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Uma das notícias mais esperadas desta quarta-feira de cinzas, após quatro dias de descanso do feriadão de Carnaval, a ata da reunião do comitê de política monetária (Fomc), aponta para mais juros. A ata indica que os dirigentes do Fed demonstraram que há sinais de que a inflação está caindo, mas não o suficiente para conter a necessidade de mais aumentos nas taxas de juros.
Os dados de inflação dos Estados Unidos nos últimos três meses mostraram uma redução no ritmo mensal de aumentos de preços, mas ainda não há evidências de uma trajetória descendente sustentada. Esse foi um dos principais motivos que levaram que “uma sólida maioria das autoridades do Federal Reserve” concordasse em desacelerar o ritmo de aumento na taxa de juros para 25 pontos-base na reunião dos dias 31 de janeiro e 1° de fevereiro, segundo a ata.
“Quase todos os participantes concordaram que era apropriado elevar a faixa alvo da taxa dos Fed Fundss em 25 pontos”, com muitos deles dizendo que isso permitiria ao Fed “determinar melhor a extensão” de aumentos futuros, de acordo com a ata.
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Aqui no Brasil, um dos destaques é o Boletim Focus, que traz uma projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) mais alta para 2023, a 0,80%, contra 0,76% da semana passada; para 2024, o indicador se manteve em 1,5%. Já a projeção de Selic se manteve inalterada em 12,75% (2023), 10% (2024) e 9% (2025). Houve revisão para cima apenas na estimativa para a Selic em 2026, que agora está em 8,75%, acima dos 8,50% vistos na semana passada.
A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também subiu a 5,89% em 2023, ante 5,79% semana passada (10ª semana de alta). Para 2024, a expectativa para o indicador chegou a 4,02%, ante 4% da semana passada; enquanto para 2025 ficou em 3,78%, em comparação aos 3,60% de uma semana antes. Por fim, para 2026, a projeção do IPCA chegou a 3,70%, mais alta do que os 3,50% da semana anterior.
Em meio às especulações sobre quais regras fiscais serão apresentadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo mês, para substituir o teto de gastos, duas opções ganham força nos bancos de apostas entre analistas políticos.
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É o que mostra a 42ª edição do Barômetro do Poder, levantamento mensal com consultorias e analistas independentes sobre alguns dos principais temas em discussão na política nacional.
Dos cinco caminhos testados no Barômetro, foram vistas com mais chances de prosperar no debate político as ideias de se manter uma regra de resultado primário e a criação de uma meta de endividamento tendencial, com mecanismos de ajuste ou flexibilização a depender da situação da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
Depois de uma semana recheada de críticas do presidente Lula ao nível da taxa de juros e ao Banco Central, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, viajaram hoje para Bangalore, na Índia. Haddad pretende se reunir com ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, grupo das maiores economias do mundo. O encontro acontecerá entre os dias 23 e 25 de fevereiro. As autoridades discutirão assuntos como dívida, criptomoeda e inflação.
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O foco de Haddad nas reuniões do G20 estará voltado a reposicionar a atuação do Brasil em fóruns de cooperação internacional, e com um interesse específico em questões climáticas, segundo a assessoria do Ministério da Fazenda.
De acordo com Ricardo Jorge, especialista em renda fixa da Quantzed, a curva de juros está se ajustando à movimentação dos Treasuries (títulos americanos), que ocorreu nos últimos dias. Ele ressalta que hoje o dólar está subindo também, o que acaba pressionando a curva de juros brasileira. Um ponto importante, diz Ricardo Jorge, que já vem sendo veiculado na mídia, é a proposta do governo para o retorno da cobrança do ICMS, o que “obviamente vai impactar a inflação e, por consequência, a curva de juros”, destaca o especialista.
“O mercado hoje está se ajustando aos dias sem pregão e também as notícias sobre o retorno do ICMS, que certamente vai trazer algum tipo de impacto para a precificação da curva de juros, não só no mercado dos derivativos, mas também nos ativos que são negociados no site do Tesouro Direto”, completa.
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No Tesouro Direto, às 15h24, os juros dos prefixados apresentavam alta. O piso era oferecido pelo Tesouro Prefixado 2026, de 12,78%, acima do valor de sexta-feira (17), de 12,74%. O destaque era o Prefixado 2029, que oferecia retorno de 13,32%, valor superior aos 13,30% da última sexta-feira.
Entre os papéis atrelados à inflação, o único retorno a apresentar alta foi o do IPCA+2029, de 6,01% acima dos 5,99% da sessão anterior.
Às 16h55, o Ibovespa operava com queda de 2%, aos 106,8 mil pontos; já o dólar comercial fechou em alta de 0,16%, a R$ 5,1697.
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A Bolsa abriu mais tarde hoje, às 13 horas, assim como as negociações do Tesouro Direto, que foram iniciadas às 14 horas.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (22):
PMI
No cenário internacional, dados preliminares dos Índices de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) das principais economias globais em fevereiro mostram uma “resiliência encorajadora” da atividade, especialmente com a retomada do crescimento da produção nos Estados Unidos e Europa, o que acalma os temores de curto prazo sobre recessões. A avaliação é de Chris Williamson, economista chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence.
Ele alerta, no entanto, que a recuperação nas economias desenvolvidas está desviada para os serviços, com a manufatura permanecendo em declínio. A desaceleração na indústria, segundo ele, ajudou a alimentar as pressões de preços mais baixos no setor, com o poder de precificação claramente mudando dos vendedores para os compradores “em meio à maior melhoria mensal nos prazos de entrega dos fornecedores desde 2009”.
Agenda
Indicadores da agenda econômica serão divulgados na sexta-feira (24). Destaque para os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de fevereiro, que representa a prévia da inflação oficial. O Itaú prevê alta de 0,73% e acredita que a leitura será pressionada por serviços, como mensalidades escolares. Sobre o núcleo da inflação, o banco acredita que a parte de bens deve continuar apresentando algum alívio na margem, enquanto serviços ficarão estáveis.
Ainda na sexta-feira, o BC divulgará a balança de pagamentos de janeiro. O Itaú prevê um déficit corrente de US$ 8,5 bilhões, abaixo dos US$ 9,3 bilhões registrados um ano antes.
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