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A Cosan (CSAN3) publicou na noite da véspera uma carta aberta aos acionistas da companhia, de forma a trazer mais luz sobre a aquisição de uma fatia da mineradora (VALE3), anunciada em 7 de outubro.
De acordo com a companhia, questões relacionadas ao racional que motivou a decisão e o impacto da estrutura financeira sobre o endividamento da Cosan, que chegaram a abalar o desempenho da ação logo após a transação, foram bem entendidas pelo mercado. Assim, a companhia buscou focar a carta nos compromissos com questões ESG, sigla em inglês que responde pelas melhores práticas ambientais, sociais e de governança, no caso da Cosan com foco especificamente no que tange à transição energética e segurança no trabalho.
“Durante os últimos 15 anos, a Cosan passou por uma completa transformação. De uma empresa produtora de açúcar e álcool, com uma estrutura societária complexa, para um grupo de companhias abertas de recursos naturais com contínua melhora na governança e transparência, mantendo seu DNA empreendedor de controlador único. Nesse período, fizemos movimentos e aquisições ousadas, que também, inicialmente, não foram compreendidas. Sempre buscamos ouvir com atenção o mercado e explicar onde queríamos chegar, ainda que o caminho até nosso objetivo fosse longo ou desafiador”, apontou a empresa.
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Na sequência, destacou um histórico de geração de valor em aquisições ao longo do tempo, e acredita que desta vez não é diferente.
A Cosan reafirmou sua convicção de que a Vale pode desempenhar um papel crucial na transição energética e
descarbonização.
“A Vale tem o melhor minério de ferro do mundo e reservas de metais básicos promissoras, o que a faz uma empresa-chave para a transição energética global e descarbonização. A Vale não pode ficar isolada em função do que ocorreu”, afirmou, fazendo referência aos desastres em Brumadinho (2019) e Mariana (2015).
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Para a Cosan, para ser uma força na transição energética futura, a Vale precisa de disciplina e consistência para gerar resultado com segurança e um impacto social e ambiental positivo.
A companhia destacou que a Vale se enquadra nos princípios norteadores do portfólio da Cosan, sendo um ativo irreplicável focado em recursos naturais que são fundamentais para a energia transição, e oferece a oportunidade para o grupo participar diretamente da implementação das melhores práticas ESG.
A empresa também apontou que a mineradora tem trilhado um caminho de mudanças na gestão, cultura corporativa e governança que visa reduzir riscos, reparar o passado e levar a empresa adiante para uma mineração mais sustentável. A Cosan enfatizou que decidiu investir na empresa para apoiar a gestão da Vale nessa jornada e contribuir para o novo ciclo de criação de valor baseado nos melhores práticas.
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Confira na íntegra a carta da Cosan aos acionistas:
Aos Acionistas da Cosan S.A.
Ref: Aquisição de Participação Minoritária na Vale S.A.
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Desde o anúncio da aquisição de uma participação minoritária na Vale S.A., temos recebido diversos questionamentos do mercado em relação (i) ao racional que motivou tal decisão, (ii) ao impacto da estrutura financeira sobre o endividamento da Cosan, (iii) aos nossos compromissos com questões ESG, especificamente no que tange à transição energética e segurança no trabalho.
Buscamos apresentar ao mercado, por meio de conferências públicas e documentos disponibilizados em nosso site, nosso racional para a operação e seu impacto financeiro. As publicações sobre a transação, bem como interações recentes, demonstram que o mercado entendeu o porquê da operação e a mecânica dos instrumentos financeiros utilizados.
O terceiro ponto, ligado à ESG, tema que nos é muito caro, nos motivou a escrever esta carta.
Durante os últimos 15 anos, a Cosan passou por uma completa transformação. De uma empresa produtora de açúcar e álcool, com uma estrutura societária complexa, para um grupo de companhias abertas de recursos naturais com contínua melhora na governança e transparência, mantendo seu DNA empreendedor de controlador único. Nesse período, fizemos movimentos e aquisições ousadas, que também, inicialmente, não foram compreendidas. Sempre buscamos ouvir com atenção o mercado e explicar onde queríamos chegar, ainda que o caminho até nosso objetivo fosse longo ou desafiador.
