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Dois papéis que chamam atenção por serem isentos de Imposto de Renda se destacaram nas emissões realizadas no mercado de capitais em novembro: os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários). Os ativos, que já vinham crescendo ao longo do ano, atingiram captações de R$ 1,2 bilhão no caso dos CRAs e de R$ 4,5 bilhões no caso dos CRIs.
Juntos, os instrumentos somam um volume de R$ 79,9 bilhões em emissões no acumulado deste ano, um aumento de 69% em comparação com o mesmo intervalo de 2021. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Se consideradas as ofertas de CRAs encerradas em 2022, foram R$ 38,7 bilhões entre janeiro e novembro, com prazo médio de quase oito anos (recorde para a série desde 2016). “Os produtos securitizados se firmaram como opção para diversificação de portfólios, tanto para gestores quanto para investidores, garantindo posição importante como veículos financiadores de projetos de longo prazo, especialmente de segmentos estratégicos”, avalia José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.
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A isenção de IR é uma das principais vantagens papéis. O investidor que busca opções mais arrojadas encontra neles uma alternativa. Com uma remuneração normalmente maior do que a dos títulos públicos, os certificados de recebíveis são emitidos por empresas privadas – as securitizadoras. E são lastreadas em operações de crédito ligadas aos setores imobiliário e do agronegócio.
CRIs e CRAs são dois tipos diferentes (embora parecidos) de títulos securitizados de renda fixa. Securitizar é o mesmo que transformar créditos a receber – como parcelas de uma venda a prazo ou pagamentos de um financiamento – em papéis que podem ser comprados por investidores e negociados no mercado.
Segundo a Anbima, em relação aos detentores dos CRAs, os intermediários e demais participantes ligados à oferta são os principais credores, com 42,8%. As pessoas físicas aparecem em seguida, com 32,4%. Os fundos de investimento começaram a assumir uma posição maior no mercado primário, de 16,2%. Os demais investidores institucionais e os investidores estrangeiros detêm 8,6% e 0,1%, nesta ordem.
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Um concorrente à altura das debêntures?
“O que observamos em 2022 é o mercado de capitais se expandindo para instrumento de dívida como um todo, devido o ciclo de juros altos que deslocou a alocação dos investidores de renda variável em busca de remuneração mais atrativa nas captações estruturadas de dívida”, diz Thiago Lobato, head de capital solutions da Ártica.
Segundo ele, além disso, as vantagens de ativos incentivados referente a isenção de imposto para pessoa física potencializa a atração de “bolsos adicionais” para este tipo de instrumento. “Na mesma direção, olhando para as companhias emissoras, observamos o maior acesso ao mercado pelo middle market [empresas de pequeno porte] e avanços regulatórios no setor que facilitaram essa trajetória de crescimento”.
A expectativa, diz Lobato, é de que o cenário que está se desenhando para o próximo ano vai estar alinhado com a evolução do mercado em 2022. Ou seja, o patamar de juros altos tende a manter a alocação dos fundos e demais investidores em renda fixa.
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Além disso, os avanços na regulação do mercado tendem a facilitar esse caminho para as empresas que contam cada vez mais com essa porta de captação. “Assim, é esperado que o volume de notas comerciais seja cada vez mais representativo e o mercado de securitização mantenha um volume representativo frente às captações de crédito privado, que em sua maioria ainda são via debêntures”.
Debêntures
Considerando todos os instrumentos do mercado de capitais, tanto de renda fixa quanto variável, as emissões das empresas brasileiras somaram R$ 21,5 bilhões em novembro. O resultado acumulado no ano chega a R$ 466,5 bilhões, uma redução de 10,6% em relação ao mesmo período de 2021. Até o momento, as ofertas em andamento e em análise somam R$ 8,9 bilhões e R$ 8,4 bilhões, respectivamente (desconsiderando o volume das ofertas de ações).
Os ativos mais representativos se concentram na renda fixa – as debêntures, por exemplo. Enquanto os CRIs e CRAs apresentaram maior crescimento, as debêntures foram os ativos com maior volume de captação. Entre janeiro e novembro, o instrumento movimentou quase R$ 235 bilhões. Isso mesmo com uma queda no mês passado, quando as debêntures captaram R$ 8,6 bilhões, contra R$ 21,3 bilhões em outubro.
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Essa baixa no mês está relacionada ao movimento de antecipação de emissões pelas empresas durante este ano e às incertezas domésticas associadas à política econômica do próximo governo, que deixaram a curva de juros mais elevada, principalmente nos vértices mais longos.
Ao longo do ano, as companhias brasileiras conseguiram financiamento especialmente com os fundos de investimento (45,5%), intermediários e demais participantes ligados (43,9%), que foram os principais subscritores das ofertas de debêntures.
Renda variável
Este, definitivamente, não é o momento da renda variável: não houve registro de operações em novembro. No ano, são R$ 52,3 bilhões captados no mercado doméstico, sendo R$ 406 milhões em IPOs e R$ 51,9 bilhões em follow-ons.
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Em detrimento às operações de renda variável, os cortes de juros devem ser adiados de junho para agosto de 2023, e a taxa Selic deve se manter em dois dígitos até o final do próximo ano, segundo o Grupo Macroeconômico da Anbima.
No mercado externo, apesar da relativa melhora, nenhuma operação foi registrada nos últimos cinco meses. No ano, ocorreram 12 operações, que correspondem aos volumes de US$ 5 bilhões em renda fixa e de US$ 125 milhões em renda variável.