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O conteúdo a seguir foi enviado na sexta-feira (12) aos assinantes da newsletter do InfoMoney. Para receber as próximas edições da newsletter, inscreva-se gratuitamente deixando seu e-mail no quadro abaixo:
Os dividendos elevados distribuídos por várias empresas listadas na B3 nos últimos meses, com destaque para as do segmento de commodities, está chamando atenção dos investidores – que têm procurado compreender melhor como funciona a dinâmica de pagamento de proventos pelas companhias.
Nas redes sociais do InfoMoney, esse foi um assunto comentado durante a semana, dado que está em andamento uma distribuição de dividendos recordes pela Petrobras. A empresa vai pagar a seus acionistas R$ 6,73 por ação, relativos aos resultados obtidos no segundo trimestre de 2022. E quinta-feira (11) foi a data de corte – ou “data com” – para assegurar o recebimento desse valor.
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Significa que quem tinha as ações preferenciais ou ordinárias da estatal na carteira nessa data fará jus ao pagamento. A partir da última sexta-feira (12), a ação passou a ser negociada “ex dividendos” – ou seja, sem direito a receber esses proventos.
Um aspecto que alguns investidores começaram a notar é o fato de que as cotações das ações diminuem nos momentos em que as empresas fazem os pagamentos – o que já aconteceu com os papéis da Petrobras. Por quê?
O leitor Fernando Freitas foi além, e questionou o InfoMoney sobre uma estratégia de investimentos adotada por muita gente nesses períodos.
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Confira a resposta enviada aos leitores na edição de sexta-feira (12) da newsletter diária do InfoMoney – a InfoMoney Responde:
• Qual a vantagem de investir para receber os dividendos, se a ação depois cai na mesma proporção do pagamento?
Fernando Freitas
Comecemos do princípio. Os dividendos são a parcela do lucro líquido que uma empresa distribui aos seus acionistas. O pagamento é realizado com os recursos mantidos pela companhia no seu caixa.
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O caixa, por sua vez, é um dos itens que compõem o patrimônio de uma empresa – assim como suas instalações físicas ou seus estoques, por exemplo. E o valor do patrimônio é um elemento considerado na conta dos investidores para decidir por quanto irão negociar as ações da companhia no mercado.
Quando distribui dividendos, a empresa precisa tirar dinheiro do caixa para pagar os valores prometidos aos acionistas. Portanto, é como se uma parte do seu patrimônio “sumisse”, porque foi entregue aos investidores.
Para refletir esse fluxo, os preços das ações são ajustados, excluindo o valor dos dividendos. Você talvez já tenha percebido isso acompanhando as cotações na sua plataforma de investimentos ou em sites especializados, como o InfoMoney.
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O ajuste é feito antes mesmo do depósito em si dos dividendos. Ele acontece na “data ex”, dia a partir do qual as ações passam a ser negociadas no mercado sem direito a receber os proventos anunciados.
No caso da Petrobras, as ações se tornaram “ex dividendos” nesta sexta-feira (12). Quem acompanhou o pregão durante a quinta (11) viu que os papéis preferenciais fecharam cotados a R$ 36,25. Na sexta, porém, a cotação de fechamento indicada nas plataformas de investimentos para quinta era de R$ 29,58 (confira na página da Petrobras no InfoMoney).
A diferença é de R$ 6,67, praticamente o mesmo valor que será distribuído por ação em proventos.
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A redução da cotação não significa que a ação desvalorizou. “O ajuste por dividendos é aplicado sobre toda a série histórica de preços do papel”, explica Wagner Salaverry, sócio-diretor de renda variável da gestora Quantitas.
Por isso, em termos financeiros, diz Salaverry, o investidor continua tendo exatamente o mesmo valor. “Se tenho uma ação que custa R$ 10 e ela distribui dividendos de R$ 2, continuo tendo R$ 10, mesmo que sua cotação reduza para R$ 8”, diz. “A diferença é que passarei a ter uma ação de R$ 8 e mais R$ 2 na mão, para fazer o que quiser – até mesmo comprar mais ações”.
Por isso, em sua visão, a estratégia de adquirir ações perto da “data com” com vistas a receber os dividendos anunciados não vale a pena do ponto de vista financeiro, já que não há uma “criação de valor” no momento da distribuição.
Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, reconhece que não há benefícios financeiros, mas pode haver uma vantagem tributária. Isso porque dividendos são isentos de Imposto de Renda, mas o ganho de capital obtido na venda de ações não é.
“Imagine que o investidor comprou uma ação por R$ 100 e ela foi ajustada para R$ 99,50, porque distribuiu R$ 0,50 em dividendos. Se o investidor vendê-la no mercado por R$ 99,50, perante a Receita Federal terá tido um prejuízo”, mesmo que não tenha havido perda financeira de fato, diz Paletta.
Nesse caso específico, diz o analista, no final das contas, o investidor não terá tido de pagar IR sobre os R$ 0,50 distribuídos como dividendos e, além disso, poderia abater os prejuízos (fiscais) acumulados do imposto devido em outras operações na Bolsa – essa compensação está prevista nas regras da Receita Federal, confira detalhes no guia do InfoMoney sobre como declarar ações.
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