Tesouro Direto: juros de prefixado 2025 avançam e taxa chega a 13,06%; mercado foca na PEC da Transição, Copom e inflação nos EUA

Entre os papeis atrelados à inflação, destaque para o IPCA+2045, com 6,06%

Bruna Furlani Neide Martingo

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O mercado trabalha hoje com turbulência. As negociações dos títulos públicos via Tesouro Direto foram paralisadas por volta de 13 horas e retomadas quase duas horas depois nesta segunda-feira (5), com alta nas taxas. A suspensão aconteceu em função da forte volatilidade nos preços e nas taxas.

Em dia de jogo do Brasil contra a Coréia, os investidores estão de olho em dados de inflação nos Estados Unidos, reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que acontece na quarta-feira (7) e no IPCA no Brasil. A semana será decisiva. Além da reunião do Copom, teremos as negociações mais firmes em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição.

Sobre a decisão de política monetária, a expectativa da maior parte dos agentes financeiros é de que os dirigentes do Banco Central mantenham a Selic em 13,75% ao ano, com cerca de 98% de probabilidade de que isso ocorra. Os dados têm como referência os contratos de opção de Copom negociados na B3 na última sexta-feira (2).

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Segundo Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, se olharmos o DI de janeiro de 2023, é possível perceber que está completamente sem prêmio. “Isso significa que o índice [Selic] deve continuar em 13,75% [no próximo encontro]”, detalha o especialista.

Chama a atenção também que os economistas consultados pelo BC apresentaram novas revisões para cima nas projeções para a Selic. Segundo o Relatório Focus divulgado hoje, o mercado agora espera que a taxa básica de juros finalize 2023 em 11,75%, contra 11,50% vistos na semana passada. Também houve ajuste na expectativa para a taxa em 2024, que passou de 8,25% para 8,50%.

Enquanto isso, as negociações sobre a PEC também estão a todo vapor. O texto ainda não possui formato definido, mas há previsão de que ele vá a plenário no Senado na quarta-feira (8). Já a tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve ser iniciada amanhã (7).

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Agentes também estão atrás de mais pistas sobre os nomes que irão comandar as principais pastas na Esplanada dos Ministérios. Para a Fazenda, Fernando Haddad, candidato do PT derrotado ao governo de São Paulo, é o favorito, segundo apuração do jornal O Estado de S. Paulo. O nome deve ser anunciado após a diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no próximo dia 12.

No Tesouro Direto, mais papéis atrelados à inflação voltam a oferecer retornos reais acima de 6% ao ano, caso do Tesouro IPCA+2026, 2045 e do 2055, com cupom semestral.

Às 15h20, a remuneração real entregue por eles era de 6,03% e de 6,06% e 6,04% ao ano, respectivamente, acima dos 5,96%, 6,01% e dos 5,95%, nessa ordem, vistos na sexta-feira (2).

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Papéis prefixados, por sua vez, apresentam alta em comparação com a sexta-feira (2). Em igual horário, a maior taxa entregue era de 13,06% ao ano, abaixo dos 12,86% da sexta-feira anterior. O título que oferecia esse retorno era o Tesouro Prefixado 2025.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (5): 

Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Focus e IPCA

Subiu novamente a projeção de inflação e do Produto Interno Bruto (PIB) para o Brasil, segundo estimativas do mercado financeiro divulgadas nesta segunda-feira (5) no Boletim Focus, do Banco Central.

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De acordo com as instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC, a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passou de 5,91%, há uma semana, para 5,92%. Para 2023, subiu de 5,02% para 5,08% e, para 2024, seguiu em 3,50%.

Novas revisões nas projeções podem ser feitas após a divulgação do IPCA de novembro, que será apresentado na sexta-feira (9). O consenso Refinitiv prevê alta de 0,55% na comparação mensal, desacelerando em relação ao desempenho de outubro – quando o índice avançou 0,59%, interrompendo uma sequência de três meses de deflação (inflação no campo negativo).

Ainda no Focus, a projeção de alta do PIB de 2022 foi elevada, de 2,81% para 3,05% para este ano e também avançou, de 0,70% para 0,75% em 2023. A de 2024 subiu de 1,70% para 1,71%.

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A estimativa para o dólar, por sua vez, caiu R$ 5,25 por US$ 1 em 2022. Já a de 2023 foi mantida em R$ 5,25. Para 2024, a projeção subiu de R$ 5,20 para R$ 5,23.

A expectativa para a taxa básica de juros continuou mantida em 13,75% para este ano (24 semanas de estabilidade). O aumento da inflação e dos riscos fiscais voltaram a pesar com as projeções para a Selic subindo de 11,50% para 11,75% em 2023, e a de 2024, avançando de 8,25% para 8,50%.

PEC da Transição

Já na cena política, o destaque está na PEC da Transição. As perspectivas de desidratação do texto ganham força. A expectativa é de que os gastos acima do teto correspondam a R$ 150 bilhões e por um prazo de dois anos, o que seria inferior ao que previsto no texto entregue ao Senado, que prevê gastos extra teto de R$ 198 bilhões por quatro anos.

Levantamento do jornal O Globo mostra que há 57 senadores favoráveis à proposta, mas 22 deles desejam mudanças no prazo e no valor apresentado pelo governo de transição.

Recessão nos EUA e China

Enquanto isso, na cena externa, levantamento da Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, na sigla em inglês), feito com 51 especialistas, concluiu que há mais de 50% de chance de ocorrer uma recessão nos Estados Unidos em 2023, sendo que a maioria dos entrevistados (78%) prevê que essa recessão comece no primeiro semestre do próximo ano.

De acordo com o relatório, os participantes reduziram suas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), ajustado pela inflação, no quarto trimestre de 2023 ante o mesmo período do ano anterior, para 0,3%, abaixo de 1,1% na pesquisa realizada em outubro e 2,1% na de maio.

Além disso, dois terços dos participantes (67%) indicaram que o maior risco negativo para as perspectivas econômicas dos EUA até 2023 é “muito aperto monetário”.

Também na cena externa, os órgãos de imprensa da China informam nesta segunda-feira que vários governos locais continuaram a anunciar que estão flexibilizando as rígidas medidas de controle de covid-19. Estão caindo exigências de testes comunitários de ácido nucleico, a circulação por transporte público está sendo liberada e os locais públicos que estavam fechados devido ao novo surto da doença no país foram reabertos.

Segundo a agência de notícias Xinhua, a parte continental da China relatou no domingo 4.247 casos confirmados de covid-19 transmitidos localmente, informou a Comissão Nacional de Saúde nesta a segunda-feira. Outros 25.477 casos assintomáticos locais foram identificados. No domingo, não houve novas mortes comunicados e o total de mortos no país permanece em 5.235.