O mundo vivencia um avanço histórico na forma como as pessoas interagem entre si na internet. Graças ao metaverso, testemunhamos o surgimento da vida imersiva. Assim, é de se esperar que empresas de todos os portes já estejam estudando como se estabelecerem neste ambiente e se manterem mais próximas das pessoas que estudam, frequentam shows, trabalham, passeiam e consomem nos sistemas de Realidade Virtual (VR), afirma Walter Longo, especialista em inovação e transformação digital, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
“Em vez do atual ‘seja tudo o que você puder ser’, no metaverso, será ‘seja tudo o que você quiser ser’, pois não há limites para a realização de sonhos e objetivos. É um ambiente onde tudo é possível e tudo é sem limite”, pondera. “Este mundo virtual abre a possibilidade de pessoas do mundo todo entrarem na sua loja. E são as micro e pequenas empresas que aproveitarão isso em toda a sua extensão”, sinaliza o especialista.
Consumidores esperam mais do que experiências separadas entre físico e digital
Longo enfatiza que, de agora em diante, as pessoas não vão querer optar por comprar no e-commerce ou na loja física, mas desejar uma ampla experiência omnichannel. Este fato dá origem a um novo tripé que precisa ser seguido por todas as empresas que querem ser bem-sucedidas, sobretudo do comércio: simplicidade no acesso ao produto, flexibilidade nos processos e individualidade na relação.
“Estes negócios terão de oferecer ao público o jeito mais fácil, simples e acessível de adquirir um produto. Para isso, é necessário flexibilidade nos processos de venda e todo o tipo de opção para o cliente. Além disso, é preciso tratar o público fiel de forma especial e individualizada – o consumidor que vai à loja todos os meses precisa ser tratado de forma diferente daquele que chega pela primeira vez”, pondera. O especialista ainda afirma que o metaverso permite que as empresas insiram esse tripé no dia a dia de forma muito mais fácil do que no mundo físico.
Globalização e reindustrialização
No bate-papo, Longo também comenta que, apesar de a globalização ser um caminho sem volta, a pandemia nos mostrou que não há sentido em se produzir a totalidade das moléculas de remédios na China ou na Índia; ou ter carros parados nos pátios de fábricas do mundo todo por falta de componentes que só são produzidos em determinado país.
“Em busca de uma economia de escala e do uso de mão de obra barata, nós esquecemos que a autonomia é fundamental. Um país deve buscar vantagens quando realiza negócios com outros, mas não pode ser dependente [em termos de produção]. Haverá uma reindustrialização nacionalizada, mas isso não impedirá que a globalização seja ainda mais acelerada na troca de produtos e serviços. Como não faz sentido produzir tudo aqui, tampouco faz sentido produzir tudo em outra nação, é nesta troca que a economia de escala se torna mais favorável, mas com mais segurança sobre o nosso destino. Será uma sintonia fina do que significa a globalização”, conclui.