Petróleo: perspectivas de demanda da China continuam fortes, apesar da queda recente da commodity

Analistas não acreditam que qualquer deterioração nas perspectivas para demanda de petróleo da China explica a venda do petróleo

Felipe Moreira

(Carolyn Cole/Getty Images)
(Carolyn Cole/Getty Images)

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Apesar do petróleo do tipo Brent ter caído cerca de 10% na semana passada, para US$ 80 o barril, o Goldman Sachs elevou a previsão de demanda da China para 16,0 e 16,6 milhões de barris por dia (mb/d) no quarto trimestre de 2023 e no 4T24, respectivamente, 400 mil e 700 mil barris por dia acima das estimativas anteriores.

Segundo relatório do banco, há fatores principais que justificam a derrocada da commodity nos últimos dias. Primeiro, investidores provavelmente estão atualizando suas expectativas para a produção de petróleo da Rússia, que continua a surpreender positivamente, antes da proibição de domingo da União Europeira (UE) de produtos refinados, já que as margens do diesel estão caindo drasticamente.

“Em segundo lugar, o colapso em curso dos preços do gás natural (em parte relacionados a um inverno relativamente quente) está incentivando a mudança de óleo para gás. O colapso dos preços do gás também está reduzindo os preços dos produtos petrolíferos, o que pode, por sua vez, deprimir o posicionamento nos mercados de petróleo”, avaliam analistas.

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Em terceiro lugar, os investidores mais atentos ao macro expressando o tema mais amplo da desinflação e o hedge do produtor provavelmente levaram a algumas vendas recentes.

Embora os preços também tenham caído nas últimas duas semanas, analistas não acreditam que qualquer deterioração nas perspectivas para a demanda de petróleo da China explicam a venda do petróleo.

Analistas apontam que enquanto as vendas de imóveis permanecem lentas na China, dados de mobilidade estão se recuperando rapidamente. Conforme cálculos do banco, a demanda da China por petróleo aumentou de 14,5 mb/d no final de novembro para 15,5 mb/d em meados de janeiro.

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De acordo com analistas, a recuperação da demanda desde dezembro reflete aumentos nas corridas de refinaria e nas importações líquidas de derivados.

O Goldman Sachs destacou que o aumento da previsão da demanda chinesa é baseada na incorporação de expectativas de um petróleo mais forte, previsão do PIB da China e o fato de que o número de barris consumidos por unidade de produção em outras grandes economias agora está próximo de sua tendência pré-pandêmica.

Por fim, analistas apontaram que um aumento de 1,2 mb/d na demanda de petróleo apenas da China corresponde ao crescimento médio da demanda global nas duas décadas anteriores ao Covid.