‘Vamos manter nosso plano de crescimento, mesmo com a taxa de juros alta’, diz CEO da Log

Ao InfoMoney, Sergio Fischer falou sobre a estratégia da companhia de continuar reciclando ativos para financiar novos projetos, especialmente no Nordeste

Anderson Figo

A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano não vai impedir a Log Commercial Properties (LOGG3) de manter seu plano de crescimento, segundo o CEO da companhia, Sergio Fischer. Em entrevista ao InfoMoney, ele falou que a demanda por galpões logísticos classe A continua forte e que a empresa vai manter a reciclagem de ativos para reforçar o caixa e garantir investimentos nos próximos trimestres.

“No lado operacional, a gente está num momento ímpar na companhia. A gente tem conseguido colocar um plano de crescimento muito robusto. Neste ano, a gente já atingiu 415.000 metros quadrados de novos ABLs [área bruta locável] entregues. Esses ABLs estão sendo entregues com uma pré-locação muito alta, se não 100%. O que mostra quanto que o setor está demandado. E a gente não quer deixar de continuar atendendo nosso cliente, que tem batido na nossa porta todo dia pedindo galpões de qualidade pelo Brasil”, disse.

“A gente tomou aqui uma decisão de continuar com o nosso plano de crescimento, mesmo neste cenário de taxa de juros muito alta, o que com certeza impacta o balanço da companhia. Aumenta nossas despesas financeiras, como foi mostrado um pouquinho neste trimestre. A tendência é de essa taxa de juros permanecer alta, até pelo cenário de troca de governo. A gente não sabe ainda se o fiscal vai estar controlado a partir do ano que vem, eu espero [que o novo governo] seja um pouco mais responsável na questão fiscal para a gente segurar a inflação no país e poder começar o ciclo de redução dos juros o quanto antes”, completou.

Fischer participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do terceiro trimestre de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

Segundo o CEO, 70% dos novos contratos são para clientes já existentes, especialmente grandes companhias de e-commerce. E a maior demanda atual é para expansão na região Nordeste. “O parque de qualidade no Nordeste é muito pequeno, então a gente tem visto uma demanda crescente ali”, afirmou o executivo, destacando que a maior parte dos galpões logísticos classe A do país estão no Sudeste.

“A reciclagem [de ativos] hoje passou a ser o pilar mais importante de recursos para a companhia. A gente não quer, num momento como este, alavancar demais o balanço. Por isso, a gente vai continuar as transações de reciclagem para manter o balanço saudável”, afirmou Fischer. A maior parte dos interessados em comprar galpões maduros da Log é de fundos imobiliários.

André Vitória, CFO da companhia, disse que a Log sempre vai manter sua dívida líquida entre 25% e 30% de seu patrimônio líquido. “A companhia cresce. A medida em que a gente vai entregando novos ativos, nosso patrimônio líquido vai crescendo também. E a gente vai tendo, então, uma dívida líquida bem apropriada em relação ao patrimônio líquido”, afirmou.

O CFO descartou que uma operação no mercado de capitais, como uma eventual oferta subsequente de ações, possa ser usada nos próximos trimestres como fonte de captação de recursos para a companhia. “Eu não diria que isso hoje é algo que seja tratado aqui internamente.”

Fischer e Vitória falaram ainda sobre práticas ESG (de sustentabilidade e governança), remuneração ao acionista via pagamento de proventos, risco de verticalização de clientes do e-commerce, impacto da recente queda nos preços dos combustíveis sobre a operação de transportes e sobre ganho de eficiência e produtividade com a verticalização da própria Log. Assista à entrevista completa acima, ou clique aqui.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.