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A compra da ESSO, em 2008, ocasionou queda nas nossas ações, dado o momento macroeconômico e a dívida assumida em um negócio completamente novo para a Cosan. Em 2009, a incorporação da Nova América, inicialmente trouxe dúvidas em função do passivo financeiro assumido. A formação da Raizen, em 2011, foi recebida por alguns com ceticismo sobre nossa capacidade associativa em função do co-controle. A aquisição da Comgás foi alvo de crítica, em função de ser um negócio regulado, com dificuldade de sinergias em um setor até então inexplorado. Nos mantivemos firmes e focados no nosso propósito e na convicção de cada uma das teses. De 2012 a 2022, o valor do nosso portfólio cresceu mais de 5 vezes. Sem mencionar, a trajetória da expressiva melhoria nos índices de segurança (índice LTIF – Lost Time Incident Frequency apresentou uma queda de 97% em 11 anos) e a redução de emissões de carbono.
A mais complexa de todas as aquisições foi a fusão ALL-RUMO, que ocorreu pós uma tentativa de aquisição frustrada e um grande litígio entre as empresas. Além de demandar o reequilíbrio financeiro, a criação de uma nova cultura corporativa urgia, com maior segurança no trabalho e redução do nível de acidentes. Desde 2015, o EBITDA da Rumo aumentou quase 3 vezes e a empresa está entre as melhores ferrovias do mundo em níveis de segurança, comparada a CSX e Canadian Pacific Railway.
Nossa capacidade e disciplina de execução foram testadas nesses momentos de mudança e nossa performance vem demostrando uma consistente criação de valor para todos nossos stakeholders.
Por que agora seria diferente? Vale sempre foi um ativo que despertou interesse da Cosan e a acompanhávamos de longe há muitos anos. Até que em 2018, fizemos uma análise mais aprofundada e mantivemos conversas preliminares com alguns acionistas, o que não seguiu adiante por diversas razões. Naquele momento a Vale, como acionista da Samarco, lidava com as consequências do desastre de Mariana e logo em seguida Brumadinho aconteceu. As duas tragédias trouxeram duras lições à Vale. E a empresa reagiu com mudanças na administração, na cultura corporativa, dando maior ênfase em pessoas e segurança, e na governança, com a entrada no novo mercado na B3 como a maior corporation do Brasil. Tudo na direção de redução de riscos, estabilização das operações e avanços nos compromissos para uma mineração mais sustentável.
A Vale tem o melhor minério de ferro do mundo e reservas de metais básicos promissoras, o que a faz uma empresa-chave para a transição energética global e descarbonização. A Vale não pode ficar isolada em função do que ocorreu. Para ser uma força na transição energética futura, a Vale precisa de disciplina e consistência para gerar resultado com segurança e um impacto social e ambiental positivo.
E é neste momento, em que a Vale está executando a nova estratégia, reparando o passado e caminhando na direção correta, com princípios alinhados ao que acreditamos, que tomamos a decisão de investir na empresa para apoiar a administração nessa jornada, dado o nosso histórico.
Na Cosan, sempre fomos atraídos por grandes oportunidades de transformação em negócios que são posicionados de forma única em seus setores, por mais desafiante que seja. Temos a oportunidade de participar diretamente da implementação de melhores práticas ESG, com potencial impacto social positivo significativo em diversas vidas e geografias. Não podíamos ficar de fora da Vale agora, um ativo irreplicável que se encaixa nos princípios norteadores do nosso portfólio, focado em recursos naturais fundamentais para a descarbonização, bem quando enxergamos o potencial futuro de geração de valor financeiro, social e ambiental.
O apoio de nossos acionistas, principalmente os mais engajados em questões sociais e ambientais, é fundamental para que possamos efetivamente contribuir para com a Vale e sua administração, nesse novo ciclo de geração de valor baseado nas melhores práticas socioambientais.
São Paulo, 20 de outubro de 2022
Cosan S.A.