Fundo “sniper” da bolsa compra sua terceira ação: conheça a escolhida

Por que a Neo Investimentos, que tinha apenas CVC e Localiza na carteira do fundo de ações Neo Future, passou a investir em Alpargatas

Beatriz Cutait

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SÃO PAULO – Quanto tempo você leva para tomar uma decisão de investimento? Algumas horas, dias, meses? Para algumas gestoras com foco no longo prazo e interesse em deter participações relevantes nas empresas, o prazo para a decisão chega a alguns anos.

Cinco anos foi o período necessário para a Neo Investimentos acompanhar o desenvolvimento da Alpargatas e definir que suas ações seriam a terceira aposta a ser colocada na carteira do fundo Neo Future. Até então, o fundo investia em apenas dois papéis, da operadora de turismo CVC e da locadora de veículos Localiza.

Segundo Rodrigo Colmonero, sócio da Neo Investimentos e um dos responsáveis pela gestão do fundo, a Alpargatas sempre esteve no radar com uma avaliação positiva, ao reunir algumas das características essenciais na visão da gestora, resumidas especialmente na marca Havaianas: ser empresa líder no segmento, ser lucrativa e ter capacidade de crescer receita e lucro em um horizonte de dez anos.

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E o que mudou no cenário para que as ações da empresa fossem escolhidas para compor o Neo Future? A mudança de controle. “Quando a Itaúsa e a BW compraram o controle, fizeram a gente se reaproximar. Gostamos bastante dos sócios e da cabeça deles de longo prazo. Conseguimos voltar a discutir estratégia e no que a gente acredita com a empresa”, diz Colmonero.

O grupo J&F, dono da JBS, vendeu o controle da Alpargatas para Itaúsa (holding de investimentos do Itaú) e Cambuhy/Brasil Warrant (braços de investimento da família Moreira Salles) por R$ 3,5 bilhões em julho de 2017.

Havaianas com sotaque

A avaliação do potencial da marca Havaianas para além do mercado local é um dos pontos fortes da tese de investimentos. Para o sócio da Neo, ela é uma das poucas brasileiras com capacidade para se tornar global.

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O desafio é converter a percepção que já existe da marca nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia em participações de mercado e, é claro, em retorno para o acionista. Segundo Colmonero, a Havaianas tem hoje apenas 1% do mercado mundial de sandálias, que corresponde a US$ 25 bilhões.

O sócio da Neo está confiante no trabalho a ser conduzido pela empresa, que tem o executivo Roberto Funari como diretor-presidente desde o início deste ano, e Julian Garrido Del Val Neto como diretor de administração e finanças, relações com investidores e estratégia. Os acionistas, a gestão e a visão estão alinhadas no propósito de longo prazo”, pontua Colmonero.

O Neo Future ficou na segunda posição do ranking de melhores fundos de ações de 2019, elaborado pelo Ibmec em parceria com o InfoMoney, com retorno de 16,5% em 2018 (acima da valorização de 15% do Ibovespa). 

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O fundo acumula retorno de 450,8% desde o início, em novembro de 2012, até abril deste ano, ante alta de 65% do principal índice da Bolsa brasileira. Nos últimos 12 meses, o Neo Future tem ganho de 3,1%, ante avanço de 11,9% do Ibovespa.

Bolsa mais barata

É possível que o próximo investimento da Neo não demore tanto para ser feito. Em meio aos preços mais descontados na Bolsa, a gestora deve voltar às compras neste ano e tem duas ações no horizonte de curto prazo.

Colmonero não diz quais são, só dá pistas: uma com tese mais doméstica e outra com um componente de presença internacional, mas ambas líderes em seus segmentos, com marcas reconhecidas e espaço para crescimento, assinala o sócio da gestora.

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“Esses movimentos de correção abriram espaço não só para investir mais nas nossas empresas atuais, mas também para fazer novos investimentos. Colocamos como meta deste ano trazer duas empresas, porque acreditamos que o valuation está interessante”, observa o sócio da Neo.

Na história do Neo Future, a alocação chegou ao máximo de cinco empresas. O plano é ter entre 10 e 15 empresas em 2022.

Atualmente, o fundo tem patrimônio de R$ 600 milhões. O limite de alocação gira entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.