Vivara (VIVA3): ações fecham em alta após bom resultado do quarto trimestre; para executivos, há espaço para ir além

Com boa posição de caixa e vendo concorrentes com dificuldade, companhia espera alguma alavancagem operacional para 2023

Vitor Azevedo

Vivara é uma das principais marcas de jóias do Brasil. Foto: Divulgação
Vivara é uma das principais marcas de jóias do Brasil. Foto: Divulgação

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As ações ordinárias da Vivara (VIVA3) avançaram nesta sexta-feira (17), ainda que longe das máximas (em um dia negativo para o mercado em geral), na esteira da divulgação do resultado do quarto trimestre de 2022, publicado na véspera. Os números, de forma geral, foram bem recebidos por analistas e, durante a teleconferência de resultados, os executivos defenderam a companhia deve continuar avançando. Os ativos VIVA3 subiram 1,17%, a R$ 22,50.

“A Vivara divulgou resultados fortes referentes ao quarto trimestre, com um sólido crescimento de receita e com um Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] acima das nossas estimativas em 12%, devido à expansão forte da margem bruta e diluição de despesas gerais e administrativas”, comentou a equipe de analistas da XP Investimentos, liderada por Danniela Eiger.

A rede de joalherias teve uma receita líquida de R$ 644 milhões entre outubro e dezembro do ano passado, alta de 17,2% na comparação com o mesmo período de 2021, e um Ebitda de 178 milhões, com avanço de 31,1%.

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Como destaque, para os analistas, ficou a performance da Life, marca da Vivara focada em produtos de prata que tem sido o foco da recente expansão do grupo. No quarto trimestre, foram 16 lojas da marca abertas, totalizando, agora, 72 unidades.

“A rentabilidade foi um destaque, com a margem bruta expandindo 2,7 pontos percentuais. em relação ao ano anterior (para 70,8%) devido à maior participação da marca Life nas vendas (38%). A margem Ebitda ajustada expandiu 2,9 pontos, uma vez que a diluição de gastos mais do que compensou a alta na linha de despesas com vendas, que cresceu frente ao plano de expansão da companhia”, destaca a XP.

Outras casas, como o Itaú BBA e o Santander, vão na mesma linha.

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“Um plano de expansão bem executado e ganhos de produtividade (principalmente na Life) renderam um crescimento consistente de vendas de 17% no ano, mas o principal destaque foi a rentabilidade, impulsionada por sólidos ganhos de margem bruta da expansão da Life”, disse o primeiro banco. “O destaque do balanço foi a melhora acima do que era esperado na margem bruta, capturando os benefícios do aumento da participação dos produtos Life no mix total de vendas”, comentou o segundo.

Executivos da Vivara veem espaço para avançar

Além dos resultados já entregues, os executivos da companhia, durante a teleconferência realizada na manhã desta sexta, destacaram que veem espaço para a Vivara ir além – com foco, por enquanto, no mercado interno.

“Em joalheria, vemos a concorrência fragilizada e com a expansão da Life estamos ganhando market share. Não vemos outra joalheria com expansão tão avançada”, disse Paulo Kruglensky, diretor executivo (CEO) da empresa.

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Otávio Lyra, diretor financeiro (CFO) da Vivara, afirmou que a mudança do patamar do preço do ouro atrapalhou a operação de players menores. A onça troy da commodity, por exemplo, subiu de algo próximo a US$ 1.300 no começo de 2019 para ser negociada, hoje, a US$ 1.963. Posteriormente, a crise de crédito, instalada após o caso Americanas (AMER3), e o patamar de juros acabaram por prejudicar ainda mais essas empresas.

“O mercado está mais restrito e isso pode impactar os players menores, em virtude de balanços menos saudáveis. O mercado de joalheria é muito saudável, as empresas têm margens equilibradas, mas houve necessidade de alavancar no passado e agora temos os juros”, comentou o CFO.

A joalheria fechou o ano passado com um caixa líquido de R$ 157,7 milhões, que a deixa confortável para expandir, apesar do cenário macroeconômico mais difícil.

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Os executivos, no entanto, não descartam que isso possa impactar as margens da Vivara no curto prazo – mas esperam continuar entregando melhorias no médio e no longo, com a maturação das lojas abertas.

“Não conseguimos abrir lojas sem ter fábricas habilitadas para a expansão. Foi algo importante no IPO. Em 2019 tínhamos 200 funcionários e, ano após ano, viemos dobrando esse número. Hoje temos 800 funcionários e esse quadro sustenta o nosso crescimento que está em curso. Observamos, para o segundo semestre, a possibilidade de abrir uma nova planta, olhando já para o futuro, para os próximos anos”, explicou Kruglensky.

Lyra defendeu que as próximas ondas de expansão não devem ser tão caras quanto as primeiras. “Esperamos alguma pressão nas despesas com vendas. Voltaremos a ver, sim, alguma alavancagem operacional”, comentou.

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A expectativa é que 2023 será um ano similar a 2022 no quesito crescimento, com espaço para ganhos de rentabilidade, devido à performance de lojas abertas e apesar dos investimentos dos novos ciclos.

“Para os próximos anos, os resultados da Life devem ser bastante fortes e devem trazer ganhos. Há espaço para a companhia mudar de patamar em margens na medida em que os efeitos combinados aconteçam”, defendeu o CFO. “Começamos 2023 muito bem. A base de janeiro teve crescimento expressivo. No Carnaval, sempre tem alguns desafios, mas em março, revertemos. Estamos com performance acima do esperado no começo do ano”, termina o CEO.