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Nos últimos dez anos, fundos de previdência de renda fixa e multimercados praticamente empataram na rentabilidade entregue aos investidores, apesar de contarem com níveis de risco distintos entre si. Além disso, na média, ambas as classes perderam para a taxa do CDI (referência de desempenho) no período.
A conclusão é de um levantamento realizado pela fintech Onze, gestora independente de fundos de previdência, a partir dos dados relativos a 510 carteiras que somam um patrimônio total de R$ 364 bilhões.
De acordo com a análise, os fundos de previdência de renda fixa renderam, na média, 7,28% ao ano na última década – praticamente o mesmo (embora ainda com uma pequena vantagem) que os multimercados, com retorno médio de 7,22% ao ano no período. O CDI, por sua vez, foi de 8,39% ao ano.
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Dos 510 fundos de previdência analisados, 59 – equivalentes a 11,6% do total – conseguiram retorno acima do CDI.
Confira a rentabilidade média dos fundos de previdência de renda fixa e multimercados nos últimos dez anos:
Categoria de fundo de previdência | Rendimento médio acumulado em dez anos | Rendimento médio anualizado em dez anos |
Renda fixa | 101,80% | 7,28% |
Multimercado | 100,90% | 7,22% |
CDI | 123,90% | 8,39% |
Fonte: Onze. Considera 510 fundos (199 de renda fixa e 311 multimercados) no período de 01/06/2012 a 31/05/2022.
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De acordo com o levantamento, um dos principais fatores que influenciaram o desempenho foi a taxa de administração cobrada pelos fundos de previdência. “Historicamente, a previdência privada é reconhecida por ter muitos fundos que cobram taxas de administração extremamente altas, principalmente no caso de fundos oferecidos pelos grandes bancos”, diz o documento.
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A análise procurou capturar o peso desse efeito sobre a performance, agrupando os fundos por quartis de taxa de administração. A conclusão é de que, na média, quanto menores os custos, maiores as rentabilidades obtidas.
Entre os fundos de renda fixa, por exemplo, aqueles incluídos entre os 25% de menor taxa de administração (primeiro quartil, com taxas de até 0,80% ao ano) apresentaram retorno médio de 7,9% ao ano. Já os do quarto quartil (25% maiores taxas de administração, a partir de 1,80% a ano) tiveram ganhos anuais de 6,2%, na média.
Os resultados são semelhantes entre os fundos multimercados. As carteiras incluídas no primeiro quartil (taxas de até 1,10% ao ano) renderam, na média, 8% ao ano. Em contrapartida, as do quarto quartil (acima de 2,01% ao ano) apresentaram retorno médio de 6,3% ao ano.
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Confira a rentabilidade média dos fundos de previdência de renda fixa e multimercados por quartil de taxa de administração:
Categoria | 1º quartil de taxa de administração | Rendimento médio anualizado no 1º quartil | 2º quartil de taxa de administração | Rendimento médio anualizado no 2º quartil | 3º quartil de taxa de administração | Rendimento médio anualizado no 3º quartil | 4º quartil de taxa de administração | Rendimento médio anualizado no 4º quartil |
Renda fixa | Até 0,80% a.a. | 7,9% | 0,80% a 1,25% a.a. | 7,8% | 1,25% a 1,80% a.a. | 7,0% | Acima de 1,80% a.a. | 6,2% |
Multimercado | Até 1,10% a.a. | 8,0% | 1,10% a 1,53% a.a. | 7,4% | 1,53% a 2,01% a.a. | 6,8% | Acima de 2,01% a.a. | 6,3% |
Fonte: Onze. Considera 510 fundos (199 de renda fixa e 311 multimercados) no período de 01/06/2012 a 31/05/2022.
Na visão de Samuel Torres, analista de investimentos e consultor financeiro responsável pelo levantamento da Onze, os resultados sugerem que o caminho para investir para a aposentadoria envolve duas preocupações principais: “O investidor deveria diversificar o portfólio e analisar muito bem os fundos que escolher, pois, na média, os multimercado não têm justificado o risco adicional”, afirma. “Contudo, há boas opções que apresentam performance superior e consistente”.
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Nem todos os fundos com taxas de administração elevadas são ruins em termos de rentabilidade – 16 das 59 carteiras que conseguiram superar o CDI estão no terceiro e no quarto quartis de custos, com as maiores taxas do mercado.
Porém, via de regra, “fundos com taxas de administração muito acima da média devem realmente ser evitados, pois diminuem a probabilidade de obtenção de bons retornos”, diz o levantamento, ponderando que carteiras com taxas próximas à média, mesmo que um pouco acima, devem ser analisadas segundo critérios adicionais – como histórico do fundo e da gestora, histórico do time de gestão e composição da carteira do fundo.
Se no longo prazo fundos de renda fixa e multimercados empataram nos ganhos, no curto a gangorra da performance aparece com mais força. Torres, da Onze, ressalta que os fundos multimercados acumularam um retorno levemente mais positivo que os de renda fixa no primeiro semestre em função do avanço das ações nos primeiros três meses, parcialmente compensados pelas quedas registradas nos três meses seguintes. Já os fundos de renda fixa sofreram os impactos da marcação a mercado dos títulos, dado o avanço das taxas de juros, que pressionam os preços para baixo.
“O primeiro semestre relembrou (ou mostrou) para os investidores a importância de entender seu perfil de investidor e escolher investimentos que estejam alinhados a ele”, disse . “Muitos que se acreditavam arrojados no momento de alta dos ativos se sentiram bastante desconfortáveis no momento de baixa, o que levou vários a se desfazerem de ativos de risco no pior momento, tendendo ao comportamento de vender na baixa e comprar na alta”.
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