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Quando uma empresa obtém lucro, ela pode retornar dinheiro para seus acionistas por meio de algumas maneiras, dentre elas a distribuição de dividendos e/ou a recompra de ações, alternativas que possuem suas vantagens e peculiaridades próprias.
O que são dividendos?
Os dividendos são a maneira mais tradicional por meio da qual uma companhia pode retornar dinheiro para os seus sócios.
A ideia por trás deles é simples. Primeiramente, a empresa reserva a parcela dos seus lucros que deseja distribuir. Em seguida, esse montante é dividido pelo número de ações disponíveis no mercado e distribuído igualmente entre elas.
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Por exemplo, suponha que uma companhia tenha 100 milhões de ações em circulação e tenha distribuído R$ 500 milhões em dividendos. Então, cada ação receberá R$ 5,00 em proventos.
Dito isso, um acionista com 300 ações desta empresa receberá o equivalente a R$ 1.500,00 em dividendos (pois 300 x 5,00 = 1.500,00).
No Brasil, os dividendos pagos pelas empresas listadas na bolsa são isentos de tributação. Portanto, o dinheiro distribuído por elas chega integralmente aos seus acionistas.
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Por outro lado, nos Estados Unidos, os dividendos podem ser tributados em até 20% para residentes americanos, o que faz com que o valor líquido que os sócios da companhia recebem seja menor do que o montante inicialmente distribuído.
Se a empresa que mencionamos fosse listada nos Estados Unidos e os dividendos fossem tributados em 20%, por exemplo, seu investidor receberia apenas R$ 4,00 por ação, embora ela tivesse distribuído o equivalente a R$ 5,00 por ação.
O que são as recompras?
As recompras são outra maneira por meio da qual as companhias podem retornar dinheiro para seus acionistas.
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A ideia é utilizar o caixa da empresa para comprar suas próprias ações no mercado. Então, as ações recompradas são canceladas e deixam de existir.
Com isso, o número de papéis em circulação diminui e a participação relativa de cada investidor aumenta.
Ficou confuso? Vamos entender com um exemplo.
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Suponha que uma companhia tenha um valor de mercado de R$ 200 milhões e 50 mil ações em circulação
Ela, então, decide utilizar R$ 40 milhões do seu caixa para recomprar 20% de suas ações (ou seja, dez mil unidades). Quando isso acontece, as ações recompradas são canceladas e o novo número de papéis em circulação passa a ser de 40 mil.
Perceba que, no início, cada papel era equivalente a uma participação de 0,002% na empresa (1/50.000). Entretanto, no novo cenário, as ações passaram a representar participações de 0,0025% (1/40.000).
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Em outras palavras, quando a companhia recomprou 20% de suas ações em circulação, ela aumentou a participação relativa de seus sócios em 25%.
Qual a diferença entre os dividendos e as recompras de ações?
A grande diferença é que os dividendos representam um retorno definido “agora”, enquanto as recompras simbolizam retornos incertos em algum momento no futuro.
Quando uma empresa paga dividendos, os retornos são instantâneos: o dinheiro cai rapidamente na conta do investidor. Ele, por sua vez, pode decidir o que fazer com o montante recebido: reinvesti-lo na companhia, utilizá-lo para comprar ações de outras empresas ou sacá-lo para uso pessoal.
No entanto, quando uma empresa faz recompras, os retornos não são necessariamente imediatos.
Na verdade, espera-se que, com a diminuição do número de ações em circulação, as métricas de lucro por ação e geração de caixa por ação cresçam, o que, teoricamente, fará com que o valor unitário das ações suba no médio-longo prazo. Assim, cria-se uma expectativa de ganho de capital, diferentemente do caso dos dividendos.
Mas qual é a melhor opção?
A grande realidade é que toda vez que uma companhia decide retornar valor para os seus acionistas, ela precisa fazer uma análise de custo de oportunidade para decidir a melhor maneira de distribuir seus lucros.
Caso suas ações estejam muito baratas em relação ao valor intrínseco (e ninguém melhor que os próprios executivos da companhia para saber o seu valor intrínseco), é natural que seus gestores decidam recomprá-las, pois o potencial de aumento das métricas por ação (lucro por ação e geração de caixa por ação) é maior.
Isso acontece porque se as ações estão, de fato, baratas, a empresa consegue recomprar mais unidades de seus papéis com um montante relativamente menor de caixa e, portanto, é capaz de diminuir ainda mais o número de ações por circulação.
Por outro lado, se as ações estiverem suficientemente caras, pode fazer mais sentido distribuir os lucros na forma de dividendos, pois esta forma de retorno não é afetada pela cotação da companhia na Bolsa de Valores.
No caso dos Estados Unidos, especificamente, a empresa ainda deve colocar na conta a tributação que será cobrada sobre os dividendos pagos para seus acionistas. Se o retorno esperado com os dividendos líquidos de impostos for menor do que o retorno esperado com a recompra, ela provavelmente optará pela segunda opção.
Conclusão
Dividendos e recompras de ações se assemelham na mesma finalidade: retornar valor para os acionistas de uma companhia. Entretanto, dependendo do preço de mercado das ações da empresa, pode ser mais vantajoso optar por um ao invés do outro.
Quando as ações estão relativamente baratas, as recompras se tornam mais atrativas, pois o potencial de retorno passa a ser maior. Por outro lado, quando as ações estão caras, as recompras deixam de fazer sentido, dando lugar para os dividendos.
A forma de retorno também pode influenciar a decisão de distribuição de uma empresa.
Muitos investidores não querem realizar ganhos de capital, mas apenas obter renda passiva. Se este for o perfil médio dos investidores de uma companhia, ela pode optar por pagar dividendos, ainda que o retorno esperado com eles seja menor do que com a recompra de suas ações.
Fica evidente, portanto, que não existe uma decisão melhor que a outra quando se fala em distribuição de dividendos e recompra de ações, pois a finalidade de ambas objetiva o mesmo propósito, que é (como mencionado anteriormente): gerar valor para seus acionistas.