Por que o Bitcoin se descolou dos treasuries e voltou a subir após novo dado de inflação nos EUA

O Bitcoin e as ações de tecnologia subiram na terça-feira, apesar do aumento nos rendimentos dos títulos americanos

CoinDesk

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Ativos de risco como o Bitcoin (BTC) e o índice Nasdaq inesperadamente tiveram um desempenho positivo na terça-feira (14), mesmo quando os dados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA mantiveram vivas as preocupações em torno da taxa de juros e fizeram os rendimentos do Tesouro americano se elevar mais uma vez.

Um aumento nos rendimentos dos treasuries torna os empréstimos mais caros e normalmente faz com que os investidores abandonem ativos de risco em favor de títulos de renda fixa, como observado ao longo de 2022. No entanto, enquanto o rendimento do Tesouro dos EUA de 10 anos saltou mais de 12 pontos-base para o valor mais alto do mês, o BTC subiu quase 2% na terça, chegando a US$ 22.000, e o índice Nasdaq encerrou o dia com alta de 0,7%.

Os dados do CPI dos EUA mostraram que a inflação de janeiro desacelerou ligeiramente em relação ao mês anterior, mas a tendência de arrefecimento foi moderada. Os dados também elevaram o rendimento de dois anos para o maior valor em dois meses, a 4,64%, e estimularam traders a aumentar as apostas por um novo aumento de 25 pontos-base dos juros em junho – para março e maio são esperados também dois ajustes de 0,25 ponto percentual.

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O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) elevou os juros em 25 pontos-base no mês passado, tendo entregado um aumento de meio ponto nas taxas em dezembro e quatro aumentos de 75 pontos-base no início de 2022. O rápido ciclo de aperto agitou os ativos de risco, incluindo as criptomoedas, no ano passado.

“Os ativos de risco estão seguindo a volatilidade implícita, que caiu fortemente após a divulgação do CPI”, disse a equipe de insights de mercado da QCP Capital ao CoinDesk. “[Nós] achamos que, desde que o Fed não entre em pânico e volte para 50 pontos-base, estamos em um movimento lento [de alta dos juros] que as ações podem tolerar, especialmente se for um período de forte crescimento [econômico] que ainda beneficiará as ações”.

A volatilidade implícita refere-se à previsão do mercado de opções para a turbulência de preços durante um período específico, sendo muitas vezes um meio de medir incerteza.

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“Dados da plataforma Amberdata mostram que a volatilidade implícita de sete dias do Bitcoin caiu drasticamente de 50% para 40% ao ano após a divulgação do CPI, abrindo caminho para a criptomoeda acompanhar a alta de preços nas ações de tecnologia”.

Além disso, enquanto a inflação permanece alta, a economia resiste e dá aos ativos de risco uma razão para se recuperar. O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, disse na terça-feira (14) que a perspectiva de um pouso mais suave para a economia dos EUA melhorou. Pouso suave significa uma desaceleração cíclica na atividade econômica – ou seja, sem uma recessão profunda a reboque.

De acordo com a QCP Capital, a resiliência do Bitcoin pode ser passageira, especialmente se “começar a parecer que o Fed aumentará a mediana dos ajustes de juros na reunião de março”. Em dezembro, a mediana projetou uma taxa de 5,125% para o final de 2023.

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Noelle Acheson, autora do popular boletim informativo Crypto is Macro Now, disse que a resiliência do BTC decorre do declínio da volatilidade mais ampla do mercado e de seu impacto positivo nas condições de liquidez.

“Entre os ativos de risco, as criptos são as mais puras das jogadas de liquidez”, disse Noelle ao CoinDesk em um bate-papo via Telegram. “A liquidez não depende apenas de taxas mais baixas, mas também é influenciada por fatores como a volatilidade (uma menor volatilidade tende a reduzir os requisitos de garantias para empréstimos) e o preço do petróleo (um menor gasto sobre energia libera mais liquidez)”.

Ao contrário das ações, as criptomoedas não precisam se preocupar com reduções de ganhos, nem serão atingidas por uma onda de emissão de títulos e pelo aumento resultante nos rendimentos, disse Noelle.

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Griffin Ardern, um trader de volatilidade da gestora de criptoativos Blofin, falou que as ações dos formadores de mercado foram responsáveis pela alta do BTC após a divulgação do CPI de janeiro.

Os formadores de mercado são indivíduos ou entidades com a obrigação contratual de manter um nível saudável de liquidez em uma exchange. Eles geralmente estão do lado oposto das negociações dos investidores, operando com gestão ativa, mas com ordens em direção neutra.

De acordo com Ardern, os investidores compraram opções de venda do BTC antes da divulgação do CPI de janeiro, o que significa que os formadores de mercado venderam opções de venda e operaram vendidos em BTC para se proteger contra o risco de queda de preço. Então, depois que os preços começaram a subir pós-CPI, eles tiveram que comprar de volta o BTC vendido.

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“Isso elevou ainda mais os preços”, disse Ardern ao CoinDesk.

No momento da publicação deste texto, o Bitcoin era negociado a cerca de US$ 22.700, alta de mais de 2% em 24 horas.

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