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Algumas startups brasileiras tinham mais de US$ 10 milhões (mais de R$ 50 milhões na cotação atual) no Silicon Valley Bank (SVB), instituição financeira americana que quebrou na sexta-feira (10), segundo o site Bloomberg Línea.
Órgãos reguladores da Califórnia decretaram a concordata do banco após uma tentativa frustrada de venda de ações para levantar capital e depois que startups começaram a retirar seus recursos da instituição, por recomendação de empresas de capital de risco.
O SVB era o 16º maior banco dos Estados Unidos, mas pouco conhecido fora do Vale do Silício. Segundo a Bloomberg Línea, ele era usado por startups brasileiras para receber investimento de venture capital estrangeiro. O site diz também que 90% das startups brasileiras offshore tinham conta no SVB.
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Seu colapso em apenas dois dias está reverberando não só no mundo das startups, mas também aprofundando incertezas sobre o setor financeiro global, pois o SVB se tornou a maior instituição financeira americana a quebrar desde a crise de 2008.
Ele valia cerca de um terço do Lehman Brothers quando o banco quebrou, na crise do sub-prime, e seus US$ 209 bilhões em ativos (quase R$ 1,1 trilhão) equivalem ao tamanho do Santander no Brasil (SANB11).
Efeitos da concordata
Fundadores de startups americanas não sabem se conseguirão pagar seus funcionários, e a concordata do SVB já está desencadeando consequências em diversos setores da economia — não só nos EUA e no universo das startups —, apesar da rápida ação para liquidá-lo.
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Na madrugada deste sábado (11), a segunda maior criptomoeda indexada ao dólar (stablecoin) do mundo perdeu sua paridade de US$ 1. A USD Coin (USDC) chegou a ser negociada a US$ 0,81, devido à exposição da sua emissora, a Circle Internet Financial Ltd., ao colapso do SVB.
A moeda é um elemento chave dos mercados cripto e deve manter um valor constante em US$ 1, com unidades lastreadas por reservas em dinheiro e títulos de curto prazo do Tesouro americano. O problema é que US$ 3,3 bilhões do estoque de cerca de US$ 40 bilhões da moeda estão no Silicon Valley Bank.
Além disso, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) disse que vai colocar a subsidiária britânica do SVB no Reino Unido em processo de insolvência, após o colapso da matriz nos EUA.
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O BC inglês disse que o SVBUK “tem presença limitada no Reino Unido e nenhuma função crítica apoiando o sistema financeiro” e destacou que pessoas e empresas elegíveis receberão seu dinheiro depositado na instituição até o limite protegido de 85 mil libras esterlinas (cerca de R$ 530 mil).
Nos EUA, quem tinha dinheiro no banco vai receber até o limite segurado de US$ 250 mil (cerca de R$ 1,3 milhão). O pagamento será feito na segunda-feira (13) pela FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), entidade similar ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) brasileiro, segundo a Línea.
Setor bancário americano
A quebra do SVB não elimina o risco de outras empresas do setor bancário americano — sobretudo bancos de menor porte — seguirem o mesmo caminho, embora especialistas acreditem que o caso não é suficiente para desencadear uma “crise sistêmica”.
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Em Wall Street, o rápido colapso do SVB levou a um dia de tensão e perdas na sexta-feira (10). Ações de bancos como First Republic, PacWest e Signature fecharam com quedas de dois dígitos (entre 14,65% e 37,91%).
O setor bancário americano tem sofrido com a marcação a mercado das Treasuries (títulos do Tesouro americano) e das Mortgages (as hipotecas), em meio à subida de juros no país para controlar a inflação.
“Os bancos estão sofrendo com custo de funding [financiamento] mais caro — e travado em rentabilidade de juros menores. É uma situação desconfortável”, afirma Alex Lima, estrategista da Guide Investimentos e ex-analista do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York.
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(Com Estadão Conteúdo)