S&P500 cai 25% no ano: devo vender meus fundos que investem em ações americanas?

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Mariana Segala

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Do início de 2022 para cá, o S&P 500 – um dos principais índices de ações do mercado americano – acumula perdas de cerca de 25%.

Investidores brasileiros interessados em ter uma exposição internacional na carteira se perguntam agora se, de fato, essa é uma boa alternativa.

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Essa é a dúvida especialmente de quem já realizou o investimento nos últimos meses, e tem agora amargado os resultados negativos. É o caso do leitor Paulo, que escreveu ao InfoMoney para saber o que deve fazer com suas aplicações em S&P 500. Na edição desta sexta-feira (14) da newsletter InfoMoney Responde, ele e os outros assinantes souberam o que pensam dois especialistas sobre esse assunto. Confira:

Tenho em minha carteira de investimentos fundos que alocam recursos em ações do S&P 500. Tenho mantido as posições, mesmo com as quedas sucessivas desde o início deste ano. O que faço agora: mantenho os fundos e não realizo o prejuízo, resgato a parcela que ainda apresenta ganhos ou realizo o prejuízo, alocando em renda fixa, por exemplo?
Paulo F.

Como costuma ser o caso quando o assunto são os investimentos pessoais, essa é uma pergunta que não tem uma resposta definitiva.

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“Tudo depende do prazo e do objetivo do investidor”, diz Jennie Li, estrategista de ações da XP. “Se for um investidor de longo prazo, eu preferiria ficar investido, porque tentar fazer market timing [entrar e sair do mercado em busca dos melhores pontos para comprar e vender as ações] é uma estratégia que geralmente traz muito mais perdas do que ganhos”.

Um estudo realizado pela corretora americana Charles Schwab em 2021 procura demonstrar os efeitos de sair “à caça” dos melhores momentos para investir na bolsa.

A casa simulou os resultados que investidores com diferentes estratégias – no que diz respeito ao momento de realizar o investimento – teriam obtido comprando US$ 2.000 por ano em S&P 500 ao longo de 20 anos, entre 2001 e 2020.

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Um investidor que tivesse acertado precisamente a cotação mais baixa do índice em todos os anos considerados, realizando seu investimento de US$ 2.000 sempre nessa ocasião, chegaria a 2020 com cerca de US$ 151 mil acumulados.

Outro investidor que fizesse o investimento de US$ 2.000 sempre no primeiro dia de cada ano, sem se importar com a cotação do índice, acumularia US$ 135 mil no mesmo período.

De fato, são US$ 16 mil a menos do que o primeiro investidor, especialista em market timing, conseguiu juntar – mas com um desgaste também muito menor. “Esperar pelo momento perfeito para investir normalmente excede o benefício até mesmo do timing ideal”, conclui o estudo.

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“Investir é como esperar o ônibus, costuma dizer Howard Marks, da gestora Oaktree: se você estiver sempre atrasado, correndo atrás de um depois do outro, nunca vai conseguir subir. Mas se tiver paciência e ficar esperando no ponto, eventualmente um ônibus vai chegar”, compara Jennie.

Não que durante o percurso não haverá volatilidade – haverá, sim. Neste momento, economistas, gestores e analistas se debruçam sobre as perspectivas para o mercado acionário americano. A dúvida, neste momento, é sobre qual será o impacto de uma esperada recessão da economia dos Estados Unidos sobre os investimentos em renda variável.

Como vários outros países, os EUA enfrentam um cenário de inflação poucas vezes visto, catapultado pela elevação dos preços de combustíveis desde a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia. Para domar os preços, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) vem elevando os juros no país. As taxas básicas estão na faixa de 3% a 3,25% ao ano, e o mercado ainda acredita em diversas elevações pela frente.

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Nesta semana, Jamie Dimon, CEO do banco JPMorgan Chase, demonstrou preocupação sobre a situação da economia americana, ao dizer que os EUA devem entrar “em algum tipo de recessão seis a nove meses à frente”.

Ao mesmo tempo, analistas lembram que, usualmente, os mercados antecipam os movimentos que acontecem na economia real. “O mercado está dando sinais de estar próximo do bottom [ponto mais baixo]”, diz Roberto Attuch, CEO da casa de análise Ohm Research. Para ele, boa parte das preocupações com a possibilidade de recessão americana já estão embutidas nos preços das ações.

Attuch diz que, se for necessário, o investidor pode vender parte dos fundos atrelados ao S&P 500, mas manter uma parcela seria a melhor alternativa. Jennie avalia que se não tiver necessidade de liquidez, esperar a volatilidade passar seria a melhor estratégia. “No longo prazo, a bolsa americana sempre volta a se recuperar. Never bet against America [nunca aposte contra os EUA], como diz Warren Buffett”, diz.

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Mariana Segala

Editora de Investimentos do InfoMoney