Bitcoin perde força e não supera US$ 20 mil com pessimismo em relação a julho; mais exchanges bloqueiam saques

O Bitcoin (BTC) ensaiou recuperação ontem e chegou a se aproximar de US$ 21 mil, mas o rali perdeu força rapidamente e a criptomoeda abre esta terça-feira (5) abaixo dos US$ 20 mil. Considerando a cotação de 24 horas atrás, porém, o ativo registra ganhos de 1,8%, e vai a US$ 19.736. Com exceção de Ethereum (ETH) e Binance Coin (BNB), que sobem 5,4% e 4,1%, demais criptos de maior valor de mercado são negociadas perto da estabilidade.

Analistas já alertavam que qualquer movimento do BTC na segunda-feira (4) seria artificial dado o baixo volume dos mercados com Wall Street fechada pelo feriado nos Estados Unidos. O rali de curta duração segue refletindo o pessimismo dos investidores após o encerramento do pior trimestre da história e do pior mês em 11 anos da criptomoeda, e diante de um mês de julho que costuma trazer mais baixas – a mínima do ano passado, perto dos US$ 28 mil, foi atingida nesse mês.

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Analistas seguem apontando como preocupante a saúde das empresas de criptomoedas após a descoberta de possível insolvência do hedge fund Three Arrows Capital (3AC). Após pedir falência em Nova York para sua filial nas Ilhas Virgens Britânicas, o fundo de criptomoedas foi flagrado escondendo sua relação com uma mesa OTC (mercado de balcão) em Cingapura. A suspeita é que o 3AC esteja ocultando patrimônio de credores e autoridades.

Além disso, após Celsius e Voyager, mais duas exchanges anunciaram interrupção de saques: a CoinLoan, que limitou em 99% o tamanhos dos saques permitidos na plataforma, e a Vauld, que bloqueou totalmente as retiradas de clientes citando “desafios financeiros”.

Em meio à crise, a plataforma de empréstimos Nexo teria assinado um acordo para fechar a compra de até 100% da Vauld, e já inicia um processo de diligência. “Temos que ver exatamente o que está nos livros deles e vai demorar um pouco”, disse o cofundador da Nexo, Antoni Trenchev, ao The Block.

Há cerca de duas semanas, o CoinDesk informou que a Nexo estava buscando financiamento do Citigroup para consolidar plataformas rivais atingidos pela recente desaceleração do mercado.

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Diante desse cenário, não é surpresa que o Índice de Medo e Ganância do Bitcoin, que mede o sentimento de mercado relacionado à criptomoeda, permaneça em território de “medo extremo”.

“O Bitcoin esteve sob pressão por quase toda a semana passada”, afirma o analista de mercado sênior da FxPro, Alex Kuptsikevich. “Um breve salto no início do dia 1º de julho foi mais provável devido à empolgação emocional do início de um novo período (mês, trimestre, semestre), em vez de mudanças fundamentais na situação”.

Para o trader e investidor Vinícius Terranova, o encerramento do pior trimestre da história do Bitcoin, entre abril e junho, é mais uma pista de que o ciclo atual é diferente dos anteriores, e de que fica cada vez mais difícil usar dados históricos para tentar prever a trajetória de preço da criptomoeda.

“O Bitcoin vem sendo negociado como uma ação de tecnologia, e abrimos e fechamos duas semanas abaixo da média móvel de 200 [semanas], algo inédito”, apontou.

A falta de evidências convincentes de que a inflação está sob controle e a economia global não entrará em recessão também faz parte do pacote de receios que freiam qualquer chance de recuperação do mercado tradicional, o que acaba impactando no Bitcoin.

“Sinais cada vez maiores de que a economia mundial está entrando em uma desaceleração sincronizada, o que significa que os países não podem mais contar com uma recuperação das exportações para o crescimento, também nos levaram a prever várias recessões”, escreveram analistas da gigante de serviços financeiros japonesa Nomura.

Susannah Streeter, analista de mercado da Hargreaves Lansdown, ressalta que “a cautela geral ainda domina o jogo, e que “investidores ainda tentam se curar de tantos baques no primeiro semestre do ano”.