Nome completo: | Xi Jinping |
Data de nascimento: | 15 de junho de 1953 |
Local de nascimento: | Fuping, Xianxim, China |
Formação: | Engenheiro químico |
Ocupação: | Político, secretário-geral do Partido Comunista Chinês e presidente da China |
Estado civil: | Casado, uma filha |
Xi Jinping é um político chinês. Secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCCh) desde 2012 e presidente da China desde 2013, ele é a principal autoridade do país e deve ser reconduzido para um terceiro mandato como líder do partido no 20o Congresso Nacional do PCCh, que começou no domingo (16), em Pequim. Consequentemente, será eleito presidente pela terceira vez pelo Congresso Nacional do Povo (CNP), o Parlamento chinês.
Desde a década de 1980, sob Deng Xiaoping, a permanência nos cargos de secretário-geral do partido e de presidente do país era limitada a dois mandatos de cinco anos. No entanto, a restrição foi suprimida em 2018 pelo CNP, abrindo caminho, na prática, para Xi se tornar presidente vitalício.
Com o poder que acumulou nos últimos dez anos, o culto criado em torno de sua personalidade e a possibilidade de inúmeras reconduções aos cargos mais altos da burocracia partidária e estatal, Xi é considerado o mais poderoso líder do país desde Deng, arquiteto da abertura econômica chinesa a partir do final da década de 1970. Muitos analistas dizem até que ele é o político local mais influente e autoritário desde Mao Tsé-Tung, fundador da República Popular da China.
Além de secretário-geral do PCCh e presidente, Xi acumula cargos de chefia em vários órgãos da administração. A amplitude de funções dá uma ideia do controle que ele exerce sobre os segmentos mais estratégicos da vida do país.
Ele é, por exemplo, presidente da Comissão Militar Central (CMC) e do Comitê de Segurança Nacional, e líder de grupos temáticos dentro do governo responsáveis por políticas de reformas, relações internacionais, defesa, segurança nacional, forças armadas, economia e finanças, tecnologia da informação e outras.
Xi sucedeu a Hu Jintao na secretaria-geral do partido em 2012 e na presidência da China, em 2013. Sua ascensão representou o fim de um período de mais de trinta anos marcado por reabertura econômica, manutenção do status quo político e certa discrição nas relações interacionais, iniciado por Deng.
Quem é Xi Jinping?
Xi Jinping nasceu em 15 de junho de 1953, em Fuping, província de Xianxim. Ele é filho de Xi Zhongxun, que foi companheiro de armas de Mao e, posteriormente, vice primeiro-ministro do país asiático.
Xi passou parte da infância no conforto relativo dos espaços destinados à elite governante em Pequim. Durante a Revolução Cultural (1966-1976), no entanto, seu pai caiu em desgraça e, em 1969, o filho foi enviado para Yanchuan, em Xianxim, onde trabalhou por seis anos numa comunidade agrícola. Neste período, o jovem desenvolveu boas relações com os camponeses.
Xi se filiou ao PCCh em 1974. Em 1975, entrou na Universidade Tsinghua, em Pequim, onde se formou em Engenharia Química em 1979. Durante sua carreira, ele ainda obteve um doutorado em Direito pela mesma universidade.
Com o fim da Revolução Cultural, seu pai foi reabilitado e, de 1979 a 1982, o jovem Xi trabalhou como secretario pessoal de Geng Biao, então ministro da Defesa.
Depois, assumiu o cargo de subsecretário do partido e, posteriormente, de secretário na localidade de Zhengding, província de Hebei. Foi galgando degraus no PCCh e na hierarquia administrativa chinesa, tendo sido, entre outros cargos, vice-prefeito de Xiamen, na província de Fujian, secretário do partido e governador da província de Fujian, e secretário do partido e governador da província de Zhejiang.
Em Fujian, teve como prioridade a preservação ambiental e as relações com Taiwan. A ilha fica próxima da costa da província. Já em Zhejiang, promoveu a reestruturação da indústria local em busca de desenvolvimento sustentável.
Quando vivia em Fujian, em 1987, Xi se casou com Peng Liyuan, uma popular cantora chinesa. O casal tem uma filha, Xi Mingze, formada em Psicologia pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Antes, Xi foi casado com Ke Lingling, filha de Ke Hua, ex-embaixador da China no Reino Unido. Lingling hoje mora na Grã Bretanha.
