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As ações da Americanas (AMER3) passam por uma montanha-russa desde quinta-feira (12), um dia após o anúncio de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões da varejista. Nesta terça-feira (17), o movimento não foi diferente, com os ativos chegando a registrar altas expressivas no início da sessão (ainda que longe de reverter as perdas ocasionadas desde quarta, quando a ação fechou cotada a R$ 12), mas fechando em queda.
Na máxima do dia, os ativos chegaram a R$ 2,35, um avanço de cerca de 21%, mas fecharam em queda de 2,06%, a R$ 1,90, acumulando baixa de 84,17% em relação à cotação de antes da divulgação do fato relevante na noite de quarta-feira. Já nesta sessão, após forte alta de mais de 10% de ontem, Magazine Luiza (MGLU3) fechou em queda, de 1,56%, a R$ 3,79, enquanto Via (VIIA3) teve baixa de 2,67%, a R$ 2,55.
Na véspera, os papéis AMER3 fecharam em queda de 38%, depois de uma alta de 15,8% na sexta e de ter desabado 77% na quinta.
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O dia foi novamente agitado para a companhia, marcado pela contratação de Camille Loyo Faria, até então CFO da TIM (TIMS3), para ocupar o cargo de Diretora Financeira e de Relações com Investidores da varejista. O mandato terá início em 1 de fevereiro.
Além disso, a S&P e a Fitch rebaixaram a nota de crédito da companhia. A S&P, por sinal, rebaixou a classificação da Americanas em escala global e nacional para “default”.
Na última segunda, o ativo da Americanas fechou já nas mínimas históricas, a R$ 1,94, enquanto agentes financeiros continuam avaliando os potenciais reflexos dos problemas contábeis anunciados na semana passada, com a empresa conseguindo decisão liminar para se proteger de credores e anunciando contratação da Rothschild para renegociar a dívida.
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A Americanas obteve na sexta-feira decisão da Justiça protegendo-a por 30 dias contra vencimento antecipado de dívidas, prazo que a varejista poderá usar para obter uma acordo com credores ou pedir uma recuperação judicial.
Eventuais alterações no balanço da varejista decorrentes do anúncio das inconsistências de R$ 20 bilhões, segundo a decisão, “poderão repercutir no grau de endividamento da empresa e no capital de giro mínimo (…) acarretando o descumprimento de cláusulas de covenants financeiros culminando no vencimento antecipado de dívidas da ordem de R$ 40 bilhões”.
Para a Genial Investimentos, todos os pontos de valor da Americanas estão indo “ralo abaixo”. Eles destacaram piora na alavancagem financeira, encarecimento do custo de capital, compressão de margens e dúvida sobre crescimento de receita, conforme nota a clientes.
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“Essa será mais uma semana turbulenta para os acionistas de Americanas e reiteramos nossa recomendação de ‘não pegar a faca caindo'”, afirmaram.
Eles avaliam que, para ganhar liquidez, além de uma capitalização de acionistas de referência, a varejista poderá colocar à venda dois de seus ativos valiosos para a tese de investimento nas ações – sua parceria com a Vibra (VBBR3), Vem Conveniência, e o Hortifruti Natural da Terra.
Para a XP, a Americanas trabalhará em dois caminhos. O primeiro, a negociação de uma injeção de capital com os bancos, que eles estimam entre R$ 10,6 bilhões a R$ 20,6 bilhões.
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Outra rota considerada pela XP é a organização dos documentos necessários para pedido de recuperação judicial, “o que pode ser considerada a alternativa mais provável, dado o tamanho da dívida da Americanas e da potencial necessidade de capital, além do número de credores envolvidos”.
No meio da tarde de ontem, a Americanas comunicou que seu conselho de administração contratou a Rothschild & Co para atuar como interlocutora da companhia na renegociação da dívida, no Brasil e no exterior. A consultoria financeira já atuou em outros processos de recuperação judicial.
Também na segunda-feira, a agência de classificação de risco Moody’s cortou a nota de crédito da Americanas de ‘Ba2’ para ‘Caa3’ e colocou o rating em revisão para rebaixamento adicional, acompanhando o movimento de suas pares Fitch e Standard&Poor’s na última sexta-feira.
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De acordo com a escala da Moody’s, obrigações classificadas como ‘Caa’ são consideradas especulativas com baixo posição e estão sujeitas a risco de crédito muito elevado.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por sua vez, abriu um terceiro processo administrativo para investigar o rombo contábil, incluindo a firma de auditoria independente PricewaterhouseCoopers (PwC), após pedido da Abradin, associação que reúne minoritários de empresas de capital aberto.
Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) também entrou com uma ação civil pública contra a Americanas, citando “quebra da boa-fé objetiva, dada a atitude da ré em maquiar suas informações e balanços, induzindo os investidores”.
(com Reuters)