Bitcoin ignora falência de corretora e segue perto de US$ 21 mil; analistas ainda veem upside na moeda

Após recuar para perto de US$ 20 mil e retomar subida rumo a US$ 21 mil ontem, o Bitcoin (BTC) sustenta os preços nesta sexta-feira (20) mesmo diante do pedido de proteção contra falência (similar à recuperação judicial no Brasil) realizado pela corretora Genesis, nos Estados Unidos. A medida já era aguardada pelo mercado, e a avaliação de analistas é de que a notícia já estava precificada.

Às 7h10 de hoje, a criptomoeda opera com leve ganho de 0,8% nas últimas 24 horas, a US$ 20.976. Já o Ethereum (ETH) avança 1,7% e vai a US$ 1.553. Synthetix (SNX) e Nexo (NEXO) puxam a alta de altcoins com ganhos de 13,4% e 12,1%, respectivamente

“O Bitcoin está encontrando suporte acima do nível de US$ 20.000”, aponta Edward Moya, analista da formadora de mercado de câmbio Oanda. “O espaço cripto está sendo limpo e, enquanto não virmos uma grande bolsa respeitável falir, os traders podem ignorar as notícias sobre o fim de empresas cripto menores”.

A Genesis não era usada diretamente pelo varejo, e tampouco tem clientes no Brasil, mas não é exatamente pequena. Segundo documentos apresentados à Justiça, a empresa tem um passivo de pelo menos US$ 3,5 bilhões, e estava há meses em negociações com credores e possíveis investidores para evitar ir à falência. Outras empresas do mundo cripto, como FTX e Celsius, adotaram a mesma estratégia de proteção judicial, que abre um período de reestruturação das finanças da empresa para evitar a decretação de falência.

“O mercado parecia esperar o pedido de falência da Genesis nas últimas 48 horas, já que o desconto do GBTC aumentou repentinamente novamente. Com o pedido de falência da Genesis, isso remove uma pendência negativa do mercado e os investidores em criptomoedas podem finalmente se concentrar nos fundamentos”, comenta Markus Thielen , head de estratégia e pesquisa do provedor de serviços de criptos Matrixport.

O GBTC é o maior fundo de Bitcoin do mundo, gerido pela Grayscale, que faz parte do mesmo grupo controlador da Genesis, o Digital Currency Group (DCG). Estima-se que o fundo tenha 630.00 BTC. O pedido de recuperação da Genesis, desse modo, é visto como um “mal menor” comparado com a possível falência do grupo inteiro, que poderia provocar a dissolução do fundo e o consequente despejo dos bitcoins no mercado.

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Apesar de o caso da Genesis lembrar o da FTX para investidores, analistas concordam que o impacto no mercado deva ser bem diferente. “Todo mundo sabia que estava chegando”, disse Mike Alfred, fundador da plataforma de investimento em ativos digitais Eaglebrook Advisors.

Por outro lado, ressaltou Alfred, “existem 2-4 outras empresas que estão insolventes no momento, e provavelmente será necessário um choque da economia real para revelar isso. Taxas em alta combinadas com um grande pico de volatilidade e/ou emissão de dívida soberana podem derrubar mais algumas empresas”.

Por ora, o mercado vem mostrando resiliência às más notícias, no que especialistas apontam como sinal de esgotamento de vendedores. O mercado cripto teve forte retomada neste começo de 2023, com BTC e ETH subindo entre 25% e 30%.

“Os volumes de transações começaram a aumentar novamente na blockchain Ethereum e isso resultou em criptomoedas superando os ativos tradicionais, como ações dos EUA, em mais de 25% desde o início do ano”, observou Thielen.

Thielen disse que o caminho de menor resistência para o mercado está no lado mais alto, enquanto se dirige para o período sazonalmente otimista do Ano Novo Chinês que, neste ano, começa em 22 de janeiro e termina em 9 de fevereiro.

“Comprar Bitcoin no final do primeiro dia do Ano Novo Chinês e vendê-lo 10 dias úteis depois teria retornado 9%, em média, com todos os últimos oito anos (2015-2022) mostrando retornos positivos. É uma taxa de acerto de 100%.”

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h10:

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Winklevoss ameaça processar controladores da Genesis

Minutos depois que a Genesis entrou com pedido de recuperação judicial, o CEO da Gemini, Cameron Winklevoss, ameaçou processar o CEO do Digital Currency Group (DCG), Barry Silbert, pelo reembolso de um empréstimo de US$ 900 milhões.

A ameaça, feita via Twitter, vem depois que Winklevoss travou uma guerra pública contra o DCG para recuperar o dinheiro que havia sido concedido à Genesis como parte de uma parceria para operar um serviço de poupança digital.

Winklevoss chamou a falência da Genesis de um “passo crucial” para recuperar os ativos dos usuários do Gemini. Mas, ele ainda pretende processar Silbert e a controladora da Genesis, DCG, a menos que Silbert faça uma “oferta justa” aos seus credores.

“Estamos nos preparando para tomar medidas legais diretas contra Barry, DCG e outros que compartilham a responsabilidade pela fraude que causou danos aos mais de 340.000 usuários do Earn e outros enganados pela Genesis e seus cúmplices”, escreveu Winklevoss.

China habilita contratos inteligentes no yuan digital

A China habilitou a funcionalidade de contrato inteligente para sua moeda digital do banco central (CBDC), o yuan digital, por meio do aplicativo de comércio eletrônico Meituan, um dos maiores aplicativos de entrega de alimentos da China.

A China está na vanguarda do desenvolvimento da CBDC entre os principais países, pois começou a testar a moeda digital já em 2020. A moeda já foi usada em transações de varejo e para comprar títulos, mas a funcionalidade de contrato inteligente ainda está em estágio inicial de testes.

De acordo com o site chinês 8btc e outros meios de comunicação locais, os contratos inteligentes usados pela Meituan permitem que um prêmio diário de 8.888 RMB (US$ 1.312) seja dividido automaticamente pelos ganhadores.