O pai de Xi teve altos e baixos na relação com o regime. Em 1989, voltou cair em desgraça ao criticar abertamente o governo pelo massacre na Praça da Paz Celestial, em Pequim. Na mão contrária, em Fujian, o filho e outras autoridades do partido se esforçaram para conter reflexos locais das manifestações na capital. Ao longo de sua carreira, ele construiu uma reputação de político prudente e seguidor das orientações do partido.
Em 2007, Xi foi nomeado secretario do partido em Xangai. Poucos meses depois, foi transferido para Pequim, onde assumiu um assento no Comitê Permanente do Politiburo, a principal instância decisória do PCCh, posição que mantem até hoje.
Com a entrada neste núcleo restrito, Xi se tornou um dos possíveis sucessores de Hu Jintao. Em 2008, ele ganhou ainda mais força ao ser eleito vice-presidente da China. Foi responsável pelas preparações para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e para as comemorações dos 60 anos de fundação da República Popular da China, em 2009.
Em 2010, ele assumiu a vice-presidência da Comissão Militar Central, considerado um passo importante no caminho para quem deseja assumir a presidência do país. Em novembro de 2012, sucedeu Hu como secretário-geral do PCCh e, em março de 2013, como presidente da China.
Xi é o primeiro secretário-geral do PCCh e presidente da China nascido depois da revolução que levou o partido ao poder, em 1949.
Regime mais duro
Sob Xi Jinping, o governo chinês ampliou sua presença na economia e impôs amarras a empreendedores privados, promoveu o expurgo de rivais, concentrou poder nas mãos do presidente e adotou uma política externa mais agressiva. Fala-se no surgimento de uma segunda Guerra Fria, desta vez opondo China e Estados Unidos.
As duas nações vêm aumentando o tom de críticas e provocações na área militar, restringindo até o intercâmbio em áreas consideradas estratégicas. Os EUA, por exemplo, tornaram mais rígidas as regras de exportação de chips para a China, medida que afetou empresas como Nvidia e AMD.
Logo no início de seu governo, Xi lançou uma campanha nacional anticorrupção que resultou na demissão de milhares de funcionários de alto e baixo escalão do governo.
Até o final do primeiro mandato de Xi, em 2017, mais de 1 milhão de pessoas consideradas corruptas haviam sido punidas. A iniciativa serviu para afastar rivais do presidente e abrir espaço para aliados. A intolerância a dissidência é uma das características do mandatário chinês.
Recentemente, a agência de notícias Reuters publicou uma lista de medidas adotadas por Xi Jinping que mostra a concentração de poderes. A China tinha um modelo de liderança coletiva. O secretário-geral era considerado o primeiro entre iguais no Comitê Permanente do Politiburo, principal instância decisória do PCCh. Agora, o regime é centrado na figura do líder supremo.
As ações de Xi incluem os expurgos de autoridades consideradas desleais, corruptas ou ineficientes, e sua substituição por aliados. Segundo a Reuters, 4,7 milhões de pessoas já foram investigadas.
Na seara econômica, Xi limitou competências que tradicionalmente pertenciam ao primeiro-ministro ao comandar pessoalmente diversos grupos temáticos existentes dentro do governo, responsáveis, entre outros temas, por políticas de economia e finanças.
Para ajudar a sustentar o crescimento chinês e ampliar a influência internacional do país, Xi lançou a Iniciativa do Cinturão e Rota, um enorme projeto internacional de infraestrutura e comércio com ramificações na Ásia, África e Europa, inspirado na antiga Rota da Seda.
Ele colocou aliados de confiança na gestão de pessoal do PCCh, responsáveis por indicações para cargos importantes. A China é o país mais populoso do mundo, com mais de 1,4 bilhão de habitantes, e tem um regime de partido único. Nesse sentido, o PCCh é o maior partido político do mundo, com mais de 85 milhões de membros.
Reformas, cortes e expurgos ampliaram o controle do presidente sobre os militares e as forças internas de segurança, incluindo o Judiciário. O Parlamento, o gabinete de ministros e a Suprema Corte devem se reportar a ele anualmente.
A liberdade de imprensa já era restrita na China, mas o cerco à atividade cresceu ao longo do governo de Xi, assim como a propaganda relacionada ao líder. Em 2016, ele disse à mídia estatal para submeter-se à linha adotada pelo partido.
