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Na esteira do bom desempenho da Bolsa em agosto, o índice de dividendos da B3 (Idiv) engatou a segunda alta mensal consecutiva, pela primeira vez no ano. O indicador avançou 4,3% no período, aos 7.062 pontos, ampliando para 11,2% a valorização acumulada em 2022. No mesmo intervalo, o Ibovespa apresentou ganho de 4,5%.
Na revisão que marca a entrada no terceiro trimestre, as corretoras pesquisadas pelo InfoMoney realizaram mais mudanças nas carteiras recomendadas de dividendos em relação ao acompanhamento anterior. De um universo de 77 ações, 17 foram substituídas (22%) em setembro, ante dez em agosto (13%).
O rodízio de papéis trouxe quatro novas empresas ao rol de destaques neste mês: CPFL Energia (CPFE3), Energias do Brasil (ENBR3), TIM (TIMS3) e Vibra Energia (VBBR3) – todas empatadas com quatro apontamentos. Em contrapartida, saíram do ranking das mais citadas as ações de Engie (EGIE3) e Minerva (BEEF3).
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A liderança das recomendações – agora isolada – permanece com a Vale (VALE3), com seis indicações. O Banco do Brasil (BBAS3) deixou um dos portfólios no comparativo com agosto e caiu para a vice colocação, com cinco recomendações.
Presente em quatro portfólios monitorados, a Petrobras (PETR4) também perdeu uma indicação, mas sustenta a presença entre os destaques – fechando a lista das sete companhias mais lembradas para setembro.
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De forma geral, mesmo após o forte desempenho visto em agosto, o BTG Pactual avalia que o Ibovespa ainda vem sendo negociado em níveis muito atraentes. “O P/L [múltiplo de preço/lucro] está entre um e dois desvios padrão abaixo da média histórica, e o prêmio para manter ações permanece em níveis muito elevados.” O índice citado mostra a relação entre o preço em Bolsa e o lucro de uma companhia. Quanto maior, mais caro está o papel analisado.
O banco comenta ainda que as taxas de juros de longo prazo caíram um pouco em agosto, mas ainda sinalizam um grande risco político.
“Clareza sobre o cenário eleitoral (que acontecerá em algum momento de outubro), seguido do anúncio pelo presidente eleito de suas principais políticas econômicas, que esperamos que sejam responsáveis, não importa quem vença, pode fazer com que o risco político diminua e as taxas de longo prazo caiam mais”, afirma a instituição. “Com os valuations ainda em níveis muito atraentes, um risco menor pode levar a uma valorização das ações.”
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Todo início de mês, o InfoMoney traz um levantamento das carteiras de ações recomendadas para quem tem foco em dividendos, apontando os cinco papéis preferidos dos analistas. O número pode ser maior, se houver empate – como ocorreu em setembro. A análise engloba os portfólios de dividendos divulgados por dez corretoras.
Confira a seguir as companhias selecionadas para este mês:
Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Dividend yield em 12 meses (%) | Retorno em agosto (%) | Retorno em 2022 (%) | Retorno em 12 meses (%) |
Vale | VALE3 | 6 | 24,01 | -2,73 | -9,63 | -21,19 |
Banco do Brasil | BBAS3 | 5 | 8,38 | 18,14 | 55,58 | 51,30 |
CPFL Energia | CPFE3 | 4 | 15,56 | 6,49 | 43,18 | 43,17 |
Energias do Brasil | ENBR3 | 4 | 9,67 | 4,56 | 19,61 | 35,82 |
Petrobras | PETR4 | 4 | 50,08 | 19,50 | 74,72 | 105,36 |
Tim | TIMS3 | 4 | 4,06 | -6,04 | -8,70 | -1,41 |
Vibra | VBBR3 | 4 | 3,17 | 10,27 | -13,74 | -30,81 |
Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica
Vale (VALE3)
Mesmo perdendo indicações por dois meses consecutivos, a companhia se manteve em seis carteiras de dividendos em setembro e segue na liderança geral – desta vez de forma isolada.
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A Santander Corretora observa que, depois do solavanco no mercado internacional, o minério de ferro negociado na China voltou a subir nos últimos dias de agosto, refletindo os estímulos à infraestrutura por parte do governo daquele país.
“Mantemos a nossa visão positiva sobre os preços do minério de ferro a médio prazo, pois a nossa tese é orientada pela oferta, uma vez que os persistentes desafios de suprimento (por exemplo, ramp-up [aumento na produção] da Vale, ESG [sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança] em destaque, falta de novos projetos, entre outros) devem sustentar os preços do minério de ferro acima de US$ 100/t por mais tempo”, diz a instituição.
Recentemente, os analistas da casa revisaram as projeções para a mineradora, reduzindo o preço-alvo das ações de R$ 110 para R$ 95, com horizonte no fim de 2023.
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“As estimativas foram ajustadas para refletir os resultados realizados, as projeções atualizadas do time macro do Santander e as novas previsões de preços de metais”, explica o relatório, ponderando que, apesar do ajuste, mantém a Vale como top pick do setor de siderurgia e mineração.
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Banco do Brasil (BBAS3)
O ativo deixou neste mês o portfólio de dividendos recomendado pela Ágora. “Embora tenhamos ainda visão positiva de longo prazo, optamos por realizar lucros nas ações ON do Banco do Brasil”, afirma a corretora. A instituição financeira segue, no entanto, em outras cinco seleções de dividendos e ocupa a segunda posição no ranking de setembro.
