JBS (JBSS3): diversificação geográfica e de produtos é celebrada, analistas veem ação barata e papel salta 11,9%

Principal destaque foi a Seara, que apresentou melhorias significativas tanto no trimestre quanto no ano, com desempenho acima dos seus pares.

Augusto Diniz

(Shutterstock)
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As ações da JBS (JBSS3) tiveram uma sessão de disparada nesta sexta-feira, com ganhos que superaram os 10%, em um dia de ganhos para diversas empresas que se beneficiam da melhora do ambiente externo, como as de commodities, mas também na esteira dos resultados considerados positivos do terceiro trimestre de 2022 (3T22). Os ativos subiram 11,92%, a R$ 27,80.

Na avaliação do Credit Suisse, o resultado da JBS veio bom e em linha com as expectativas, com o faturamento em alta de 6,8% no ano, para o nível recorde de R$ 98,9 bilhões em um único trimestre. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 9,5 bilhões (margem de 9,6%), praticamente em linha com o consenso. Já a queda anual de 5,4 pontos percentuais na margem Ebitda consolidada foi  explicada pela gradual normalização do segmento US Beef com margens na divisão caindo 18,3 pontos percentuais, mas ainda permanecendo em bons níveis.

O principal destaque foi a Seara, que apresentou melhorias significativas tanto no trimestre quanto no ano, com desempenho acima dos seus pares.

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“Esse trimestre reforçou mais uma vez a importância da diversificação geográfica e de produto no setor”, aponta o Credit. Os analistas ressaltam que neste momento se perguntam como a maior empresa de alimentos do mundo atingiu um nível de valuation tão baixo.

“É verdade que esperamos alguma deterioração nas margens operacionais das divisões de negócios dos EUA no 4T22 e 2023, mas parece ser mais do que o precificado, após a recente desvalorização do preço das ações”, apontaram os analistas do banco, que reiteraram recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) dos ativos.

A Eleven, por sua vez, elevou a recomendação de neutra para compra dos ativos com a queda recente da ação, com preço-alvo de R$ 36.

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Os analistas avaliam que, apesar desse resultado mais fraco principalmente nos EUA, enxergam uma demanda global de proteínas ainda positiva. Nesse sentido, a JBS, por ser uma companhia diversificada tanto geograficamente quanto em tipos de proteínas, consegue mitigar a redução das margens na América do Norte com maiores margens na América do Sul.

“Ainda, uma possível redução no consumo doméstico de carne bovina mais cara pode ser compensada por um
maior consumo de carne de frango ou suína por meio de Seara”.

Margens na Europa

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Falando sobre o tema, em teleconferência de resultados nesta sexta, a companhia destacou a sua diversificação geográfica.

A Europa tem um papel importante dentro da estratégia de diversificação da companhia, mas ela teve que fazer esforços para se adequar a realidade da região, bastante atingida com cenário macroeconômico global incerto.

“O período foi marcado com custo de insumos, como energia elétrica, grãos e outros, provocando uma alta de inflação em diversos países, impactando estrutura de custo e afetando comportamento de consumidores, principalmente na Europa”, comentou Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, logo na abertura da teleconferência de apresentação dos resultados do 3T22 a analistas de mercado.

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A citação a Europa não foi por acaso. Naquele continente, a companhia realizou ações para se adequar ao momento difícil local. A região enfrentou um ambiente de consumo fraco e alta inflação nos custos, segundo relatou a companhia no próprio balanço do 3T22.

“Foi feito um trabalho de adequar todo esse negócio de custo no relacionamento de contratos que a gente tem de longo prazo com nosso retail. O trabalho já foi concluído”, informou Tomazoni.

Segundo a JBS explicou na teleconferência, os contratos na Europa eram baseados em negociações de uma estrutura de custo e preço. No momento em que teve uma grande inflação, muitos indicadores que não faziam parte da estrutura de custo tiveram que ser reavaliados, o que acabou levando mais tempo para que fossem renegociados contratos com clientes.

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Com as ações tomadas, a companhia espera um novo momento dos negócios na Europa. “Nós vamos ver nesse quarto trimestre uma recuperação importante das margens na Europa. A gente vai ver ao longo do tempo uma normalização das margens na Europa”, disse o CEO Global.

Margens nos EUA

Já os negócios de carne bovina nos Estados Unidos caminham para a normalização das margens, segundo a JBS. “No ano de 2021, estas margens estavam no maior patamar de sua história. Natural, portanto, que ocorra uma adequação agora. Um movimento que estava sendo esperado pelo mercado”, disse Tomazoni.

Segundo o executivo, as margens estão voltando para um patamar histórico, com demanda de carne bovina forte nos Estados Unidos.

Seara

Os negócios sob a marca Seara teve um crescimento forte no terceiro trimestre da JBS. “A gente vem melhorando o mix e teve bastante repasse de preço pelo aumento de custo que tivemos. Estamos bastante otimistas à frente”, disse Wesley Batista Filho, presidente Global de Operações da companhia.

“É um negócio que vai crescer dentro da JBS”, completou, ressaltando que a companhia tem feito expansões das unidades e produtos da marca.

No 3T22, a Seara registrou receita líquida de R$11,8 bilhões, um crescimento de 22,3% em relação ao 3T21, como resultado principalmente do aumento de 20% no preço médio de venda e de 2% de crescimento do volume. As vendas no mercado doméstico responderam por aproximadamente 45% da receita da unidade no período.

Ainda sobre o mercado doméstico, a JBS teve crescimento de 4,3% no 3T22 de venda de carne bovina in natura na comparação anual. No entanto, houve queda de 1,3% dos preços médios praticados. O crescimento da receita, segundo a empresa, é explicado pelos maiores volumes vendidos (+5,6% na comparação anual).