O que os CEOs de Itaú (ITUB4), CCR (CCRO3) e Aegea esperam para 2023 

Executivos de empresas relevantes no PIB do país reforçam que próximo ano será ‘desafiador’, mas enxergam oportunidades em seus negócios 

Rikardy Tooge

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Em um momento em que os principais setores da economia se posicionam no tabuleiro para 2023, a incerteza ainda predomina. Se os executivos já esperavam que 2022 seria um ano de muitas dúvidas, especialmente por conta das eleições, a inflação persistente no mundo e a guerra na Ucrânia botaram ainda mais volatilidade no jogo.

Portanto, apesar de clichê, considerar que o ano que vem será desafiador não é nada trivial. Essa é a avaliação de importantes CEOs do país. Enquanto o setor financeiro busca o equilíbrio diante da forte inadimplência, os setores de infraestrutura e saneamento aguaram que o novo governo federal e as novas gestões estaduais voltem foco às concessões.

Em todos os casos, o entendimento é de que oportunidade não faltará, mas serão necessários filtros para evitar grandes exposições e alavancagens.

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Itaú espera equilíbrio macroeconômico

Para Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco (ITUB4), o maior banco privado da América Latina tem conseguido navegar bem durante a crise, a despeito da inadimplência recorde das famílias, que alcançou 30,3% delas em outubro, segundo dados mais recentes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

“Nossa carteira de crédito tem um mix mais positivo [em relação aos concorrentes], trabalhamos com um perfil de renda maior e isso tem nos ajudado”, afirmou Maluhy Filho, durante evento realizado pela Itaúsa, a holding que controla o banco.

Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú: “fiscal e social precisam andar juntos em 2023”  (Divulgação)

No entanto, o executivo destacou que a inflação e os juros precisam arrefecer para que o mercado seja sustentável a longo prazo. Atualmente, o Itaú possui uma carteira de crédito de R$ 1,2 trilhão, mas Maluhy Filho destacou que o banco pode avançar mais, se necessário.

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O CEO do Itaú Unibanco também mostrou preocupação com a instabilidade econômica e política em relação ao próximo governo. “Estamos em um momento de incertezas políticas, econômica, mas não podemos esquecer que o social e o fiscal precisam andar juntos”, alertou.

Para ele, 2023 será um ano de baixo crescimento das economias globais, o que, por consequência, significa que o Brasil também sofrerá. “O cenário macroeconômico é um desafio, mas nós estamos prontos para ocupar espaços”, disse Maluhy Filho.

Infraestrutura pode ganhar fôlego

O CEO interino da CCR (CCRO3), Waldo Perez, projetou que a companhia terá oportunidades de infraestrutura em 2023, além de potencializar as concessões assumidas neste ano, como 16 novos aeroportos, linhas de trem da CPTM e a renovação da Via Dutra e BR-101.

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“Nosso plano de investimento é de R$ 35 bilhões nos próximos anos”, disse Perez. O executivo destacou ainda que há expectativa de relicitação dos aeroportos de Natal e Viracopos, que podem ser oportunidades para a CCR nos próximos meses. Além de operar uma linha de metrô em São Paulo e das novas concessões aeroportuárias, a CCR administra cerca de 3,6 mil km de rodovias no país.

No caso da Aegea, que atua no setor de saneamento, uma expectativa de PIB menor em 2023 afeta os investimentos no setor. Porém, os longos contratos já assinados e a meta de universalização do saneamento básico até 2033, conforme o marco regulatório da atividade, são alavancas para que a empresa possa continuar avançando.

Criada em 2010, a Aegea é uma das principais empresas privadas de saneamento no país, atendendo mais de 25 milhões de pessoas. A operação Águas do Rio, fruto da privatização da Cedae em 2021, é uma das principais da companhia, que tem a Itaúsa e o Fundo Soberano de Singapura (GIC, em inglês) entre seus principais investidores.

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“Temos grandes investidores nos apoiando e temos operações importantes em andamento, como no Rio de Janeiro. A necessidade de universalização do sistema, que sempre foi uma ambição nossa, nos dá mais garantia que haverá investimentos [por parte do poder público]”, avaliou Radamés Casseb, CEO da Aegea.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br