento desta terça-feira (28)).

“Do lado operacional, a companhia apresentou melhoras de margem na comparação anual, corroborada por uma redução eficaz de custos, sem contar a forte expansão dentro do mercado de fibra”, diz a análise.

Porém, segundo os analistas, a alteração do rating foi mais baseada na forte desvalorização da ação ao longo do ano, ao mesmo tempo em que os grandes riscos regulatórios foram superados e a questão da dívida “passa a ser endereçada”.

Às 15h07 (horário de Brasília) desta quarta-feira, os papéis OIBR4 subiam 5,77%, a R$ 1,10. As ações OIBR3, mais líquidas, subiam 3,70%, a R$ 0,56.

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