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Os acionistas da Oi (OIBR3;OIBR4) decidiram na última quinta-feira (1), em assembleia geral extraordinária (AGE), pelo grupamento das ações da companhia na proporção de 10 para 1. Prevaleceu, assim, uma proposta alternativa à do Conselho de Administração da companhia, que previa grupamento na proporção de 50 para 1.
A proposta aprovada foi apresentada por um dos acionistas durante a própria assembleia e a maioria dos participantes concordou colocá-la em votação, tirando automaticamente o grupamento de 50 para 1 da pauta.
As ações de emissão da empresa negociadas na forma de American Depositary Shares (ADSs) não serão objeto do grupamento, de forma que as paridades dos ADSs com as ações locais sofrerão um ajuste, visando a manutenção do total de ADSs. Como consequência, cada ação ordinária passará a representar 2 ADSs ON, enquanto uma ação preferencial será equivalente a 10 ADSs PN.
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O grupamento vai ser feito para que a Oi se enquadre à regulação da B3, que impede que ações sejam negociadas na Bolsa por um valor abaixo de R$ 1 em 30 pregões consecutivos. No caso, os ativos ON já estavam valendo centavos desde fevereiro deste ano.
Por duas vezes, a operadora conseguiu estender esse prazo. Inicialmente, o grupamento seria votado em assembleia no dia 18 de novembro, mas a AGE não ocorreu naquela data por falta de quórum e precisou ser adiada.
Durante a assembleia, alguns acionistas se manifestaram contra o grupamento, sugerindo que a Oi pedisse uma nova dilação no prazo, até que a recuperação judicial da companhia seja concluída. A Oi tem até 17 de fevereiro de 2023 para se enquadrar às regras da B3.
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A companhia informou que o período entre os dias 2 de dezembro de 2022 até o dia 6 de janeiro de 2023 (inclusive) foi definido como de ajuste das posições pelos acionistas. A partir do dia 9 janeiro de 2023, primeiro pregão subsequente ao encerramento do período para livre ajuste, as ações passarão a ser negociadas exclusivamente grupadas na proporção de 10 para 1, passando assim a serem negociadas “ex-grupamento” nesta sessão.
Tomando como base os preço de fechamento de quinta, uma ação OIBR3 valeria R$ 2 após o grupamento, e o OIBR4, R$ 5,20.
Beto Assad, analista técnico da Kinvo, avalia que, com o grupamento em proporção menor, os papéis continuam com o valor nominal muito próximo de uma “penny stock”.
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“Vai continuar com espaço para o papel cair mais. Se continuar a pressão vendedora dos últimos anos, eu não duvido que ele passaria a valer menos de R$ 1 em pouco tempo”, afirma.
Assad lembra que a Oi se desfez de boa parte de seus ativos e não possui mais a capacidade financeira que tinha no passado – quando, mesmo assim, não conseguia entregar bons resultados.
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Segundo ele, o grupamento gera uma questão psicológica. “Uma empresa com ação valendo 17 centavos, não tem muito mais para onde cair. A partir do momento que começa a valer mais, surge um espaço para novas quedas. Se a empresa não tem fundamentos para se recuperar, pode valer 17 centavos novamente”, afirma.
Ainda de acordo com Assad, sob o ponto de vista da análise técnica, os gráficos da Oi “só dão sinais vendedores”.
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O analista avalia que a Oi “enxugou demais” e focou onde é eficiente, com potencial para melhorar o desempenho. “A questão é o tamanho do buraco já criado. Os credores vão continuar pressionando, porque querem ser os primeiros da fila para receber o que precisam e não tem paciência para esperar o negócio acontecer”, afirmou.
Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research, também destaca que o grupamento em nada altera os fundamentos da empresa, independentemente da proporção em que foi aprovado.
“Ajudaria na liquidez, a melhorar a volatilidade da ação, já que a Oi está nas mãos do investidor pessoa física. Mas diminuindo essa proporção para 10 para 1 por não ajudar tanto nisso, não fazendo muita diferença. No final das contas, o que realmente importa para os investidores são os fundamentos”, afirma Vaz.