No Santander, o papel é o preferido no setor de bancos. “Além de possuir um dos maiores dividend yields [taxa de retorno com dividendos] esperados para 2022 (9,5%) entre a nossa cobertura, o BB deverá manter o bom momento de lucros ao longo de 2022, caminhando para entregar o topo do guidance, que projeta agora um lucro líquido entre R$ 27 bilhões e R$ 30 bilhões no acumulado do ano”, diz a corretora. A previsão anterior era de ganho líquido entre R$ 23 bilhões e R$ 26 bilhões para o período.
Outra casa de análise que sustenta a escolha das ações é o BTG Pactual. “Apesar da proximidade das eleições presidenciais e da maior volatilidade que isso pode trazer, reiteramos nossa recomendação de compra no BB.”
CPFL Energia (CPFE3)
A companhia tem quatro indicações entre as pagadoras de proventos selecionadas para o mês. Os papéis estão entre as novidades escolhidas pela Ativa e pela BB Investimentos, além de permanecer entre as preferências de outras duas corretoras.
A CPFL Energia apresentou bons resultados no segundo trimestre, sobretudo em distribuição e transmissão, e deve seguir entregando uma taxa interna de retorno real próxima de dois dígitos, uma das maiores do setor, afirma a Ativa.
Segundo a instituição, a companhia tem um forte histórico de pagamento de proventos nos últimos anos e, mesmo após a consolidação da CEEE-T, sua alavancagem financeira permanece baixa, próxima a 2 vezes (dívida líquida/Ebitda).
Com isso, os analistas veem espaço para a companhia seguir distribuindo aos investidores uma fatia superior a 50% de seu lucro líquido.
Energias do Brasil (ENBR3)
A empresa é outra represente do setor elétrico entre as novidades de setembro, também com quatro apontamentos.
Entre as instituições que reforçaram a aposta nas ações da companhia está a Elite Investimentos, para a qual o grupo vem apresentando forte evolução no pagamento de dividendos, sendo que a última distribuição foi recorde, com retorno de 6,8%.
A corretora destaca ainda que, mesmo com uma fatia elevada do lucro sendo direcionada aos acionistas, a Energias do Brasil vem mantendo a capacidade de investir, com um endividamento “em patamares bastante confortáveis”, equivalente a 2 vezes a dívida líquida/Ebitda. Tal condição, conforme os analistas, sustenta o horizonte de crescimento para os próximos anos.
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TIM (TIMS3)
Com o ingresso na carteira de dividendos preparada pelo BTG Pactual, a companhia acumula quatro citações e retorna neste mês à lista de destaques no acompanhamento feito pelo InfoMoney.
De acordo com o banco, os papéis da TIM têm apresentado indicadores atraentes, como um EV/Ebitda de 3,6 vezes, frente a 6,5 vezes no caso dos seus pares globais. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa. Quanto menor, melhor.
“Com boas sinergias advindas da aquisição da Oi Móvel (variando de R$ 3,6 a R$ 4,8 por ação, de acordo com as estimativas da empresa), aumentando a geração de fluxo de caixa e maiores pagamentos de dividendos, reiteramos nossa recomendação de compra na ação, sendo a TIM nossa Top Pick entre as grandes empresas de telecomunicações”, destaca o BTG.
Na Ágora, o relatório lembra que a TIM divulgou que espera obter entre R$ 16 bilhões e 19 bilhões em sinergias com a integração da Oi. Embora ainda não incorpore a contribuição das vendas de ativos móveis da Oi em seus números, a corretora estima que as sinergias operacionais possam somar R$ 2 por ação.
O cálculo está orientado nas expectativas da administração da TIM, de que a base de clientes da Oi poderá representar 15% das receitas e 20% do Ebitda, até 2024, afirma a Ágora.
Vibra Energia (VBBR3)
Outra empresa de dividendos com quatro recomendações em setembro é a Vibra Energia (ex-BR Distribuidora). A companhia figura entre os novos papéis escolhidos pela BB Investimentos e Genial – tendo permanecido na relação de outras duas casas de análise.
Uma delas é a Ágora, que diz seguir confiante na estratégia da empresa, prevendo crescimento e diversificação no longo prazo. “Em um cenário de desaceleração econômica nos Estados Unidos e na China, além de maior volatilidade política internamente, recomendamos que os investidores se posicionem nas empresas do setor de distribuição de combustíveis, preferencialmente em Vibra”, afirma a instituição.
Conforme a corretora, os preços dos combustíveis potencialmente mais baixos devem ser positivos para as margens de lucro da companhia, trazendo alívio ao capital de giro e, com isso, favorecendo a política de distribuição de dividendos.
Petrobras (PETR4)
A gigante de petróleo perdeu uma indicação em relação a agosto, mas fecha o rol de destaques do mês com quatro apontamentos no balanço geral. A substituição na carteira de dividendos de setembro foi feita pelo BTG – que no mês anterior havia incluído os papéis da estatal entre as recomendações.
Na avaliação do banco, a Petrobras apresentou “um desempenho muito bom e ainda está super barata”, mas o resultado da eleição presidencial pode impactar as ações no curto prazo.
A XP Investimentos é uma das que mantêm a empresa entre as recomendações. A análise permanece de que o ativo está descontado demais para ser ignorado, reiterando, porém, o alerta quanto aos riscos políticos.
Um dos múltiplos citados pelos especialistas é o EV/Ebitda da petrolífera, que a XP calcula em 2,1 vezes no período de 12 meses à frente, inferior ao de empresas russas (pares com alto risco corporativo) e grandes concorrentes ocidentais (com boa governança corporativa), que estariam em 3,7 vezes e 3,1 vezes, respectivamente.
“Em um cenário mais estressado (que inclui 15% de desconto nos preços de paridade internacional para derivados de petróleo), chegamos a um preço justo de R$ 47,80 (PETR3/PETR4) e US$ 18,40 (PBR/PBR.A), mostrando que muito de um potencial cenário negativo já está embutido nos preços atuais.”