Tesouro Direto: juros de prefixados avançam até 12,10% com olhares atentos para a eleição e para IPCA-15

Taxas de papéis de inflação, por sua vez, apresentam estabilidade, em sua maioria

Bruna Furlani Neide Martingo

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No mercado interno, o humor dos agentes financeiros nesta terça-feira (25) é guiado pelas expectativas com relação ao resultado das eleições, que acontecem no dia 30. Investidores monitoram também o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. A decisão mesmo será anunciada amanhã (26).

“As opções de Copom, que são os derivativos negociados na B3, já indicam que 95% do mercado espera a manutenção para esta reunião e para as próximas também. Tudo indica que a Selic termina o ano nos atuais 13,75% ao ano”, diz Vinicius Romano, especialista de RF na Suno Research. “A partir do meio do ano é que vem devem começar os cortes”.

Agentes também repercutem dados de inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, voltou ao campo positivo ao avançar 0,16% em outubro após dois meses seguidos no negativo (deflação). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima do consenso Refinitiv, que era de alta de 0,05%.

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Na cena externa, investidores monitoram o recuo no rendimento dos títulos americanos (Treasuries). No caso do papel com vencimento em dez anos, as taxas caíam de 4,232%, na sessão anterior, para 4,085%, por volta das 17h (horário de Brasília). O dólar, por sua vez, fechou em alta de 0,26%, mantendo a tendência de avanço vista ao longo do dia.

No Tesouro Direto, os juros oferecidos operam de forma mista nesta tarde: taxas de prefixados avançam, enquanto retornos reais de papéis atrelados à inflação apresentam estabilidade, com relação às taxas de segunda-feira (24).

Entre os papéis prefixados, destaca-se o aumento do Tesouro Prefixado 2029, que via o retorno passar de 11,92% para 11,97%, por volta das 15h20 de hoje.

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O Tesouro Prefixado 2033, por sua vez, oferecia o maior retorno entre os papéis prefixados, no valor de 12,10%, na última atualização do dia, percentual acima dos 12,06% vistos na véspera (24).

Já a maior parte dos papéis atrelados à inflação apresentava estabilidade nos juros com relação à taxas de ontem, com destaque para o Tesouro IPCA+2045 e o 2055. Ambos ofereciam uma remuneração real de 5,80% ao ano, em linha com os 5,79% e com os 5,80%, respectivamente, vistos na véspera.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta terça-feira (25): 

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Fonte: Tesouro Direto

IPCA-15 e esquenta Copom

Com o resultado anunciado nesta quarta, o IPCA-15 acumula uma alta de 4,80% no ano. A taxa em 12 meses ficou em 6,85%. A projeção era de 6,75%.

Assim como no mês anterior, somente três dos nove grupos do IPCA-15 tiveram queda de preços. Em outubro, essas retrações foram em Transportes (-0,64%), Comunicação (-0,42%) e Artigos de residência (-0,35%). No lado das altas, as maiores variações vieram de Vestuário (1,43%) e Saúde e cuidados pessoais (0,80%).

Ao avaliar os números, Rafael Perez, economista da Suno destaca a queda menor da inflação no grupo Transportes em outubro em relação ao mês anterior. Segundo ele, a defasagem nos preços da gasolina e do diesel no Brasil, juntamente com a expectativa de manutenção ou aumento da cotação do petróleo, devem reverter o quadro deflacionário nos combustíveis nos próximos meses.

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“Os dados de deflação que assistimos nos últimos meses não devem se repetir, em virtude da maior normalização nos combustíveis, do menor impacto dos cortes de impostos e do padrão sazonal de alta dos preços no fim do ano devido às festividades”, afirmou o especialista.

O economista acredita ainda que, para o fim do ano, o efeito da alta de juros, somado ao arrefecimento no preço das commodities e dos alimentos, devem contribuir para a desaceleração da inflação.

A expectativa de melhora do cenário inflacionário nos próximos meses também é defendida por Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da MAG Seguros. Segundo ele, o dado de hoje favorece projeções melhores para o IPCA, embora ainda não seja suficiente para que a inflação volte ao intervalo de tolerância da meta que deve ser perseguida pelo BC.

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Às véspera das eleições, a expectativa dos agentes de mercado é que o Copom não traga grandes surpresas. Para Caio Megale, economista-chefe da XP, e Tatiana Nogueira, economista da casa, o balanço de riscos para a inflação teve poucas mudanças desde a última reunião do Comitê em setembro.

Leia mais:
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Em relatório, ambos defenderam que as expectativas de inflação do mercado para 2023 estão convergindo gradualmente para a meta, o que sugere que o planejamento do Copom está dando certo.

Já ao falar sobre as estimativas para o IPCA em 2024, os dois não esconderam que as projeções ainda mostram maior resistência para recuar, mas creditaram que isso está mais ligado ao risco fiscal do que a gestão de política monetária do BC, de fato.

“Assim, entendemos que o Copom manterá a taxa Selic em 13,75% e que o comunicado que acompanha a decisão seguirá praticamente inalterado”, pontuaram. “O único ajuste seria para indicar que agora 2024 tem a mesma relevância que 2023 na condução da política monetária”, acrescentaram.

Eleições

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, protocolou, na segunda-feira (24), uma ação junto ao TSE alegando que emissoras de rádio veicularam inserções do mandatário do Executivo em um volume inferior ao estabelecido em distribuição pela Justiça Eleitoral.

Na ação, a equipe jurídica da campanha de Bolsonaro insinuou que houve favorecimento ao ex-presidente Lula (PT).

Ao receber o documento, Moraes afirmou que não há provas na tese apresentada pela campanha de Bolsonaro e abriu um prazo de 24 horas para que os requerentes apresentem documentos que comprovem o suposto favorecimento à campanha de Lula.

Também na cena política, Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para esta terça (25) o julgamento sobre uma decisão do ministro Edson Fachin que negou pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, para derrubar a resolução que dá “superpoderes” ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no combate às notícias falsas.

O julgamento acontecerá no plenário virtual do Supremo, a partir da meia-noite de terça-feira e vai até 23h59. Por esse formato, os ministros do STF inserem seus votos na plataforma eletrônica do tribunal.

Na semana passada, o TSE aprovou uma resolução que amplia os poderes da própria corte para a remoção de notícias falsas nas redes.

Faltando 5 dias para o segundo turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) estão tecnicamente empatados na disputa pelo Palácio do Planalto, segundo pesquisa divulgada, nesta terça-feira (25), pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) em parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel).

O levantamento, realizado entre os dias 22 e 24 de outubro, mostra que Lula mantém vantagem numérica de 6 pontos percentuais sobre o adversário, no limite da margem de erro, mas com ambos oscilando 1 ponto percentual para cima em relação ao desempenho da semana passada.

Agora, Lula aparece com 50% das intenções de voto totais em cenário estimulado, enquanto Bolsonaro tem 44%. Eleitores que dizem votar em branco ou nulo somam 4% dos entrevistados. Já os que não souberam ou preferiram não responder representam 2%. A margem de erro estimada é de 3 pontos percentuais.

Considerando os dados demográficos, Lula lidera entre mulheres (56% a 37%), nos três grupos etários definidos pelo levantamento − de 16 a 34 anos (52% a 42%), de 35 a 59 anos (49% a 44%) e 60 anos ou mais (49% a 46%) −, entre aqueles com nível escolaridade até Ensino Fundamental completo (61% a 33%), com renda de até 2 salários mínimos (60% a 33%), da Região Nordeste (67% a 29%) e religião católica (56% a 39%).