Não estamos em momento em que expansão fiscal ajuda a economia, diz Haddad

"Se houver espaço para estímulo, será o monetário", disse o futuro ministro da Fazenda

Reuters

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abraça o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad durante evento de campanha com evangélicos (Foto: Ricardo Stuckert)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abraça o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad durante evento de campanha com evangélicos (Foto: Ricardo Stuckert)

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BRASÍLIA – O Brasil não está em um momento em que uma expansão fiscal ajudaria a economia, disse, nesta quarta-feira (14), o ex-prefeito de São Paulo e futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), argumentando que se houver espaço para estímulo à economia, não será pelo canal fiscal, mas pelo monetário.

Em entrevista à GloboNews, Haddad disse que governos têm que adotar medidas anticíclicas em situações específicas, como em uma pandemia ou uma guerra, “mas não existe essa relação que as pessoas possam imaginar que quanto mais eu gasto mais cresce o PIB”.

O futuro ministro disse ainda que “Estado forte não é Estado grande”, não é “Estado que sai torrando”.

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“Tem momentos em que o Estado intervém, mas são momentos muito críticos”, afirmou.

Ele argumentou que a PEC em discussão pelo governo eleito para liberar gastos no ano que vem está apenas “um pouquinho” acima de o que poderia ser considerado como uma neutralidade fiscal em relação ao gasto de 2022 na proporção do PIB.

Haddad afirmou que o governo eleito está assumindo compromissos herdados da atual gestão.

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“Não estamos em um momento em que a expansão fiscal vai ajudar a economia”, disse.

“Se houver espaço para estímulo, será o monetário. Se a gente souber fazer a transição, tem espaço para uma taxa de juro menor, você tem que dar segurança para a autoridade monetária.”

Haddad, que assumirá o posto com a lei do Banco Central independente em vigor, relatou conversa positiva com o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e disse que é possível fazer o país crescer “se a gente combinar política fiscal e monetária”.

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“Se a gente trouxer a taxa de juro para um dígito, isso depende da Fazenda e do Banco Central, não tenho dúvida que vamos zarpar”, disse.

A Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível mais alto desde 2017. O Banco Central não apenas não tem informado quando pretende baixar os juros, como tem ressaltado que poderá retomar o aperto na taxa se perceber que a inflação não está seguindo para as metas.

Em suas últimas comunicações, o BC também tem dado duros recados sobre os impactos negativos que uma expansão fiscal podem provocar no país, com pressões sobre a inflação e juros neutros.

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Na entrevista, Haddad se posicionou contra a hipótese de se estabelecer uma taxação sobre as movimentações financeiras por meio do Pix.

O futuro ministro afirmou que pretende finalizar a formação de sua equipe na próxima semana. Segundo ele, os economistas Pérsio Arida e André Lara Resende devem fazer parte de um conselho vinculado ao Ministério da Fazenda.

Questionado sobre pretensões políticas para 2026, em um cenário em que Luiz Inácio Lula da Silva já afirmou que não tentará reeleição, Haddad disse que não tem esse pensamento e que a pior coisa que uma pessoa pode fazer é sentar-se em uma cadeira pensando na próxima.