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SÃO PAULO – Apesar de toda a volatilidade e da forte queda recente, por conta dos escândalos de corrupção que envolvem a Petrobras (PETR4), de acordo com a Coinvalores, se assumirmos que as cotações do barril de petróleo irão manter a exploração comercial do pré-sal viável; que nem a estatal e tampouco o Brasil deixarão de ser grau de investimento; e a diretoria de governança, risco e conformidade irá desempenhar um papel importante; tanto a Petrobras, como o setor de petróleo terão um futuro interessante.
O setor de petróleo vive mais um momento histórico e, dessa vez, a queda de preços é notícia. Mesmo com a situação não sendo das melhores no oriente médio e norte da África, em 2014 ficou bem claro que estamos diante de um movimento de queda estrutural dos preços de petróleo. Não por conta de uma tendência de paz mundial, mas por condições estruturais de oferta e demanda. Não custa lembrar, que, após o segundo choque do petróleo de 1979, o preço médio do barril “explodiu” chegando a US$ 40, e atualmente as cotações entre de US$ 70 e US$ 80 tem preocupado.
É notório que a comparação acima, foi meramente ilustrativa, sobretudo porque se tratam de momentos históricos distintos. Também é verdade que ao longo do tempo a tecnologia avançou, novos produtores surgiram e novas reservas foram descobertas, o Brasil que o diga. A questão é que daqui pra frente, o fator “geopolítico” na precificação do ouro negro deve ser cada vez menor. Nesse sentido, destaca-se a produção dos EUA, que associada a outros fatores modificaram dramaticamente o cenário de precificação do petróleo.
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O turn point da produção norte americana originou-se há pouco mais de uma década atrás, quando algumas empresas desenvolveram sistemas de exploração combinando perfuração horizontal com a tecnologia do faturamento hidráulico. Entre 2008 e 2012 a produção de shale gas cresceu mais de 10 vezes, enquanto que no caso do petróleo a produção de fontes não convencionais aumentou quase quatro vezes entre 2008 e 2013, segundo relatório da Associação Nacional do Petróleo (ANP).
Assim, daqui por diante, a corretora espera continuidade de crescimento da produção dos EUA, alguma resistência por parte dos países pertencentes à OPEP, que de forma alguma querem perder mercado para os norte-americanos, ao menos no curto prazo, refletindo-se em continuidade de pressão nas cotações.
A questão em voga é interpretar as consequências da decisão tomada pela OPEP de não diminuir a oferta de petróleo. Países como Venezuela, Irã, Rússia e Líbia, por exemplo, são economias em que as receitas do petróleo são parte importante do orçamento público. Caso o patamar de preços continue muito baixo, pode haver maior pressão por parte desses países para que os outros países produtores decidam pela redução da oferta. Resta saber se até o meio de 2015 (quando haverá o próximo encontro da OPEP) os EUA continuarão aumentando sua produção. Se continuarem na mesma toada, serão os novos “agentes estabilizadores”, caso contrário, poderemos observar alguma recuperação de preços, tanto por conta de menor avanço produtivo nos EUA como por “pressões de orçamento público” de países da OPEP.
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Assim, no curto/médio prazo, a pressão sob as cotações permanece e no longo prazo o dilema share no mercado de petróleo versus saúde econômica dos países da OPEP, pode determinar um cenário de sustentação de preços num patamar um pouco maior. Estimativas da U.S. Energy Information Administration (EIA) indicam que os preços ficarão em torno de US$ 70/barril ao longo de 2015. Nesse contexto, a Petrobras se beneficia no curto prazo, incorrendo em menores custos de importação de derivados (segmento de abastecimento tem sido o “tendão de Aquiles” da companhia há um bom tempo), mas pode ver-se numa situação complicada (de redução de investimentos e até inviabilidade da exploração do pré-sal) no longo prazo caso as cotações atinjam patamares muito mais baixos. Não é o caso. O “número mágico” da Petrobras gira em torno de US$ 50/ barril. Cotações acima desse valor mantém a viabilidade da exploração do pré-sal.
A Coinvalores lembrou ainda que o plano de investimentos da companhia para os próximos 5 anos é de US$ 220,6 bilhões sendo que cerca de 70% desse montante destina-se somente à exploração e produção. Além desse “detalhe”, alguns outros problemas se colocam, a saber: Divulgação do balanço auditado; Risco de perda do grau de investimento; Atualização / Diminuição do plano de investimentos ao longo dos próximos anos. Até o desfecho dessas situações a companhia deverá sofrer em bolsa, sobretudo pela desconfiança desencadeada pelos escândalos de corrupção. Enquanto isso, o setor continua sendo destino da maior parte dos investimentos previstos para 2015. Segundo expectativas do BNDES no horizonte 2015-2018 deve haver investimentos da ordem de R$ 509 bilhões, um crescimento de 42,1% frente ao realizado entre 2010 e 2013.
“Assumindo que as cotações do barril de petróleo mantenham a exploração comercial do pré-sal viável, que nem a Petrobras tampouco o Brasil deixem de ser grau de investimento e a diretoria de governança, risco e conformidade desempenhe um papel importante, tanto a Petrobras, como o setor de petróleo continuam com um futuro interessante”, finalizou a Coinvalores.