Em 2016, o PCCh conferiu o a Xi o título de “líder central”, que antes havia sido dado a Mao, Deng e Jiang Zemin, sucessor de Deng e antecessor de Hu Jintao. A deferência aumentou sua força.
Em 2017, o partido incluiu em sua constituição a ideologia de Xi, sob o título “Pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas numa nova era”, honraria antes dispensada apenas a Mao. “Partido, governo, militares, povo, educação; leste, sul, oeste, norte, centro: o partido lidera tudo”, disse Xi naquele ano, explicitando sua crença no papel supremo do partido no país.
O “pensamento” do presidente foi integrado à Constituição da China pelo CNP em março de 2018. Na mesma sessão legislativa, quando Xi foi eleito para seu segundo mandato como presidente, o Parlamento chinês suprimiu o limite de dois mandatos para os postos de presidente e vice-presidente.
Em 2021, o PCCh aprovou uma resolução em que promete lealdade aos “Dois Estabelecimentos”, ou seja, à posição inquestionável de Xi como liderança “central” do partido e ao “pensamento” do presidente como fundação do futuro da China. Resoluções assim só foram aprovadas sob Mao e Deng e demonstram o total apoio do partido ao líder.
Entre os analistas há divergência sobre quais são os objetivos reais de Xi. Alguns dizem que ele busca o poder pelo poder, outros que ele vê o poder como meio para cumprir sua visão, que é fazer da China o país mais importante do mundo.
De qualquer forma, a nação asiática já é a segunda maior potência mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. A ascensão da nação asiática abalou a ordem unipolar liderada pelos EUA desde a queda da União Soviética.
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Abalos
No entanto, a marcha da China rumo à liderança global vem sendo abalada pelo próprio autoritarismo do governo chinês, pelo menos do ponto de vista ocidental.
Nos últimos anos, correram pelo mundo imagens e relatos de repressão a minorias, como os uigures, muçulmanos que habitam a região autônoma de Xinjiang, e manifestações populares, como as ocorridas na província autônoma de Hong Kong.
Além disso, a pandemia de Covid-19 teve início na cidade de Wuhan e, num primeiro momento, as autoridades chinesas tentaram abafar a gravidade do surto.
Posteriormente, a política de tolerância zero com o vírus adotada por Pequim, com o fechamento de fábricas e portos, teve forte impacto no comércio internacional, provocando atrasos nas entregas internacionais, aumento do custo dos fretes e dos preços do produtos em escala global. Em 2022, o lockdown imposto em Xangai paralisou por meses a maior cidade do país.
Neste cenário, muito países começaram a estudar maneiras de reduzir a dependência de produtos chineses.
As autoridades chinesas aumentaram a interferência no setor privado, nos mercados financeiro e de capitais, e a pressão sobre empresários locais para alinhamento com o governo. Tudo isso afetou empresas de tecnologia, educação e o setor de imóveis, abalando a confiança dos investidores no país.
Sob Xi, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresce menos do que no passado, embora ainda seja um crescimento bastante robusto.
Na área militar, as autoridades chinesas avançaram sobre ilhas disputadas no Mar do Sul da China, provocando impasses com o Vietnã, as Filipinas e os EUA; entraram em disputas fronteiriças com a Índia; e pouco antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, já em 2022, Xi anunciou uma parceria “sem limites” com o presidente russo Vladimir Putin.
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As relações dos EUA com a China vêm azedando cada vez mais. Além do alinhamento à Rússia, o país asiático tem aumentado o grau das ameaças de anexação de Taiwan, ao passo que os EUA prometem proteger a ilha.
Problemas nas relações entre os dois países não são novidade, e a China não é a única responsável. O ex-presidente norte-americano Donald Trump contribuiu bastante para agravar a situação ao promover uma guerra comercial contra os chineses e ainda culpar o país asiático pela pandemia.
Mas a animosidade seguiu em alta no governo do democrata Joe Biden. Os EUA passaram a limitar intercâmbios de estudantes, pesquisadores e transferência de tecnologia em áreas que consideram sensíveis.
Saiba mais sobre Xi Jinping
Perfil do líder chinês na Britannica (em inglês)
Trajetória do presidente da China publicada pela BBC (em inglês)
Artigo da revista time sobre o crescente poder de Xi Jinping (em inglês)
Artigo da revista Foreign Affairs sobre o pensamento de Xi Jinping (em inglês)
Currículo de Xi Jinping da Brookings Institution, para baixar em PDF