Tudo aquilo que não te falam sobre os carros elétricos

Quando carregar com eletricidade pode ser mais caro do que abastecer com gasolina

Raphael Galante

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Caros leitores, digníssimas leitoras: apesar de este vil estagiário ser um entusiasta do mercado de carros eletrificados, um dos nossos lemas de trabalho é o crássico “Pau que bate em Chico, bate em Francisco!”

Eu teria, fácil, um carro elétrico se a minha bolsa-auxílio deixasse. Mas o máximo que consegui foi comprar um Colossus (se você é novo demais para entender a referência, veja aqui).

Mas vamos lá!

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Um dos mantras cantados aos quatro ventos é que o baixo custo de abastecimento (carregamento) do carro elétrico é uma das grandes vantagens dos EVs.

Pois bem, o que a grande maioria não te fala é que: NÃO É BEM ASSIM!

O ponto aqui é que, quando aquela galerinha “woke” desenhava quais eram as virtudes que deveriam ser seguidas pela sociedade, a eletrificação dos veículos era mais que mandatória! Ainda mais para o pessoal ESG (vamos deixá-los para os próximos textos).

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Mas esqueceram de levar em consideração uma possível variação nos custos de energia. E, no atual momento, às portas de uma grande recessão europeia e a continuidade da guerra Rússia-Ucrânia, isso já está “dando ruim” lá nas Zoropa.

Vamos aos fatos:

O pessoal da What Car?, lá do Reino Unido, fez um estudo pegando dois carros elétricos com seus respectivos similares à combustão. Eles montaram um roteiro de quase 340 km (de Londres até Skelton, no norte da Inglaterra) para saber qual versão vale mais a pena para o bolso do consumidor londrino.

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Os modelos escolhidos foram o elétrico Peugeot e-208 e a sua versão à combustão, o Peugeot 208 Puretech 130. Além do Peugeot, o outro carro que eles pegaram foi a BMW i4 M350 e a versão à gasolina foi o BMW Serie 4 Grand Coupé M440i.

A surpreendente conclusão que o pessoal da revista encontrou foi que se locomover nesse trajeto específico saiu até 28% mais caro com um carro elétrico.

Na real, o Peugeot e-208 se mostrou 28,4% mais caro que o seu irmão à combustão. Já no caso do BMW, a diferença de preço foi de quase 11%.

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O que o pessoal da revista ainda apontou é que essa diferença tenderia a ser maior! O que aconteceu é que o preço da gasolina, para os londrinos, já sofria os impactos da recessão europeia. O litro pago foi de € 2,29. Já o valor da energia elétrica dos carregadores rápidos utilizados ainda estão (estavam) com o tarifário de 2020.

Mas sejamos justos. O preço do combustível/eletricidade dependerá muito da localidade em que você se encontra.

Um exemplo, trazendo para a nossa realidade, é comparar o preço do etanol. Em São Paulo, ele oscila entre R$ 2,89 e R$ 3,29, sendo que a média é R$ 3,091. Já em Fortaleza, o etanol oscila entre R$ 4,37 e R$ 5,56, sendo que a média é R$ 4,83, ou seja, 56% mais caro que o preço de São Paulo.

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Voltando para a Europa, em Portugal, por exemplo, o carro elétrico ainda é vantajoso para o consumidor português.

E devemos levar em consideração que o foco do carro elétrico é que o carregamento seja feito na sua casa, não em postos de abastecimentos rápidos. Mas na Europa o cenário é de que essa diferença, como na Inglaterra, aumente cada vez mais, ou então que a vantagem da eletricidade sobre a gasolina diminua cada vez mais!

Afinal de contas, a tendência por lá é a disparada (sem precedentes) dos preços de energia. E, como foi bem apontado pelo Jon Snow de Game of Thrones:

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva